Caminhando pelo atalho, onde passei tantas vezes, apressada, descubro agora a cor da manhã. Não reparava no vermelho sangue da fruta madura por colher. Não reparava no dia avançando veloz para o tempo das amoras. Nem que há muito muito tempo queria caminhar devagar reaprendendo nos esquecimentos das lembranças. Era como se passasse de olhos fixos num nada cheio de vazios, correndo. Afastando os fracassos e a consciência de mim. Com mil mãos tapando-me os sentidos.
Estive perdida em presentes já passados. E traídos.
As coisas simples do caminho que percorro agora, despertam a vontade de avançar abrindo os braços. E recriar braços abertos em abraços. Árvores de copas frondosas, regatos de água fresca, rios de peixes vermelhos, mares de gaivotas brancas e redes de pescadores. E velas. Velas ao vento. Soltas. No mundo. De momentos e de prazeres. Num sempre de todos os dias.
Quero esquecer o caminho que me fez esquecer de mim. Quero reinventar a manhã, o sol e a brisa do mar. Quero apenas viver, quero apenas sentir. Quero só percorrer a linha que me destina e predestina no tempo. Quero viver de vida. Agarrá-la num abraço que eu possa retribuir.
1 comentário:
tou a contar com a tua «sorte» insiste no euromilhões, precisamos do kumbú minha......
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