terça-feira, 29 de junho de 2010

Na esperança da vitória


E agora o que é que eu faço? Por quem torço? Por quem sofro e por quem brindo?
Dizem que os antepassados são o que há de mais rico e belo para a nossa formação e escolha futebolística. Embora comigo não tenha resultado, porque apesar do meu avô ter sido o homem que mais admirei na vida, não lhe segui a escolha, que era nem mais do que o Belenenses. Preferi ser do glorioso tal como o meu pai.
Dizem que de Espanha nem bom vento nem bom casamento.
Não sei se concorde. É que eu sou o resultado de um casamento assim. Eu nasci da paixão da minha bisavó dançarina espanhola que se fez à estrada e à vida, montes fora, bailando para um transmontano que cantava à desgarrada em terras do portugal mais profundo de todos, para lá do Marão, onde mandavam os que lá estavam. E estes dois artistas, ela cheia de salero e ele forte como as rochas da sua terra e ambos donos de corações muito apaixonados, enfrentaram tudo mas ficaram juntos. Eu sou a prova viva desse casamento entre um português e uma espanhola, que afinal soprou a favor.
Posto isto e não enrolando mais este nem...nem, vou manter-me calma, prudente e assistir ao jogo como boa bisneta e sem puxar a brasa à minha sardinha, hoje, que até vou comer camarões e beber umas cervejinhas geladíssimas, na companhia de portugueses do Ribatejo e das Beiras. Mas se calhar, se calhar, vou torcer mais por Portugal. É justo. A ervilha recebeu-me que foram favas contadas. E acolheu-me. E aqui permaneço, sabe-se lá até quando, por isso, e porque quem me comeu a carne há-de roer-me os ossinhos, hoje serei verde, vermelha e amarela. Tuga, portanto, e seja o que Deus quiser. A Maria Torrinha, bisa espanhola que me perdoe mas hoje em vez de castanholas, soprarei na vuvuzela que há lá para as bandas do " Bom Amor " onde é sempre bom ver jogos de futebol, e não só.
Depois, as minhas crias são portuguesas e merecem uma alegria e eu tenho que as apoiar. Que ganhe o melhor e que seja, claro, Portugal. Olé!

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