foto tukayana.blogspotEstávamos à volta de uma mesa retangular, no terraço da casa, mesa essa cheia de presunto, queijo, pão, azeitonas, bolo de noz, económicos, e também uvas trazidas pela tia Ester da Leonor. Da sua latada.
Conheço-a desde que cheguei de Angola. É irmã da tia Lurdes, essa minha tia também. Vive na última casa da aldeia e nem sempre a vejo, se vou à aldeia. Já não a via há uns anos. Olhou para mim e disse a apontar na minha direcção: Esta senhora, esta senhora quem é?
- Veja lá se sabe tia Ester, disse a minha prima Leonor.
- É a filha do Leopoldino, não é?
- Sou sim.
- Tirei-a pela pinta. Não podia ser mais parecida.
- Tia Ester, diga lá à minha prima como é que era o tio Leopoldino.
- Carai, o Leopoldino cantava e dançava muito bem. E olhando para mim diz: Cantava tão bem o seu pai!
E eu que tinha bebido um copo de vinho verde fresquíssimo e não contente dividi uma cerveja com a Bibi, não saltei para o colo da tia Ester da leonor, mas apeteceu-me cobri-la de beijos.
Estou numa aldeia perdida do trás-os-montes profundo, mas não é uma aldeia qualquer. É a terra onde nasceu o sô santos e passados 86 anos do seu nascimento ainda há quem ateste por sua honra o conhecimento que tem do meu pai abonando em seu favor e fazendo dele um ser especial que sempre o foi para mim. Mas é tão bom ouvir estas coisas, como bom foi ouvir a Leonor dizer: O teu pai era o ídolo das raparigas do Sendim da Serra. ( aldeia vizinha onde os meus avós foram caseiros numa quinta de um doutor qualquer que tinha uma quinta ) - Porquê? perguntei, desconfiando da resposta. - Era um rapaz muito alto, moreno e bonito e depois cantava e dançava muito bem, para além de ser muito trabalhador. Carregava um carro de bois, de feno, trigo, pão, como ninguém. Toda a gente o dizia.
Passaram tantos anos mas o sô santos, no caso o Leopoldino, filho da senhora Clara é lembrado por todos com um brilhozinho nos olhos de quem dele fala.
- Filha do Leopoldino? Não conheço, mas o seu pai conheci muito bem, disseram-me várias pessoas, incluindo gente que esteve connosco em Luanda e que eu não lembrava.
- Era pequenina, é natural que não se lembre. Fiquei em sua casa quando fui daqui. Ou ainda, éramos amigos do seu pai e da sua mãe. É a Clara? Como o tempo passa...
O tempo passou, mas o meu pai pertence aqui, onde existe a memória.
Ninguém morre enquanto dele se lembrarem os homens com memória.
Conheço-a desde que cheguei de Angola. É irmã da tia Lurdes, essa minha tia também. Vive na última casa da aldeia e nem sempre a vejo, se vou à aldeia. Já não a via há uns anos. Olhou para mim e disse a apontar na minha direcção: Esta senhora, esta senhora quem é?
- Veja lá se sabe tia Ester, disse a minha prima Leonor.
- É a filha do Leopoldino, não é?
- Sou sim.
- Tirei-a pela pinta. Não podia ser mais parecida.
- Tia Ester, diga lá à minha prima como é que era o tio Leopoldino.
- Carai, o Leopoldino cantava e dançava muito bem. E olhando para mim diz: Cantava tão bem o seu pai!
E eu que tinha bebido um copo de vinho verde fresquíssimo e não contente dividi uma cerveja com a Bibi, não saltei para o colo da tia Ester da leonor, mas apeteceu-me cobri-la de beijos.
Estou numa aldeia perdida do trás-os-montes profundo, mas não é uma aldeia qualquer. É a terra onde nasceu o sô santos e passados 86 anos do seu nascimento ainda há quem ateste por sua honra o conhecimento que tem do meu pai abonando em seu favor e fazendo dele um ser especial que sempre o foi para mim. Mas é tão bom ouvir estas coisas, como bom foi ouvir a Leonor dizer: O teu pai era o ídolo das raparigas do Sendim da Serra. ( aldeia vizinha onde os meus avós foram caseiros numa quinta de um doutor qualquer que tinha uma quinta ) - Porquê? perguntei, desconfiando da resposta. - Era um rapaz muito alto, moreno e bonito e depois cantava e dançava muito bem, para além de ser muito trabalhador. Carregava um carro de bois, de feno, trigo, pão, como ninguém. Toda a gente o dizia.
Passaram tantos anos mas o sô santos, no caso o Leopoldino, filho da senhora Clara é lembrado por todos com um brilhozinho nos olhos de quem dele fala.
- Filha do Leopoldino? Não conheço, mas o seu pai conheci muito bem, disseram-me várias pessoas, incluindo gente que esteve connosco em Luanda e que eu não lembrava.
- Era pequenina, é natural que não se lembre. Fiquei em sua casa quando fui daqui. Ou ainda, éramos amigos do seu pai e da sua mãe. É a Clara? Como o tempo passa...
O tempo passou, mas o meu pai pertence aqui, onde existe a memória.
Ninguém morre enquanto dele se lembrarem os homens com memória.
2 comentários:
Que bons são esses encontros familiares, à volta de uma mesa farta, com muito riso e alegria.Que bom Maria Clara que podes ter tudo isso e seres feliz por ter uma boa familia.
bjbj
Elena
É verdade. Mas olha que já não estava assim com estas pessoas lindas, há alguns anos. Tenho uns primos lindos e excepcionais, da idade das crias e um pouco mais velhos que vêm de férias à aldeia para casa dos pais e que transformam os dias numa verdadeira festa. Aprecio estas pessoas que nunca aqui viveram, e que vivem em cidades grandes onde estudaram e se instalaram mas que gostam de vir à aldeia dos avós e enquanto estão agem e sentem como mais um dos habitantes. O equilíbrio que encontram para serem iguais a eles próprios é algo honesto e tão verdadeiro que resulta numa convivência magnífica entre todos os que não são daqui e os que nunca daqui sairam.
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