foto tukayana.blogspotAs cidades e vilas partem de férias. O povo queima os últimos cartuchos antes de começar a apertar o cinto. Quando o verão passar, a crise envergonhada fechar-se-á em casa. Enquanto isso, dá largas ao verão e vai por aí fora.
A cidade do Almonda não foge à sua sina. Sempre teve tradição de dizer adeus e ir viver o verão. Para a Nazaré, Pedrogão, Vieira, S. Pedro de Moel, S. Martinho do Porto, Peniche, Baleal, S. Bernardino, Consolação, Santa Cruz, Figueira da Foz...
Há quem vá para o Algarve. Destinos procurados? Os que gostam da Vieira, vão para a Quarteira e Monte Gordo. Depois há os que gostam da Nazaré e vão para Albufeira e Armação de Pera. E depois há os outros. Os que têm bom gosto e vão para praias que não têm nada a ver com estas. Pois que o Algarve é imenso e tem praias como Santa Luzia, São Rafael, Olhos d' Água, por exemplo.
Mas na verdade, os torrejanos o que querem é meter-se na auto-estrada e pé no chinelo, que se faz uma pressa.
Quem fica? Os que trabalham. Os que não podem fazer férias fora de casa. Os que não gostam de praia. Os que fazem férias lá fora e saem noutras épocas do ano.
A cidade está deserta. À noite, se já era uma pasmaceira, agora só se vêem pessoas,( mulheres ), em grupo, andando velozes como se estivessem a fugir à polícia, que não se vê em lado nenhum, nem à porta da esquadra, porque precisam de ter saúde, e combater os quilos que se instalaram. No centro, na praça 5 de Outubro parece uma movida madrilena, no seu pior, é claro, mas as esplanadas cheias de miudagem que ou não foi ainda de férias ou já regressou, e até o velho café Império tem uma roupagem nova, mas decadente e fora de moda, que essa estava na berra mas nos anos 80. Ausência quase total de luzes e em substituição aquelas bolas de tecto, das discotecas, girando e pintando de cores e desenhos de luz, as paredes. Ocorre-me o Bob's, a primeira discoteca da cidade frequentada por mim como se não houvesse amanhã, nos pirosos anos 80 e como gostavamos de vestir de branco, pois a luz das ditas bolas transfomava a nossa roupa numa coisa linda de morrer, e as pessoas ficavam maravilhosamente atraentes com essa luz nas vestes brancas. Eles, os homens desse tempo que tinham mais ou menos a nossa idade, ficavam irresistíveis envolvidos nessa luz. É claro que quando a luz passasse, eram os de sempre, como sempre. Um tédio!
Tédio, é esta terra de Deus às 11 da noite, fora do centro. Bem sei que os putos de 20 anos e até 30 acham que não. Depois das esplanadas da praça, vão para os bares e discotecas da cidade e tá-se bem.
Mas eu, que ontem jantei com a caçula, uma saladinha, sim, sim, e aguinha sem gás, e que tive que esperar que o rapaz da pizzaria fosse ao Aldi, o supermercado do burgo que eu menos gosto, e é logo ali ao lado, comprar os ingredientes para a dita cuja salada que insistiram que serviam mas que afinal não tinham, milho e substituiram por azeitonas, não tinham alface e foram comprá-la, o tomate estava quente e as delícias do mar sabiam a sabão, o atum não era do melhor e apenas salvou a honra do convento o ananás que era fresco e natural, mas dizia eu que, após jantar resolvemos dar uma volta e passarmos pelo centro, onde nos deparamos com outra cidade, mas que a caminho de casa não nos cruzámos senão com uma figura muito conhecida do burgo que fez questão de parar, cumprimentar e perguntar pelos meninos. E se eu estava mesmo bem. Gostei da forma como pôs a pergunta. Andava a passear o lulú que era lindo e tinha o passeio todo livre para as cachorrices e tempo para o passeio. E foi esta a única pessoa que connosco se cruzou até casa.
Há muitos anos que não passo o mês de Agosto em torres novas. Pensei que ia ser mais difícil. Já passou. Mas não me deixou qualquer saudade. A cidade parte de férias e torna-se entediante. Ou sou eu que ando sem paciência. Amanhã deixo a cidade, como todos os outros. Sem pena. Mal será que não vá para melhor...
A cidade do Almonda não foge à sua sina. Sempre teve tradição de dizer adeus e ir viver o verão. Para a Nazaré, Pedrogão, Vieira, S. Pedro de Moel, S. Martinho do Porto, Peniche, Baleal, S. Bernardino, Consolação, Santa Cruz, Figueira da Foz...
Há quem vá para o Algarve. Destinos procurados? Os que gostam da Vieira, vão para a Quarteira e Monte Gordo. Depois há os que gostam da Nazaré e vão para Albufeira e Armação de Pera. E depois há os outros. Os que têm bom gosto e vão para praias que não têm nada a ver com estas. Pois que o Algarve é imenso e tem praias como Santa Luzia, São Rafael, Olhos d' Água, por exemplo.
Mas na verdade, os torrejanos o que querem é meter-se na auto-estrada e pé no chinelo, que se faz uma pressa.
Quem fica? Os que trabalham. Os que não podem fazer férias fora de casa. Os que não gostam de praia. Os que fazem férias lá fora e saem noutras épocas do ano.
A cidade está deserta. À noite, se já era uma pasmaceira, agora só se vêem pessoas,( mulheres ), em grupo, andando velozes como se estivessem a fugir à polícia, que não se vê em lado nenhum, nem à porta da esquadra, porque precisam de ter saúde, e combater os quilos que se instalaram. No centro, na praça 5 de Outubro parece uma movida madrilena, no seu pior, é claro, mas as esplanadas cheias de miudagem que ou não foi ainda de férias ou já regressou, e até o velho café Império tem uma roupagem nova, mas decadente e fora de moda, que essa estava na berra mas nos anos 80. Ausência quase total de luzes e em substituição aquelas bolas de tecto, das discotecas, girando e pintando de cores e desenhos de luz, as paredes. Ocorre-me o Bob's, a primeira discoteca da cidade frequentada por mim como se não houvesse amanhã, nos pirosos anos 80 e como gostavamos de vestir de branco, pois a luz das ditas bolas transfomava a nossa roupa numa coisa linda de morrer, e as pessoas ficavam maravilhosamente atraentes com essa luz nas vestes brancas. Eles, os homens desse tempo que tinham mais ou menos a nossa idade, ficavam irresistíveis envolvidos nessa luz. É claro que quando a luz passasse, eram os de sempre, como sempre. Um tédio!
Tédio, é esta terra de Deus às 11 da noite, fora do centro. Bem sei que os putos de 20 anos e até 30 acham que não. Depois das esplanadas da praça, vão para os bares e discotecas da cidade e tá-se bem.
Mas eu, que ontem jantei com a caçula, uma saladinha, sim, sim, e aguinha sem gás, e que tive que esperar que o rapaz da pizzaria fosse ao Aldi, o supermercado do burgo que eu menos gosto, e é logo ali ao lado, comprar os ingredientes para a dita cuja salada que insistiram que serviam mas que afinal não tinham, milho e substituiram por azeitonas, não tinham alface e foram comprá-la, o tomate estava quente e as delícias do mar sabiam a sabão, o atum não era do melhor e apenas salvou a honra do convento o ananás que era fresco e natural, mas dizia eu que, após jantar resolvemos dar uma volta e passarmos pelo centro, onde nos deparamos com outra cidade, mas que a caminho de casa não nos cruzámos senão com uma figura muito conhecida do burgo que fez questão de parar, cumprimentar e perguntar pelos meninos. E se eu estava mesmo bem. Gostei da forma como pôs a pergunta. Andava a passear o lulú que era lindo e tinha o passeio todo livre para as cachorrices e tempo para o passeio. E foi esta a única pessoa que connosco se cruzou até casa.
Há muitos anos que não passo o mês de Agosto em torres novas. Pensei que ia ser mais difícil. Já passou. Mas não me deixou qualquer saudade. A cidade parte de férias e torna-se entediante. Ou sou eu que ando sem paciência. Amanhã deixo a cidade, como todos os outros. Sem pena. Mal será que não vá para melhor...
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