A dona A....., era cozinheira dum snack-bar, onde em tempos eu almoçava. Fazia umas sopas muito boas e uns mini-pratos apetitosos e a refeição ficava barata. E não valia a pena ir de lancheira para o emprego. Era uma mulher grande, talvez mais alta que eu e o dobro de mim. Morena, bonita e com voz de generala. Gostava de mim e de outra colega que ali íamos e amaciava as palavras que nos dirigia. Saíu quando a patroa faleceu de doença prolongada. E nunca mais a vi. Um dia soube que estava com um problema grave. Um filho que andava na droga e que praticara uns furtos. Depois disso, estive uns anos sem a ver. O filho foi preso e ficou a cumprir pena.
Hoje voltei a falar com ela. A propósito de um documento que viera solicitar, para outro filho. Trazia uma filha ainda adolescente. A míuda comentou o facto de estar tudo bem com o documento e ela disse orgulhosa: Deste não há nada a dizer. Deus me livre.
Ganhei coragem e perguntei-lhe pelo outro.
- Nove anos, minha senhora. Foi um castigo muito grande para quem mexeu no que não devia. E começou a chorar. Impressionou-me ver aquele mulherão com voz excepcionalmente macia, apenas para mim e para a minha colega, ir-se abaixo. Esteve um ano sem o ver. Não podia. Fora operada e correu mal, esteve internada mais de 2 meses. O estabelecimento prisional fica longe e não tem meios para se deslocar. O taxi leva 150 euros; isso é o que ela lhe leva cada vez que lá vai, em comida, tabaco e outras coisinhas que precisa. - Graças a Deus já está limpinho, só fuma tabaco, disse-me ela. E trabalha quando lho dão para trabalhar. Tenho de me conformar. Daqui por mais 4 anos sai e ainda há-de ser um grande homem.
Foi-se embora com as lágrimas correndo cara abaixo e com a esperança de que a vida lhe sorrirá, mais ao seu filho. Convencendo-se que sim, ainda vai ser um grande homem para que se possa sentir uma grande mãe.
O drama da Dona A.... incomodou-me. Já devia estar imune.
No fim de semana vi uma família no metro que me perturbou igualmente. Mãe e dois filhos com menos de 10 anos. Cada um com o seu saco de viagem. E muito compenetrados no seu papel. Os putos mal podiam com o saco. E não evitei de perguntar para o ar, para dentro de mim, e o pai, onde é que está?!!! para ajudar estas pessoas? Porque razão as mulheres andam 9 meses com os filhos no ventre, amamentam-nos, perdem noites e dias a tratá-los e assim será pela vida fora. Sempre elas. Sempre elas. Porquê que não vemos pais? Homens, que fizeram os filhos e alguns que os protegeram até o dia x e depois desapareceram? As mães não fazem isso. Porquê?
Onde está o pai que reivindica direitos iguais e se escandaliza quando é dito que a mãe ama mais e melhor as suas crias? Onde? Até há pouco tempo eu acreditava que pai e mãe era a mesma coisa. Mas não é, e os pais que o são de facto, que me perdoem, sei que os há, mas há coisas tão simples como isto: eu estou a almoçar com uma das crias e está um homem de menos de 40 anos a almoçar sozinho ( vá lá, porque podia estar com uma matrafona ) e toca o telefone, e é, filhota daqui e filhota dacolá e isto e aquilo e aquele outro. E porque raio a filhota não está a disfrutar duma salada com camarões, dum sumo natural e da bela vista do rio Tejo? Não tenho nada com isso mas ultimamente tenho perguntado para que raio é preciso um ser ter pai se ele é ausente, invisível, indiferente ou prepotente, egoísta e outras coisas mais?!
Decididamente, ando a bater mal e questiono-me e aos outros, e questiono os laços. E questiono a vida. Se calhar sou uma chata e não melhoro. Ao contrário da dona A....., sou pessimista. Porque ela espera que o seu menino de 26 anos depois de cumprir a sua pena se torne num grande homem.
Grandes homens?
Aonde estão?!
Grandes pais...
Tenho tantas saudades dos meus. Sô Santos, um pai que nunca me abandonaria, um pai que teve um P tão grande, tão grande que fez com que eu quisesse ser mãe e nunca tivesse medo desse laço indestrutível.
Hoje voltei a falar com ela. A propósito de um documento que viera solicitar, para outro filho. Trazia uma filha ainda adolescente. A míuda comentou o facto de estar tudo bem com o documento e ela disse orgulhosa: Deste não há nada a dizer. Deus me livre.
Ganhei coragem e perguntei-lhe pelo outro.
- Nove anos, minha senhora. Foi um castigo muito grande para quem mexeu no que não devia. E começou a chorar. Impressionou-me ver aquele mulherão com voz excepcionalmente macia, apenas para mim e para a minha colega, ir-se abaixo. Esteve um ano sem o ver. Não podia. Fora operada e correu mal, esteve internada mais de 2 meses. O estabelecimento prisional fica longe e não tem meios para se deslocar. O taxi leva 150 euros; isso é o que ela lhe leva cada vez que lá vai, em comida, tabaco e outras coisinhas que precisa. - Graças a Deus já está limpinho, só fuma tabaco, disse-me ela. E trabalha quando lho dão para trabalhar. Tenho de me conformar. Daqui por mais 4 anos sai e ainda há-de ser um grande homem.
Foi-se embora com as lágrimas correndo cara abaixo e com a esperança de que a vida lhe sorrirá, mais ao seu filho. Convencendo-se que sim, ainda vai ser um grande homem para que se possa sentir uma grande mãe.
O drama da Dona A.... incomodou-me. Já devia estar imune.
No fim de semana vi uma família no metro que me perturbou igualmente. Mãe e dois filhos com menos de 10 anos. Cada um com o seu saco de viagem. E muito compenetrados no seu papel. Os putos mal podiam com o saco. E não evitei de perguntar para o ar, para dentro de mim, e o pai, onde é que está?!!! para ajudar estas pessoas? Porque razão as mulheres andam 9 meses com os filhos no ventre, amamentam-nos, perdem noites e dias a tratá-los e assim será pela vida fora. Sempre elas. Sempre elas. Porquê que não vemos pais? Homens, que fizeram os filhos e alguns que os protegeram até o dia x e depois desapareceram? As mães não fazem isso. Porquê?
Onde está o pai que reivindica direitos iguais e se escandaliza quando é dito que a mãe ama mais e melhor as suas crias? Onde? Até há pouco tempo eu acreditava que pai e mãe era a mesma coisa. Mas não é, e os pais que o são de facto, que me perdoem, sei que os há, mas há coisas tão simples como isto: eu estou a almoçar com uma das crias e está um homem de menos de 40 anos a almoçar sozinho ( vá lá, porque podia estar com uma matrafona ) e toca o telefone, e é, filhota daqui e filhota dacolá e isto e aquilo e aquele outro. E porque raio a filhota não está a disfrutar duma salada com camarões, dum sumo natural e da bela vista do rio Tejo? Não tenho nada com isso mas ultimamente tenho perguntado para que raio é preciso um ser ter pai se ele é ausente, invisível, indiferente ou prepotente, egoísta e outras coisas mais?!
Decididamente, ando a bater mal e questiono-me e aos outros, e questiono os laços. E questiono a vida. Se calhar sou uma chata e não melhoro. Ao contrário da dona A....., sou pessimista. Porque ela espera que o seu menino de 26 anos depois de cumprir a sua pena se torne num grande homem.
Grandes homens?
Aonde estão?!
Grandes pais...
Tenho tantas saudades dos meus. Sô Santos, um pai que nunca me abandonaria, um pai que teve um P tão grande, tão grande que fez com que eu quisesse ser mãe e nunca tivesse medo desse laço indestrutível.
1 comentário:
não creio que seja chata. é observadora e pronto. Quanto á senhora com os filhos, poderia ela ser viúva, divorciada ou o marido estar a trabalhar. beijo
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