Do Porto à Régua, de comboio.
Uma viagem muito bonita. E rápida. Sobretudo se se sentarem ao lado de um senhor de 79 anos de nome Manuel Amorim Pereira da Silva, natural de Marco de Canaveses, reformado da polícia, sub-chefe e ex-sinaleiro no Porto. Casado, sem filhos, que viajou para o Pocinho para encontrar a esposa que o esperava, vindo do Porto de uns exames e análises e que nunca se calou.
E fiquei a saber muito mais que isto. Também, quem me mandou chegar ao lugar vinda recambiada de outro lugar cuja companhia não me agradou mesmo nada pois a criatura era muito penteadinha, fato preto e sapatos pretos muito bicudos daqueles, mata barata na esquina? E assim que pude, passei-me para o lugar ao lado do Amorim e pedi-lhe licença para me sentar pois que o ex-sinaleiro tinha o jornal a repousar no lugar ao lado dele ou quem sabe a fingir marcar lugar para que ninguém o incomodasse. Assim que me sentei e reparei que os lugares tinham número e letra perguntei-lhe se eram marcados e o senhor muito simpático explicou-me tão ou mais pormenorizadamente que eu explicaria. Bem feita, para eu perceber as sécas que dou.
E depois foi um ver se te avias de conversa, converseta e outras explanações. Julgava que sairia no Marco de Canaveses já que era de lá. Aí é que me enganei. Eu estava á lamira do lugar dele, junto à janela, para as fotografias. O pica chegou e eu perguntei-lhe se teria que mudar na Régua. - Não, minha senhora, é directo para o Pocinho apesar de estar indicada a mudança.
O senhor Amorim esclareceu-me ainda melhor adiantando que também ia para o Pocinho. Ia caindo de cú. Não queria acreditar que aquela matraca não se iria calar durante mais de 4, 30 horas. Para além de estar sentada à janela. Arquitectei um plano para o arrancar do lugar e convencê-lo a trocar comigo. Não foi necessário. Quando me viu puxar da máquina, disse: Quer sentar-se aqui? Nem pensei um segundo. Quero sim, disse, só para tirar umas fotografias. E mudámos. E nunca mais recuperou o lugar nem lhe perguntei se o queria de volta. Uma maldade, mas acho que o senhor não se ralou. De vez em quando dizia: Estou a maçá-la? - Não, que idéia. Dizia eu a fazer figas nas costas e a levantar um pé. Quando tirou uma maçã de um saco plástico perguntou-me se queria uma, que tinha mais no saco. Quando eu resolvi comer e tirar uma barra de cereais, ofereci-lhe uma mas como calculava barras de cereais não são para homens do tipo do sr. Amorim, sub-chefe da polícia e ex-sinaleiro.
A partir da Régua foi-se calando e fechando os olhos, para dormitar e eu fui tirando as minhas fotografias e não dei pelo tempo passar. De vez em quando dizia-me algo sobre cada região, estação ou costumes daqueles lugares, das vinhas, das quintas e dos montes. Do rio e dos barcos.
Como entraram muitos turistas na Régua ele preveniu-me que o rio mudava de margem ( o comboio é que passava para o lado contrário ) e que se quisesse tirar fotografias tinha que me mudar para o lado esquerdo do comboio. E nessa altura o senhor simpaticamente disse-me: Se a senhora quiser eu vou marcar-lhe o lugar para depois tirar as fotografias. Disse-lhe que não mas ele insistiu por várias vezes. Não foi preciso. Eu acabei por ter um lugar onde quis.
Quando se despediu de mim desejou-me tudo de bom e eu a ele. Naturalmente nunca mais verei o sr. Amorim.
Foram quatro horas e meia que nem uma matraca, a buzinar-me aos ouvidos estórias do " tempo "dele e a fazer-me perguntas também.
Mas no fundo, no fundo gostei deste companheiro de viagem pois se assim não fosse, não lhe teria dado trela.
E foi assim que viajei do Porto para o Pocinho quase sem dar por isso. As fotos apenas são até à Régua, sendo que a viagem mais bonita quanto a mim é da Régua para o Pocinho.
Uma viagem muito bonita. E rápida. Sobretudo se se sentarem ao lado de um senhor de 79 anos de nome Manuel Amorim Pereira da Silva, natural de Marco de Canaveses, reformado da polícia, sub-chefe e ex-sinaleiro no Porto. Casado, sem filhos, que viajou para o Pocinho para encontrar a esposa que o esperava, vindo do Porto de uns exames e análises e que nunca se calou.
E fiquei a saber muito mais que isto. Também, quem me mandou chegar ao lugar vinda recambiada de outro lugar cuja companhia não me agradou mesmo nada pois a criatura era muito penteadinha, fato preto e sapatos pretos muito bicudos daqueles, mata barata na esquina? E assim que pude, passei-me para o lugar ao lado do Amorim e pedi-lhe licença para me sentar pois que o ex-sinaleiro tinha o jornal a repousar no lugar ao lado dele ou quem sabe a fingir marcar lugar para que ninguém o incomodasse. Assim que me sentei e reparei que os lugares tinham número e letra perguntei-lhe se eram marcados e o senhor muito simpático explicou-me tão ou mais pormenorizadamente que eu explicaria. Bem feita, para eu perceber as sécas que dou.
E depois foi um ver se te avias de conversa, converseta e outras explanações. Julgava que sairia no Marco de Canaveses já que era de lá. Aí é que me enganei. Eu estava á lamira do lugar dele, junto à janela, para as fotografias. O pica chegou e eu perguntei-lhe se teria que mudar na Régua. - Não, minha senhora, é directo para o Pocinho apesar de estar indicada a mudança.
O senhor Amorim esclareceu-me ainda melhor adiantando que também ia para o Pocinho. Ia caindo de cú. Não queria acreditar que aquela matraca não se iria calar durante mais de 4, 30 horas. Para além de estar sentada à janela. Arquitectei um plano para o arrancar do lugar e convencê-lo a trocar comigo. Não foi necessário. Quando me viu puxar da máquina, disse: Quer sentar-se aqui? Nem pensei um segundo. Quero sim, disse, só para tirar umas fotografias. E mudámos. E nunca mais recuperou o lugar nem lhe perguntei se o queria de volta. Uma maldade, mas acho que o senhor não se ralou. De vez em quando dizia: Estou a maçá-la? - Não, que idéia. Dizia eu a fazer figas nas costas e a levantar um pé. Quando tirou uma maçã de um saco plástico perguntou-me se queria uma, que tinha mais no saco. Quando eu resolvi comer e tirar uma barra de cereais, ofereci-lhe uma mas como calculava barras de cereais não são para homens do tipo do sr. Amorim, sub-chefe da polícia e ex-sinaleiro.
A partir da Régua foi-se calando e fechando os olhos, para dormitar e eu fui tirando as minhas fotografias e não dei pelo tempo passar. De vez em quando dizia-me algo sobre cada região, estação ou costumes daqueles lugares, das vinhas, das quintas e dos montes. Do rio e dos barcos.
Como entraram muitos turistas na Régua ele preveniu-me que o rio mudava de margem ( o comboio é que passava para o lado contrário ) e que se quisesse tirar fotografias tinha que me mudar para o lado esquerdo do comboio. E nessa altura o senhor simpaticamente disse-me: Se a senhora quiser eu vou marcar-lhe o lugar para depois tirar as fotografias. Disse-lhe que não mas ele insistiu por várias vezes. Não foi preciso. Eu acabei por ter um lugar onde quis.
Quando se despediu de mim desejou-me tudo de bom e eu a ele. Naturalmente nunca mais verei o sr. Amorim.
Foram quatro horas e meia que nem uma matraca, a buzinar-me aos ouvidos estórias do " tempo "dele e a fazer-me perguntas também.
Mas no fundo, no fundo gostei deste companheiro de viagem pois se assim não fosse, não lhe teria dado trela.
E foi assim que viajei do Porto para o Pocinho quase sem dar por isso. As fotos apenas são até à Régua, sendo que a viagem mais bonita quanto a mim é da Régua para o Pocinho.
2 comentários:
o nosso país é tão benito.
vou já para aí.
beijo
Nã é?
Cá t'aguarde me filhe...
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