sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

cumprindo promessa que não fiz

Desde pequenina que não gosto de promessas que não sabem se podem ou querem cumprir.
Por isso nunca prometo em vão.
Encontrar doces de coco e de jinguba é um achado, nesta cidade doceira e gulosa, de sempre.
Há, havia, alguns supermercados que vendiam quitutes da terra. A qualidade era inferior aos vendidos pelas ruas, porém na falta desses, os outros serviam para matar as saudades de sempre.
No Jumbo, hoje, percebi que já não se vendem e desolada pensava que não teria sorte porque não iria andar a pé tanto assim, pelas ruas. Ontem vi uma menina em frente ao Espelho da Moda ( loja de artesanato ), mas o que é ontem já não é hoje. Antes de ir para a piscina da Total, na Ilha, no Chicala, pedi ao sr. Tiago que me deixasse no Espelho da Moda para comprar umas lembranças, coisa muito pouca, que está tudo pela hora da morte. Quando ia mesmo a entrar, num cantinho, vi uma quitandeira. Ai, ai, ai, era mesmo isso que eu queria. Um tabuleiro cheio de doces de jinguba e um de coco.
Ao mesmo tempo que eu, chegou outra pessoa, que perguntou o preço. Fiz de propósito para não ser enganada e esperei que ela dissesse o preço.
- Cada, 50.
A outra senhora pediu o último, de coco. Fiquei sem esse.
-Dê-me todos os de jinguba. Eram oito. Ela ficou a olhar para mim incrédula. Depois começou a pôr um por um num saco plástico pequeníssimo. O último que tinha. Quando tinha cinco disse-me:
-Estes assim, mãezinha custa duas vez cento cinquenta.
- Como é que é? Está a fazer mal as contas. Cinco são 250. Você disse que era 50 cada.
- São este. E apontou para uns de coco, que parece quitaba.
- Não. Você disse 50 cada e apontou p'ra todos. Só levo se fôr 50. Se não, deixa aí, não continua a pôr. Não quero.
A outra que ainda permanecia ali disse depois de um muchoxo, bem ruidoso:
- Pzxzxzxzxzxzxzt você és burra ou quê? Está a vender bem com a tia, dá já tudo. Ela está c'um a razão dela.
A vendedora olhou para mim e disse- Não tenho mais saco. Onde que a mãezinha vai levá?
- Eu não tenho sacos. Mas afinal quer vender ou não? Pede um saco a uma colega, menina.
Nem por acaso, aparece uma Zita qualquer que trazia um tabuleiro à cabeça cheio de doces de coco.
- Se você não vende vou comprar, nela.
- Zita me empresta um saco para a senhora aqui.
Esta poisou o tabuleiro e deu-lhe um saco transparente e outro branco às riscas azul, de asas.
Fiz eu as contas e ela me estranhando, olhava desconfiada.
- Então? Consigo são 750 e ainda falta a esquebra. Riu-se. E colocou mais um doce dos de coco que parecem quitaba. Enquanto isso a dos de coco, a Zita, ensacava os que eu lhe pedira.
Estava a primeira a pedir-me boas-festas depois de fazer todas as contas comigo, estendendo a mão e pedindo:
-Agora falta as minhas boas-festas.
Estava eu a cair na cantiga sembada da doceira quando ambas olham e dizem:
- Vem mãezinha, vem atrás de nós.
- Porquê? - Pensando que estava a ser enganada.
- É o fiscal. Vem mãe.
Nesse momento chegou o sr. Tiago que me perguntou se já tinha saído do Espelho da Moda.
- Ainda nem entrei sr. Tiago.
Como os meus doces perigavam, pedi ao sr. Tiago que me resolvesse aquela questão. Dei-lhe 2.000 kuanzas e disse-lhe quanto é que teria de pagar. E entrei no Espelho da Moda.
Quando saí, apenas o sr. Tiago sobrava. Nem fiscal nem doceiras.
Sei que consegui comprar os meus doces de Angola, favoritos
Não prometi para não falhar, porque é muito complicado encontrá-los e quando se encontram nem sempre corre bem, mas já cá cantam, crias, mano Zé e caçula. Agora convém que no aeroporto não impliquem nem compliquem. O ano passado quem os levou foi a Susete. Este ano é a TAP...

Sem comentários: