quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

reencontros


Não se lembram destes cestos? Ou não são desse tempo?
Eles são do tempo da maria cachucha. Vá lá, por que não dizê-lo, do meu tempo ou do tempo das nossas mães, melhor dizendo. A minha nunca teve um cesto destes, mas conheci uma senhora que tinha um. Sei porque sempre que me lembro dela, lembro-me do cesto e do carrapito na cabeça. É verdade. Em Luanda também havia mulheres que nunca cortaram o cabelo nem fizeram permanente, mantendo o seu carrapito na nuca ou no alto da cabeça, com orgulho.
A D. Maria era uma mulher que vivia no Largo. Onde eu cresci. Na Vila Alice. Gastava da loja do meu pai, como quase todos os que viviam nesse largo. Tinha dois filhos bem mais velhos que eu. Que jogavam à bola com o Kaquito, o Quinito, o Orlandino, o tio Augusto, os manos Cunhas do conjunto musical, o Armindo, o Américo, o Carlos Alberto, filho da D. Noémia, o Jorge da madrinha Manuela e tantos outros rapazes que viviam ali naquele espaço livre do largo com apenas uma entrada que servia de saída.
Quando alguém ficava doente lá em casa, lá ia eu pequenina, buscar um borracho, daqueles sem penas, horrorosos, que o sr. Silva tinha no seu pombal e vendia. Pelo menos à mãe Celeste. Para a célebre canja de borracho, comida de doente.
Cresci. Ali. Dando como adquirido todas estas vivências.
Muitos anos depois houve um almoço aqui. De antigos moradores do largo Camilo Pessanha, da Vila Alice. E eu fui. E revi quase todas as pessoas que enumerei e outras. Também a D. Maria. E os seus filhos.
Passaram muitos anos desde esse almoço de reencontro.
Ontem, no facebook, num espaço que adorei saber que foi criado para reunir antigos moradores do tão querido bairro, do qual já sou membro e onde estão quase todos os meus amigos, bati-me de frente com um dos filhos da D. Maria.
Por intuição pura, porque está parecido com o pai, perguntei se era quem é. E a resposta foi: Sou eu Clarinha.
O facebook pode desunir casais, mas une amigos.
E a amizade é o amor que nunca morre. Por isso dou vivas ao facebook. E sei do que estou a falar...

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