sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

vendendo castanha de cajú


- Madrinha, vai lévá castanha? diz uma miúda de cerca de 15 anos.
Olho os sacos de castanha de cajú. Uns com cerca de 250 gramas e outros, mais pequenos.
- Estás a levar quanto?
- Este, 1000 e este 500. Leva já madrinha.
- Vou levar, mas quando voltar. Espera aqui está bem?
- Vais-me esquécé.
Ri-me. Se aparecesse um carregamento de castanha de cajú de borla para mim, eu iria comprar na mesma àquela menina que não acredita.
- Não esqueço. Juro. Estás de blusa vermelha, vou-te fixar. Deixa eu sair do cemitério, primeiro.
- Vou-t'aguardá.
Quando saí, ela viu-me e abriu-se num sorriso, se calhar, um dos seus melhores sorrisos.
- Vês? Prometi e cumpri.
- Vai queré quantos?
- Só um. Estou à procura de doce de coco e de jinguba. Não sabes onde é que há?
- Naquela hora estava aí aquela amiga que estava a vendé. Espera só, vou perguntá.
Voltou desolada.
- As senhoras que estavam a vendê já foram...
- Obrigada.
- Té logo madrinha.
Esta menina vende castanha de cajú em frente ao Cemitério Novo, da Estrada de Catete. Estava lá hoje. Pela cidade são às centenas no mesmo negócio. E até fora de Luanda, na beira das estradas.
As mulheres, em Luanda sempre venderam pelas ruas. Sempre esticaram os panos nos passeios dos prédios, à frente das lojas, e das escolas e colégios. Hoje esse negócio estendeu-se por toda a cidade de uma forma que me parece nunca mais vai terminar, apesar de haver fiscais querendo controlar. Pelo menos na Baixa há e elas conhecem-nos e fogem deles sem grande medo. Fugindo e vendendo.

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