Hoje quando acordei pensei:
Nem sequer vou ao computador hoje. Escrever o quê?
Hoje é suposto estar triste. Fingir-me anestesiada. Deixar passar o dia e meter a cabeça na areia como a dita avestruz. Para não pensar, não recordar, não sentir. Acordar amanhã e ter passado. Fazer cruz no dia de hoje, fazer-me de morta.
Hoje não estou. Não sou. Não vejo, não oiço. Não falo. Não sinto, não vivo...
Hoje não vou escrever...
Não vais o quê? Como? E porquê?! Deixa-te de tangas Maria Clara. Tu és mais tu. E vês, ouves, falas, sentes, vives, escreves e até lês. Minha, como é?! O que lá vai, lá vai. E afinal, nem doi. Estás perdida de riso por te sentires tão ridícula nesse papel de coitadinha. Vá, solta uma gargalhada, eu sei que estás mortinha por teres um motivo, unzinho que seja. Queres melhor que isto?
É! Eu, mais eu, temos razão. Prender-me à idéia da " triste viuvinha que anda na roda a chorar " é acreditar nas trevas e eu quando quero sou luz e sombra. E sol e luar. E mar...e sento-me nos sonhos de pedra e cal e num segundo, num momento vivo o que não vivi. Respiro um ar que é só meu e olho o horizonte feliz, agradecida, expectante, liberta.
Hoje eu vou escrever sim, porque já não tenho motivos para fingir que não aprendi a ler e a escrever, num bê-a-bá tropical e frutífero que me dá armas para passar este dia com serenidade e confiança. Com alguma esperança e até gozo, porque há sempre quem nos acene e diga como quem não quer a coisa: Olá, estou aqui. E sei que estás aí...
Bora lá então, tamos nessa!
Ele há dias...mais um dia. E estou viva. Muito viva! E não sou avestruz...
domingo, 8 de agosto de 2010
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3 comentários:
Por vezes a idéia da negação não passa disso se contrariares a idéia.
Ainda bem que o fizeste. Como percebi, nem doeu muito.
Estarei enganado?
Tiro-lhe o meu chapeu e dou-lhe os parabéns por este hino á liberdade.
Aqui está a Maria Clara que eu conheço e admiro. Se não estivesse tão longe, hoje era dia de comemorar com uns carocolitos regados com a bela imperial (já tenho saudades).
Um abraço daqui até aí
Manuela
Obrigada minha querida. Só cheguei aqui porque você, minha grande amiga esteve presente quase que 24 horas por dia, nestes 3 anos, a dizer-me sempre que eu era mais eu. A zangar-se, a brincar, a abrir-me a cabeça e meter todas as possibilidades em que acreditava para que eu desse a volta.
Obrigada por acreditar em mim.Pela paciência, pelas horas tardias em frente à minha casa falando mais do mesmo, e sem que parecesse enfadada. E por levar-me a pensar noutras situações de distracção pura, mas que eram necessárias para o meu equilíbrio emocional e até físico, porque 23 kgs não foi brincadeira nenhuma. Obrigada pelos jantares na sua casa, como se fosse mais um da família, com direito a lugar cativo e tudo. Pelas compras que precisava fazer e servia de " motorista " e tantas outras situações...
Graças a isto tudo e à pessoa que é e tem sido para mim e meus, muitas vezes fiz coisas bem feitas, neste tempo mau, apenas para não a desiludir, porque queria desistir muitas, mas muitas mais vezes do que lhe passa pela cabeça e não o fazia porque a Manuela não merecia que eu desistisse e assim fui percebendo que eu não merecia desistir...
Ainda há pouco tempo lhe ouvi dizer:
"Foram tempos muito maus "! E fiquei a pensar que se conseguiu sentir que foram tempos muito maus, viveu-os comigo e eu nunca me vou esquecer disso.
Já consigo rir, pensando nesses tempos maus, por isso a liberdade de poder escrever no dia 8, desta forma.
Um abraço maior do que o Universo para si.
P.S. ( e não é política ) Ah, quano aos caracóis, lá os comemeremos, não sei quando, não é? Vão de férias... agora só lá para o verão que vem.
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