" Ovelhas não são para mato " já dizia uma colega e amiga, a Lena, que por acaso está a trabalhar comigo neste grupo de apenas seis, num Agosto de férias judiciais, que nós, funcionários, não temos. Apenas temos as de direito.
Quais turnos, qual carapuça. Para quem a servir. Que não cabe na nossa classe. De oficiais de justiça. Por que somos cabeçudos? Ou antes, porque na hierarquia estabelecida, somos meros peões dum jogo do sistema? Será? Será.
Mas, é um facto que se sou cabeçuda, ainda sou mais patuda...
Ou pezuda. Com a idade chegam também as aderências. Os pés crescem e atrapalham. Eu calçava 37 e agora só o 38 me serve e vai lá, vai...
Hoje e porque estou a trabalhar, tentei voltar aos saltos. Para fazer pandã com a farpela de trabalho, que é um pouco mais cuidada que a roupa de férias e a havaiana no pé. Com grande desgosto, deparo-me com uma dificuldade que me permite pensar que já não sou uma cinderela. Não queria ser gata borralheira vendo o coche ser transformado em abóboras e os sapatinhos lindos numa coisa andrajosa, nuns pés tipo barca, mas calha-me. E porque o peso da idade e das bolas de berlim da praia, e gelados e tostas de isto e de aquilo e mais coca-cola sem limite, enfim, um sem número de pesos pesados, a pesar os meus pés delicados, é demais, vi-me nas amarelas para fazer o meu percurso até ao autocarro, demorando mais 10 minutos que o habitual e escapando por entre as pedras, não as que transformo em banquinhos acolhedores e sonhadores, calçada portuguesa mesmo, dos calceteiros e não dos sonhadores, a tal calçada que é o inimigo número dois das mulheres,que usam saltos, porque o número um já todas as mulheres sabem qual é, mas pronto, e ainda assim, a escapar, por várias vezes pensei ir beijar as pedras da calçada. Após umas chamadas de atenção de mim para uma " maria clara, maria clara... ", como a d. celeste chamava quando se aborrecia, decidi que estas sandálias traiçoeiras irão direitinhas para os pés de alguma corajosa,um presente envenendo porém com aviso prévio, no salto. Elas estão novas. São do ano passado mas calcei-as uma única vez o ano passado e hoje foi uma estreia para esquecer.
Ora eu! Que estava tão bem de férias! Sonhando a cores e com os pés nus,em frente ao mar...
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
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