sexta-feira, 27 de agosto de 2010

escaqueirando

Acontece, algumas pessoas, dizerem-me como se fossem capazes de me tomar conta da vida:
" Hoje não estás no teu melhor, li no blog que... ". Ou, " Gostas de doce de tomate? Hei-de oferecer-te um frasco, e doce de ...? " ou ainda " Anda aí passarinho novo, muitos bancos de pedra, muitos sonhos, isso traz água no bico " e " Vai para a rua, a internet faz mal, nem vives " ou, e isso dá-me muito gozo, ouvir a caçula dizer " O mano disse-me que tu..." tudo porque lêm e ficam por dentro dos minutos em que, como agora, estou a escrever.
É giro que leiam. Que palpitem. E se preocupem, o caso da caçula e do " mano " da caçula e meu. É giro que se ponham a advinhar bicos de passarinhos cheios de água.
Mas...aqui é que está o busílis da questão.
Como é que não vivo? Gente da minha alma, a minha vida não é o blog. Só... E quem mete água que ferve não é o passarinho, é quem acha que eu tenho uma vidinha tão clara como água que choro nos textos, ou se viajo ou não viajo, trabalho ou não trabalho, amo ou não amo. E que passo para o computador simploriamente.
Nos espaços que vão entre um post e outro, vivo, e desse respirar, numa percentagem de 100%, provavelmente dias há que denuncio as minhas faltas de ar, assim num 10% de boa vontade e a minha respiração ofegante talvez 2% e a minha inspiração e expiração repousada e calma num 5%, sobrando 83% de vida anónima, para a intimidade onde ninguém entra, escapando das espreitadelas virtuais, que na maior parte nem são tão virtuais assim porque conheço esses olhares e apesar de me questionarem não é cusquice nem se atrevem a falar-me a sério em passarinhos da água no bico, que se não fosse cá por coisas até provocava quem de direito, com os albatrozes que são os pássaros maiores do mundo ( se não é verdade, desmintam-no, vá...) e poderia dizer que passarinho novo, não, que a pedofilia é uma coisa doente, e que dá prisão, se fosse um albatroz...isso é que era.
Mas não, desinquietem-se que não há aves no meu horizonte, que é como quem diz, não há aves não há penas...e sim neste caso não vale o gosto para o desgosto.
E então é assim. Comecei este post porque queria dizer, porque alguém me abordou sobre as minhas refeições semanais com a minha irmã, e porque surgiu a pergunta: Então já não é à 4ª feira que jantam? É em qualquer dia e não vos estou a trocar as voltas. A vida se encarrega de as trocar.
E agora como é que fica? Não estou a enganar ninguém. Raramento fujo à verdade e o que escrevo aqui, é. Quando me sento em bancos de pedra, claro que é e não é. Mas isso acho que toda a gente percebe. Até tu a quem chamo para que venhas sentar-te ao meu lado para sonharmos os nossos sonhos ainda que com a liberdade de ser cada um com os seus. Sobretudo tu. Porque eu já te topei há muito tempo e isto é recíproco. Quer dizer, não estou a ser pretenciosa, só a dizer que gostamos de sonhar, preferencialmente sentados.
Mas, e porque não quero desviar-me uma vez mais do tema, ontem, sim, jantei com a caçula e não foi 4ª feira. E para a semana posso não jantar. O que conversamos? Eu até posso dizer. Só que nem mesmo estando a jantar connosco perceberiam os nossos quês e porquês. Mas sim, falamos da internet, do facebook, do blog, de pessoas, algumas que se cruzam comigo, e também na internet, de albatrozes dos mares do sul, da liberdade e das prisões das almas, do trabalho, dos afectos. Rimos pouco porque o cansaço não deixou mas divertimo-nos com o mau humor do Alfredo e com a calma do Sr. Vítor. A comida estava como sempre. Comemos massada de tamboril, que as senhoras cozinheiras fazem tão bem. E pronto. Ontem a noite estava óptima, a lua cheíssima fazia sonhar e o seu brilho levava-me para outras latitudes, mas lá chegarei. Quando cheguei a casa espumei de ódio, não porque era só a Pitanga à minha espera, mas porque o Meo, sim tenho Meo, há mais de uma semana que me prega partidas e já tive um desaguizado com a funcionária que me atendeu quando denunciei a avaria e sim fui para a internet na mesma, porque tenho net móvel para os desenrascansos, e só não vi televisão.
Mesmo escaqueirando a porta, a minha noite não foi só isto, por isso não se inquietem comigo que eu não vivo para o computador e mesmo que afirmem coisas que sejam verdade, eu nego, se até ( S. ) Pedro negou três vezes... e depois, ninguém tem nada com isso.
Mas não estou sequer zangada. Apeteceu-me escrever um post, não sabia por onde começar e a provar que querendo escrever, há sempre tema, aqui está...é a Vida, que a gente vive.

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