Às 5 horas saí do emprego. Com a Lena, de boleia. Fomos ao Shopping de Torres Novas.
Escolher o presente que os meus colegas me vão dar. É da praxe. Um presente, por contribuição de todos, e em troca um lanche oferecido pelo aniversariante, que isto de receber e não dar em troca, já não existe. E assim, todos nós socializamos mais, e mais amiúde. Acho bem. Vai-me calhar agora a mim.
Não sabia muito bem o que havia de escolher. Há uma sapataria em Alcanena que tem despachado sapatos e carteiras à conta dos presentes de aniversário. Não me apetecia mais uma sandaloca ou uma mala. Afinal, a pessoa tem tanta coisa e acaba andando sempre com o mesmo.
Pensei num cachucho. Adoro anéis. Daqueles que se dermos uma sarda a alguém, arrancamos-lhe um olho no mínimo. Mas depois desisti. Nem dou sardas, nem preciso de cachuchos. Anéis é o que tenho mais e acabo como com as malas e os sapatos. Sempre os mesmos. Então do que me lembrei eu? De um relógio de verão. E se bem o pensei melhor o concretizei. E escolhi-o. E já está embrulhadinho, bonitinho, à espera que a je faça aninhos. A Lena levou-o com ela. Só lhe porei a vista em cima segunda-feira.
Depois disto, fui dar um beijinho ao João, à Joana, e restantes. Bem precisam de carinho e apoio.
Estava eu no alpendre, conversando com a minha amiga Manuela, que está muito em baixo, quando a caçula me ligou.
- Mana? Já estou livre.
Finalmente íamos jantar à Tasca. Que saudades! Reabriram depois de umas férias anuais.
O Alfredo ficou nervoso quando nos viu. Já eram mais de 9 horas. A Espanha jogava com a Alemanha. Na sala, um grupo grande numa mesa e um casal noutra.
Reparei que o Alfredo não estava nos seus dias, depois percebi porquê. Acabou por nos perguntar se já tinhamos ido às festas. E que ele queria ir ver a etiope que iria hoje abrilhantar as festas.
Ai é? Quem é ela?
Ele não sabia, mas queria vê-la e ouvi-la cantar.
Fui abordada pelo casal que se encontrava numa mesa. Nem mais nem menos do que dois amigos de outros tempos, que a vida se encarregou de afastar. Não passaram ao largo. Fizeram questão de parar, mostrarem-se contentes de me verem. Confundiram a caçula com a Ângela o que alegrou a caçula que gosta de fingir que não tem 42 anos. Depois perceberam que era ela.
Acharam ambos, que eu estava muito bem. Não sei se estavam à espera de encontrar uma clara decadente, infeliz e no seu pior. Percebi que o diziam do coração. Percebi que apesar de não estarmos juntos há mais de 3 anos, não me ignoraram e se o fizessem eu até percebia, e ainda estavam visivelmente satisfeitos. Somos os três de Julho e qualquer um de nós se lembra ainda do aniversário do outro. Foi gratificante perceber que por morrer uma andorinha não acaba a primavera.
De regresso à rua, resolvemos atravessar o Jardim das Rosas e perceber o que lá acontecia.
Descobri que a avenida mesmo junto ao rio está cheia de umas árvores que deitam um cheiro nauseabundo a peúga; vivo nesta terra há 35 anos e nunca soube ou senti este cheiro horrível.
Fomos direitas ao palco onde actuava a artista da Etiópia, Minyeshu. Nascida na Etiópia e a viver na Holanda. Falámos do Alfredo. Não se via por ali. Devia estar em brasa por não poder ver o show desta artista.
A estrela da noite acabara a canção e ouve-se: Thank you. Obrigadô. I learned today.
E nós resolvemos continuar a nossa marcha. A festa estava vista.
A caçula foi para a casa dela e eu vim para a minha.
Agora aqui estou cheia de calor, que a minha casa é fogo e não tenho ar condicionado.
A ventoinha está a 2 metros de mim e embora seja giratória, incide sobre o meu corpo e ele não se queixa. Pelo contrário, agradece.
Este foi o meu dia, após as 17 horas, como se diz na minha terra.
Sem comentários:
Enviar um comentário