Tenho uma pergunta para fazer.
As vossas vidas dão-vos que fazer? Ou têm uma vidinha tranquila, sem altos nem baixos?
É que a minha, dá-me tanto que fazer que me pergunto se sou eu que me ponho a jeito, ou se é fatalismo, bruxedo ou coincidência. Sempre comigo, sempre comigo...
Eu sou normaleca. Pago as minhas contas. Trabalho e cumpro. Sou boa cidadã. Tento ser boa mãe, boa irmã, boa tia, boa amiga e boa vizinha. Há coisas que de momento não sou, porque, enfim, não é? Não tem sido possível.
Porque raio me acontecem coisas que podiam ser repartidas? Um bocadinho a cada um e ninguém ficava prejudicado.
Ora bem. Sábado depois de ver a kanuca partir de férias, dizendo-lhe adeus chorosamente, mas contente ( paradoxo ) por sabê-la feliz por ir para a preguiça, vesti-me a preceito. Que é como quem diz, decentemente, para saltar para a rua.
Ainda pensei ir de taxi para o aeroporto.Que era para onde ia. Mas desisti, quando pensei que ia gastar o que podia fazê-lo doutra forma. O metro está ali a uns passos, quase 1 km, acho eu ). Pensei para com os meus botões: " maria clara, és uma pelintra por isso cumpre o teu destino e vai mas é de metro que é o transporte de todos os indigentes e não só, sobretudo ao fim de semana. E a frase que me deprime mas que às vezes acho que encaixa surge como por (des )encanto e como se paga pela língua, e eu que o diga que às vezes tenho-a bem comprida, a tal frase martelou-me os miolos - Quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré -
Encolho os ombros porque lagartixa tenho-a garantida, jacaré, logo lá chegarei. É uma questão de fé, para quebrar o lugar comum. No momento o que eu queria mesmo era que não fosse só eu a fazer a viagem ao aeroporto. Não que eu não seja espaçosa o suficiente para ser q.b. no que lá ia fazer mas porque há afetos e afetos. E estes são OS AFETOS.
Como tal, vesti-me um pouco deprimida. Um túnica às cores, da H&M, coisa quase dada e umas calças de ganga.
Saí para a rua, repito, sozinha. Levantei dinheiro no multibanco, único que conheço no Olival e prossegui o caminho. Fiz contas à vida e às horas e dar-me-ia para ir até ao Vasco da Gama. Daria uma volta pelos saldos, quiçá uma comprita, a nível dos trapitos, o que me animaria, e depois apanharia um taxi, aí sim, até ao aeroporto. O taxista iria rosnar, espumar e outros maus feitios que eles tanto acomulam, por a corrida ser tão pouco produtiva, mas teria que se aguentar à bronca.
Quando ia a atravessar a rua junto ao Senhor Roubado, gelei. Estava vento, mas não foi por isso.
A minha mão, na tentativa de fazer descer a túnica que subira com o vento, tocou na etiqueta. E depois nas costuras. Não. Não estava equivocada.
Estão a perceber, ou ainda não chegaram lá?
Eu cheguei logo. Estava a um quilómetro de casa, a pé, sozinha e tinha só a minha túnica, do avesso. Apeteceu-me chicotear-me. Em vez disso, fiz meia volta volver, e rumei a casa furibunda por esta minha existência distraída. Não me achei a menor piada, na altura, claro.
Assim que me apanhei em casa, ri, ri, à gargalhada.
É o que me vale. E a proeza valeu-me a desejada ida de taxi para o meu destino.
Pergunto-me se o meu subconsciente quis ser burguez e fez de propósito. Para que ficasse sem tempo e fosse obrigada a apanhar um taxi...
Coisa para psicólogo. Será? Ou foi mesmo uma distracção por não andar com as cinco oitavas no lugar? Nunca o saberei.
terça-feira, 20 de julho de 2010
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