Cheguei de mansinho. Quis sentar. Traçar a perna. E colocar o meu queixo entre as mãos.
Olhei à volta. Verde, muito verde. Cheirando a terra molhada e a musgo.
Olhei uma vez ainda. Para todo o lado. Deserto na hora e no lugar. Inspirei o ar da manhã. E depois sentei.
Segurei o olhar em frente. Me pareceu que vinhas lá. Perto. Tão perto que ouvi os passos pesando nas folhas secas dos caminhos. O teu rosto é que não consegui ver. Pode ser que a maresia que vem do sul, feita nevoeiro, tivesse tapado as feições.
Não te chamei, mas esperava que viesses. Alguém me disse que é uma questão de tempo. Não sei mesmo se foi o vento quando soprou na minha orelha.
Desdenhei. Bah! O que é que o tempo tem a ver com o teu querer?
O banco é bonito. Trabalhado. Preparado para nos receber. Como se fosse o banco da pérgola onde me pendurava, na Cidade Alta, esticando os sentidos para a Baía. Acho que naquele tempo, já eu gostava de me sentar nos bancos de pedra e te esperar. Olhando o mar na frente. E os barcos no porto...quem sabe vinhas num deles. Um dia, até me pareceu que tinhas asas e poisavas no farol da Ilha, como um anjo, e me acenavas, de longe.
Olha, já percebi que os sonhos sonhados neste banco desenhado e pintado por artes de magia e de talento, ficam mais coloridos, vais ver só. E verdadeiros. Me vais dar razão. E também é bom sonhar verde musgo, molhado de aroma da terra, castanha, vermelha, barrenta de além mar.
Não te disse ainda que já não gosto de sonhar sozinha meus sonhos futuros, passados presentes, vividos no sonho? Então?!
Já que não me ofereces o teu banco para irmos embora por esse destino fora, que eu acho que não é má vontade, se calhar tens banco pequeno, eu não vou desistir. O meu banco, tem dois lugares. O meu tamanho e outro. Que no caso, é o teu. Cansei de sonhar sozinha. Nos cinzentos desta vida. Te advinho arco-íris, enfeitando os meus sonhos.
Vou-te esperar sentada.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
clarinha
Eu gostava de escrever assim.
E gostava de sentir assim.
E gostava ainda mais que alguém esperasse sentado no banco para sonhar comigo os sonhos coloridos da vida.
um beijo grande
Maria
Enviar um comentário