sábado, 31 de julho de 2010
Desdobrável
Não resisti ao chamamento do mar. Desdobrei o banco e ficou em dois.
Não faz mal ficares nas minhas costas, ou eu nas tuas...porque o povo numa sabedoria de trazer por casa, diz que os anjos não têm costas, nem hérneas, direi eu...e eu, já te disse que acho que te sonhei com asas de anjo, poisando no farol da ilha, enquanto te esperava no banco, da pérgola, da Cidade Alta.
Para sonharmos estes sonhos dos tempos presentes que eram futuro e que por uma unha negra estão quase no passado.
O mar do verão é calmo e se agita apenas quando me sente esperando. Como que a dizer que espere sentada a tua viagem de volta ao tempo dos sonhos. O meu sonho nesta estação não ocupa mais do que um banco single, de pedra, contudo. Faço questão.
Mas num assim como assim, para o caso de quereres sonhar de companhia, quem sabe se, sonhos que se encontram nos caminhos da terra vermelha e barrenta, num tchim tchim de comemoração, eu te deixo escolher o lugar no banco, sem jogo da cadeirinha.
Quem disse que ficamos de costas? Eu?! Para olhar o mar e sonhar é só preciso virar o rosto e olhar de frente.
O além mar nos olhará naqueles olhões azuis, raiados de verde esmeralda e encontrará apenas a simetria do nosso olhar, que encaixa nos sonhos que algures foram sonhados nos tempos, ou predestinados a serem sonhados.
Às vezes, o lugar comum tem a dureza da pedra e a força do gesto. Os sonhos são também eles comuns aos lugares e dependendo de quem os sonha, irónicos e inatingíveis...eu quero sonhar sempre ainda que tenha de esticar o braço e com a ponta dos dedos tocar, ao de leve no sonho sonhado, como que num sonho encantado...
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