domingo, 4 de julho de 2010

fim de tarde

Depois de apanhar um susto à chegada ao Cais de Sodré, pois uma vez fora do comboio da célebre linha Lisboa/Cascais/Lisboa, onde a semana que passou, se viveu momentos de violência extrema, tal como navalhadas e roubos a utentes pacíficos, dei-me conta que todos poderiamos ser possíveis criminosos, tal era o aparato de polícia e seguranças, aguardando a nossa passagem pelas máquinas do bilhetes, para os validarmos. Um exagero, tendo em conta que noutros dias de verão nem unzinho para contar como é que é, para dizerem como é que foi.
Dirigi-me ao Pingo Doce da estação para uns salgadinhos e um sumo natural de maçã e laranja, que estava mesmo a apetecer.
Não me lembrava do jardim das oliveiras com os seus bancos coloridos e modernos, senão quando me deparei com uma paisagem bonita de cores de verão e gente descansando ao sol, enquanto namorava, ouvia música ou simplesmente olhava o rio e o vai e vem dos barcos para a outra banda. E não me fiz rogada. Fui sentar-me num banco destes, amarelo pirili, de frente para o Tejo. E à boa maneira bimbalhona e portuguesa, puxei do saco dos croquetes e dos crepes chineses ainda quentinhos, e antes que se fizesse tarde, ali mesmo fiz o meu lanche ajantarado num fim de tarde para lá de bom, nesta Lisboa que eu também amo.
Depois, fui apanhar o 36 que pára ali mesmo em frente a escassos metros do jardim das Oliveiras. É claro que juntei o útil ao agradável. Podia ir de metro para casa mas não era a mesma coisa. De autocarro tenho o prazer de atravessar a cidade até á periferia onde moro e descobrir que um actor da nossa praça, famoso e que está neste momento numa telenovela portuguesa, também anda no 36. Se bem que apenas da avenida da Liberdade até ao Saldanha. Mas apanha o autocarro e ninguém dá por ele. Não sei se é isso que o senhor charmoso, com uns olhos maravilhosos e dono de uma voz de tirar o fôlego ( ouvi-o e vi-o declamar Fernando Pessoa no dia da poesia, na Mala Posta ) quer, mas é um facto que nem um músculo se moveu de entre tantos músculos faciais que iam no 36. Eu que lhe pûs a vista em cima assim que entrou e até que saiu não descolei dele, apenas para perceber o que vai na cabeça de gente assim, fui olhada pelo senhor charmoso, à sua saída com um certo brilhozinho de ironia no olhar, como quem diz: Ao menos tu, sabes quem eu sou? Vá lá, diz que me conheceste... Olhar que retribuí divertidamente como quem diz: Vai-te catar meu, e para a próxima tira os óculos e faz uma pose de artista, pode ser que tenhas mais sorte e a populaça te bata palmas e peça autógrafos.
Este foi um fim de tarde de sábado de verão bem disposto , como tantos outros,que é como quem diz, buéréré.

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