Não sei porquê, mas quase que acredito em almas gémeas. Talvez porque me dá jeito acreditar. Sei lá!
Um dia distante, julguei ter encontrado essa alma que me ia fazer feliz para todo o sempre. Gémea que nem eu, no amor. O registo certo. Aquele que é o eco do outro.
O tempo e a falsa alma, desmistificaram a minha crença.
Vivi a minha vida, com alegria e algumas vezes num dó de alma e nunca mais pensei nisso.
Não faz muito tempo me falaram de novo em almas gémeas. A minha, que andou presa num imbondeiro estes anos todos, foi-se soltar numa África amada com toda a minha alma e se soltou mesmo alegremente, que em África, as almas não são penadas, são espíritos livres e maiores, mais perto de Deus. Se sentam com Ele na sombra das múcuas, tecendo nas linhas da vida, afagos, pontes e caminhos que se cruzam para se encontrarem e se agasalham num para sempre de muito querer parar a estação das chuvas e do calor. Assim como no paraíso...
De novo desacreditei de almas gémeas, porque careci de ficar lá onde o sol brilha numa áurea que nos envolve como anjos e porque em terras de D. Afonso Henriques o imbondeiro dá lugar à oliveira e a azeitona dá azeite e o seu óleo faz escorregar as almas que se penduram na esperança de ver passar a tal alma que é a sombra da outra, porque a azeitona não é que nem múcua. Não dá sombra quanto mais a gémea da outra.
Hoje me mandaram o horóscopo. É diário. Eu leio divertidamente. No fundo, no fundo às vezes dá-me jeito acreditar.
Hoje deu jeito. Não é que diz, sim, porque não eliminei o mail, como que para dar sorte, que estou em maré dessa tal sorte e a alma gémea anda aí? Maré, lembra mar, mar marinheiro, pescador, aventureiro, ou naúfrago... Não sei aonde nem quem, ou se quem, senão ia pendurar-me na sua âncora, na sua proa, na sua rede, ou quem sabe no seu caminho. Será que me calha uma alma distraída? Vai passar e não vai-me enxergar?
O horóscopo só não deu num pormenorzinho, pequenino. Essa alma quer encontrar-me, deixa que eu a encontre, ou vai ser como outras almas? Falsas. Tipo gémeos mas não tanto?! ou Judas?!
No entretanto que pode durar uma eternidade, vou temperando a vida de vontade, de seguir o meu caminho, parando na beira da estrada para descansar e olhar livremente o horizonte para receber o meu destino. E vivê-lo. Com as linhas com que me coso.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário