E dei-lhe banho ainda bebé, ainda não andava nem falava. Aprendeu a andar, correndo atrás de uma bola.
E a falar. Começou por me chamar Caca, o que não abonava nada a meu favor. Eu tinha uma certa esperança que quando dobrasse a língua passasse a dizer Clara com todas as letras. E dobrou-a e veio de férias de verão, o ano passado, e duas semanas sem me ver fizera a diferença. E mudara o discurso. Passei a ser Calha. De Caca para Calha viesse o diabo e escolhesse. Enfim, calhava mesmo mal porque nunca mais acertava na muche, que é como quem diz, na Clara. Mas como é um menino espertíssimo, vivo que eu sei lá, passou rapidamente de Calha a tia Clara, não tendo sido ao calhas, porque ele sente-me mesmo assim, família. E é o que eu sou para este menino. Tia Clara.
Depois de desemburrar na arte de dizer palavras e depois frases, foi um ver se te avias e ninguém o pára.
Hoje, não fosse eu já ter ouvido de tudo e ficava de boca para nuca com o Rafael.
Estava eu com a mãe, no nosso clube da herbalife, prontíssimas para jantarmos um batido, as duas, quando, impaciente e porque o pai chegara e isso significa liberdade, o vejo puxar pelo pai ao mesmo tempo que dizia " anda, anda, vamos embora, pai...", porque o pai falava connosco, subitamente, sem que nada fizesse supor ouvimos "...anda, vamos embora cabrão". Olhamos uns para os outros, entre divertidos e incrédulos. Não satisfeito, repetiu " vamos embora cabrão ".
Claro que o visado, reagiu. Onde aprendeste isso bebé? Isso é feio e o pai não quer que repitas, blábláblá...
Blábláblá porque ainda o disse mais vezes. Claro que não sabe o que quer dizer.
Oh! Eu própria com esta idade só soube o que isso era..., bem!..., adiante, que não estamos a falar em mim. O bebé Rafael tem tempo de aprender o significado da palavra que não é nada bom, lá isso não e para além do mais não se chamam nomes feios aos pais, mas este episódio fez-me pensar noutras crianças mais chegadas ainda, que, com as suas tiradas me envergonharam a cara, algumas, poucas, quase nenhumas, vezes, num algures já longínquo.
Porque, quando do nada as crianças dizem o que os adultos se fartam de repetir e até nem lhes fica mal à cara, nós os ditos adultos reagimos. E nem sempre, bem. E quase sempre envergonhados, porque o nosso pânico é o que as pessoas vão pensar. E porque pensam quase sempre que a criança aprende em casa. Neste caso, não é verdade. Os pais não são asneirentos. Sou eu bem mais, mas nunca à frente do Rafael. Logo, este menino mal comportado, aprendeu a sê-lo onde? Pois é claro. No infantário que frequenta. Onde supostamente se educa a par com os pais em casa. Mas claro que é difícil controlar um bando de " papagaios " à solta.
No fim disto tudo, só me apeteceu dizer ao Rafael: Bebé, vai chamar cabrão a outro...ou outra.
Mas era um pouco demais e o puto deixava de me respeitar e eu não quero isso, pois claro que não. Aka! Xiça Rafael!
1 comentário:
se não ligarem não derem importancia, em pouco tempo deixa de o dizer....
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