Tenho almas penadas na vida que escolhi e na que rejeitei também. Na que vivo e suponho que, na que viverei. Cruzaram-me os dias, os anos, muitos anos. São um clã, penando.
De vez em quando, desgarradamente, saem das trevas e dos silêncios que escolheram como eternos. E tal como eu, e outros mortais, saem às ruas, que eu não me nego a percorrer. Eu, que não sou alma penada, pois sou inocente, embora juíza de mim própria.
Como as almas não têm rosto, quando alguma passa por mim tenho alguma dificuldade em lhes perceber a expressão. Como Deus é meu amigo serena-me o espírito e faz-me expectante. E como também é amigo de alminhas destas, porque Deus é amigo de toda a gente, coloca palavras de salvação na voz cavernosa da alma penada.
De vez em quando, desgarradamente, saem das trevas e dos silêncios que escolheram como eternos. E tal como eu, e outros mortais, saem às ruas, que eu não me nego a percorrer. Eu, que não sou alma penada, pois sou inocente, embora juíza de mim própria.
Como as almas não têm rosto, quando alguma passa por mim tenho alguma dificuldade em lhes perceber a expressão. Como Deus é meu amigo serena-me o espírito e faz-me expectante. E como também é amigo de alminhas destas, porque Deus é amigo de toda a gente, coloca palavras de salvação na voz cavernosa da alma penada.
Hesitante, apavorada, sem pingo de cor, que as almas não têm cor, sobretudo as penadas, desejando ardentemente voar dali para fora nas asas de alguma coruja, levo com a triste e amargurada alma, um pouco gorda, também. Cai-me na sopa. Talvez a providência divina, responsável pelo seu alimento para a subida de uns degrauzitos a caminho de ser melhor e mais leve, lhe tenha dado o empurrão. O tropeção. Tive dificuldade em saber o que fazer. Por segundos que me pareceram horas. Os meus olhos bateram de frente, sem pestanejar ou alterar a expressão. Como se, de gesso me mascarasse. E respondi à saudação. Incrédula, não estava a perceber, nem a acreditar nisto. Porém não parei. bastava uma hesitação minha...e ela, a alma penada movendo-se a duras penas, teria parado, ali mesmo à minha frente. Não parei. Não tive medo. Nem raiva. Nem ódio. Não foi num cruzamento. Cruzes, canhoto, chapéu de côco...mas não parei. Eu ainda estou viva e inocente. E não desejo encontros do outro mundo. O monólogo em que me silenciei até chegar ao meu altar sagrado fez-me entender que há caminhos tortuosos que temos que ultrapassar. Se queremos subir. Depois da subida o que fica? Uma sensação de paz profunda e uma pena imensa de almas que não encontram a Luz. Ontem, enquanto percorria o caminho que me leva à minha rotina solitária, onde só entra quem eu deixo, senti-me uma boa pessoa. Tem dias assim. Não duram. Porque se durassem era um paraíso pasmaceiro. E depois, ser boa pessoa é relativo. Neste caso e comparando-me com o clã de almas penadas que eu conheço e me cruzou a vida, sou uma santa.
3 comentários:
Dizes bem, cruzes canhoto!
GANDA MANA!!! assim é que é! Beijos. Muitos.
Ahahahahahahahahahah!!!!
Fizeste-me rir agora. Só tu,mesmo.
Beijos. Todos.
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