- Sabes da mana? Tem o telemóvel desligado. Não atende o fixo. Será que foi à procissão? - O " mano " riu-se. - Uhm..olha quem..., diz ele. Ela não é dessas coisas, acrescenta. Esqueceu-se daquela vez em que a " mana " velha ia com a caçula ao colo, em noite de 13 de maio, a caminho da igreja da Sé, em Luanda e uma criatura desatenta e inconsciente por de trás, com a vela acesa, ateou fogo ao seu rico e bonito cabelo comprido e só deu conta quando este começou a estalar e a cheirar a porco chamuscado. Aquele cheiro de orelha de porco quando está a ser chamuscado ( que nojo! ). Há coisas que nos traumatizam. Mas isto apenas foi um episódio infeliz e que serviu para rirmos às gargalhadas mais tarde. Que passados talvez 40 anos ainda o recordamos divertidamente.
Cheguei a casa às oito. Mudei de roupa. Descalcei-me. Vesti uma t-shirt de alças e uns calções. Fui dar de comer à Pitanga e tratar do areão. Apanhei a roupa do estendal e dobrei-a. Quando me preparava para me iniciar na navegação da internet, o telefone fixo tocou. Como pouquíssimas pessoas o têm, descarto hipóteses. Atendi. - Então??? O que te aconteceu? Tens o telemóvel desligado. Estou farta de ligar - Era a caçula. Naquele momento lembrei-me que era 4ª feira. Não tinha fome. Estivera no Mc Donald´s desde as 5,30 até às 8. A comer o célebre hamburguer e todos os adicionais a que tinha direito e a conversar. - Já jantaste né? Não falei verdade. Toda. Apesar de ao longo da noite ter reposto a verdade dos factos. - Não, não jantei. Bem vistas as coisas tinha lanchado. Mas não sou de lanches e jantares a seguir. Apesar de ter fama de ter dentes até às orelhas, não como que nem um alarve, e desperdiçar a companhia da caçula é algo que não faço nem que a vaca tussa. E fui. A caminho, permiti-me analisar esta necessidade de estar com quem me ama. Com quem eu gosto tudo no mundo. Estar com a caçula é um privilégio que nem toda a gente tem. É estar com alguém que é família no verdadeiro significado da palavra. É não ter de filtrar. É falar alto os pensamentos todos, mesmo os pecaminosos. Não falar pela metade, das coisas. É ter a certeza de que é túmulo. É poder sentir e dizer. Tudo. Tudo mesmo. É ouvir rir cristalinamente alguém que tem uma vida lixada, e ainda assim é mais feliz que a maior parte das pessoas. Estar com ela, é uma Lição. É descomprometermo-nos, desconseguirmos nos queixar, nos amargurar. E lá fui eu. Por ela e por mim. Com o hamburguer aos saltos e a coca-cola a chocalhar entre o estômago e sei lá mais o quê. Parece que não sossego o facho. Saltito entre quereres, sonhos e realidades, fins de tarde e noites de procissões, com os santos a sairem à rua, em dia de santo popular que parece é primo afastado dos outros, que não o festejam do mesmo jeito. Mas sossego sim. Sair de casa mal cheguei para ir receber colo de irmã, cara da D. Celeste, é dois em um. A minha alma anda cansada. Sobretudo daquelas que são as chamadas almas penadas. Que parece que gostam de me ver cansada, triste e afastada da luz que não têm. Não sou muito de ligar a investidas intriguistas e maldosas, mas enquanto alma, desconfio que não é bom. Enquanto mortal igual a tantos outros, eu, maria clara das dores tenho a reacção para a acção assim como quando o coração fica ao pé da boca e aí vai disto. Embora cada vez menos. A minha amiga maria helena amaral ( maria luanda, como gosta de se intitular ) aposta em mim a toda a hora, dizendo que um dia já foi como eu, e que um dia eu serei como ela é hoje. Gosto tanto dela, acho-a tão superior a tudo o que é mesquinho, feio, falso, que me agrada a possibilidade de subir os degraus que ela subiu e poder reconhecer-me na sua postura de hoje, que não a conheci quando era como eu, de pêlo na venta e com o tal do coração no canto da boca a cada provocação, a cada traição, injustiça ou intriga. A cada falta de educação e teatro de 5ª categoria. Porque me sinto cansada das faltas e falhas dos mortais e também das minhas, desfrutei da companhia da minha querida Paula, caçula da D. Celeste e do Sô Santos e vim para casa muito melhor. Há noites em que se janta duas vezes mas vale a pena. Tudo.
Cheguei a casa às oito. Mudei de roupa. Descalcei-me. Vesti uma t-shirt de alças e uns calções. Fui dar de comer à Pitanga e tratar do areão. Apanhei a roupa do estendal e dobrei-a. Quando me preparava para me iniciar na navegação da internet, o telefone fixo tocou. Como pouquíssimas pessoas o têm, descarto hipóteses. Atendi. - Então??? O que te aconteceu? Tens o telemóvel desligado. Estou farta de ligar - Era a caçula. Naquele momento lembrei-me que era 4ª feira. Não tinha fome. Estivera no Mc Donald´s desde as 5,30 até às 8. A comer o célebre hamburguer e todos os adicionais a que tinha direito e a conversar. - Já jantaste né? Não falei verdade. Toda. Apesar de ao longo da noite ter reposto a verdade dos factos. - Não, não jantei. Bem vistas as coisas tinha lanchado. Mas não sou de lanches e jantares a seguir. Apesar de ter fama de ter dentes até às orelhas, não como que nem um alarve, e desperdiçar a companhia da caçula é algo que não faço nem que a vaca tussa. E fui. A caminho, permiti-me analisar esta necessidade de estar com quem me ama. Com quem eu gosto tudo no mundo. Estar com a caçula é um privilégio que nem toda a gente tem. É estar com alguém que é família no verdadeiro significado da palavra. É não ter de filtrar. É falar alto os pensamentos todos, mesmo os pecaminosos. Não falar pela metade, das coisas. É ter a certeza de que é túmulo. É poder sentir e dizer. Tudo. Tudo mesmo. É ouvir rir cristalinamente alguém que tem uma vida lixada, e ainda assim é mais feliz que a maior parte das pessoas. Estar com ela, é uma Lição. É descomprometermo-nos, desconseguirmos nos queixar, nos amargurar. E lá fui eu. Por ela e por mim. Com o hamburguer aos saltos e a coca-cola a chocalhar entre o estômago e sei lá mais o quê. Parece que não sossego o facho. Saltito entre quereres, sonhos e realidades, fins de tarde e noites de procissões, com os santos a sairem à rua, em dia de santo popular que parece é primo afastado dos outros, que não o festejam do mesmo jeito. Mas sossego sim. Sair de casa mal cheguei para ir receber colo de irmã, cara da D. Celeste, é dois em um. A minha alma anda cansada. Sobretudo daquelas que são as chamadas almas penadas. Que parece que gostam de me ver cansada, triste e afastada da luz que não têm. Não sou muito de ligar a investidas intriguistas e maldosas, mas enquanto alma, desconfio que não é bom. Enquanto mortal igual a tantos outros, eu, maria clara das dores tenho a reacção para a acção assim como quando o coração fica ao pé da boca e aí vai disto. Embora cada vez menos. A minha amiga maria helena amaral ( maria luanda, como gosta de se intitular ) aposta em mim a toda a hora, dizendo que um dia já foi como eu, e que um dia eu serei como ela é hoje. Gosto tanto dela, acho-a tão superior a tudo o que é mesquinho, feio, falso, que me agrada a possibilidade de subir os degraus que ela subiu e poder reconhecer-me na sua postura de hoje, que não a conheci quando era como eu, de pêlo na venta e com o tal do coração no canto da boca a cada provocação, a cada traição, injustiça ou intriga. A cada falta de educação e teatro de 5ª categoria. Porque me sinto cansada das faltas e falhas dos mortais e também das minhas, desfrutei da companhia da minha querida Paula, caçula da D. Celeste e do Sô Santos e vim para casa muito melhor. Há noites em que se janta duas vezes mas vale a pena. Tudo.
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