Comecei o dia, deitando-me. Lá pelas 4,30 horas da manhã. Às 8 já o despertador tocava. Apeteceu-me mandar tudo para as urtigas e desligá-lo para dormir tudo a que tinha direito. Mas havia muita coisa para fazer num domingo quase verão, quase férias, quase dona de mim...Combinara às 12,30 na saída do metro no Rato, estação terminal da minha linha. A amarela. A Manuela e a Helena lá estariam. O metro parou na Cidade Universitária. Senti uma mão no meu braço. Era a Manuela, que me vira de fora e entrara na minha carruagem. Foi uma festa. Ambas estávamos adiantadas relativamente ao que combináramos. A Helena não vinha com ela. Estava com enxaqueca desde sábado. Resolvera ir na mesma, ao almoço e viria no metro seguinte. Da Quinta das Conchas. À saída do metro, um indivíduo talvez da minha idade, pára em frente a nós e pergunta: As senhoras querem ir para a Casa de Angola?- Queremos, respondi. Mas como é que sabe? - Respondeu-me por sua vez: Não é a Maria Clara? A poetisa? Ah! disse. Sou, sim, mas não sou poetisa. Ele riu-se. Era um conterrâneo, nascido em Moçâmedes. A Helena chegou e nós fomos para o almoço que começou por volta das 4. Horrível. Como mau foi ter fome e esperar por uma moamba, que até tive pena das minhas companheiras. A Manuela duas vezes comeu moamba, duas vezes não gostou. Tenho de as convidar para uma moambada no O. Basto, feita por mim. Um dos presentes era Pinto de Andrade que a páginas tantas e já depois do almoço chamou a si uma aula de história angolana, como as dará na Universidade onde trabalha. Houve discussão sobre a matéria em causa pois havia gente conhecedora do tema. Houve um leilão de peças de artesanato angolanas e para mim e para as minhas amigas a tarde angolana terminou ali. Que outros valores mais altos se alevantavam. Mas ainda no almoço, aconteceu algo interessante. Estava presente uma miúda com cerca de 30 anos que me lembrava alguém. Fiz um esforço e cheguei lá. Fazia lembrar-me, a D. Noémia. Do Largo Camilo Pessanha. De sempre. Que me vira nascer e crescer e a quem eu vira nascer a filha Susete. Podia ser estúpido mas achei que perguntar não pagava imposto e perguntei se era angolana. Que não, mas que a mãe era. Perguntei o nome. Susete. Acrescentei o apelido. Confirmou. Estava perante a filha da Susete. Miúda que nasceu e cresceu no largo. Pessoa que eu via todos os dias durante anos e anos. A última vez que vira esta miúda foi aí há uns 15 anos. Ou mais. Saí a correr do Rato para o aeroporto. Quando lá cheguei não tive de esperar. Foi só chegar à saída e eis que após um suspiro profundo e sorridente, o meu pulmão voltou a inspirar, expirar, na serenidade de tudo estar nos seus lugares. Dali para o "palácio" ao pé do rio foi uma viagem calma. Uma hora depois voltei para o Olival para arrumar um saco com peças de praia que guardo sempre ali. E às 10,30 horas estava a caminho de torres novas. Tinha um sono exagerado, talvez de apenas ter dormido 3 horas e meia, mais coisa menos coisa, talvez do copo de " burrito " bem gelado que me puseram nas mãos e que eu não neguei. Ao meu lado sentou-se um rapazito, formando da EP; tirei pela pinta, aliás o autocarro ia cheio com malta dessa, eles e elas. Ia furiosa com os taxistas de torres novas. Dois deles sempre me têm dito que se algum dia precisar, é só telefonar que eles estão disponíveis depois das 10. Precisei e ambos estavam ocupados. Um ia buscar uma senhora enfermeira ao Entroncmento e o outro tinha a mãe doente e estava já em casa. É um solteirão de 60 anos, ou mais, o Carlitos, primo da Luísa, minha ex-colega. De forma que sabia que iria fazer a travessia no deserto que é torres novas à meia-noite, pesada, ensonada e sujeita a ser molestada. Tinha garantido um terço do caminho de companhia dos meninos da E.P. mas o restante era o mais complicado. A subir, cansada e completamente só. O mano Zé estava como os taxistas, não podia e não tinha cara para incomodar a Ana Maria que já se ofereceu várias vezes. Adormeci ainda na 2ª circular. Não me lembro de nada até à portagem de torres novas. Eu devo andar cansada. Quando cheguei a casa estava farta de rezxar padres-nossos bravos para com a minha vida. Não culpei ninguém. Mas apetecia-me arranjar um bode expiatório, tipo saco de pancada para desferir uns quantos socos a ver se relaxava de um fim de semana de estalo. O que me vale é que o próximo, se Deus quiser será rumo a sul para gozo de uns diazitos. Estou ansiosa. Desde Janeiro que não me ponho de molho nas águas salgadas do atlântico assim num tempo a perder de vista. O que vale é que tudo passa depressa. Já vamos a meio da segunda- feira que hoje tem não só a fama mas também todo o proveito.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
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