domingo, 26 de junho de 2011

conflito

foto tukayana.blogspot Há dois sítios no mundo, apenas dois, onde se estou e sei que vou embora não me levanto e digo; se é para ir, vamos embora já, que a minha alma já se pôs ao caminho. Quem me conhece, e não é difícil, já advinhou. Lisboa e Luanda. Afinal, as duas cidades do meu coração.
Afinal, os dois lugares que moram no meu peito e onde a minha alma habita. Estar em casa é estar comigo. É estar com Deus. É ter a certeza de que estou. Bem. Por isso, e mais uma vez, se é para ir embora, porque não ir já? Há missões cumpridas quando chegamos aos lugares. Outras que se vão cumprindo. E outras ainda que não se chegam a cumprir. Porque é que oiço o mar e vejo-me atravessando o Alentejo? Porque será que oiço os pássaros e só me ocorre a Pitanga? Porque será que sei que vou para o calor tórrido do Ribatejo e não sofro por antecipação? E que amanhã é segunda-feira e não estou nem aí? É domingo. Estou a sul. Não gosto de subir para norte, quando esse norte não é Lisboa, ou Trás-os-Montes. Porque será que não me importo? Aonde é que eu pertenço, afinal? Porque será que existem tantas vidas em mim, vividas e por viver, que me perco da real, da que me faz rumar para cima e me encontro em becos sem saída, encruzilhadas, ladeiras e mares por onde nem sempre é fácil caminhar? Nem sempre está bem assinalado o destino? Ter tacto, é seguir em frente. Na direcção que o caminho leva. Então porque me detenho nas esquinas que nem sempre têm um banco onde possa descansar, recuperar, sonhar sonhos reais que me fazem feliz? Tantas perguntas sem resposta! A minha alma impaciente, espiritualmente crítica, diz-me que me deixe de tangas e viva como todos os outros. Na personagem. Ou sem ela. Que ande ao sabor das ondas, do tempo e do vento. Que assente os pés no chão e evite os tralhos. Que cumpra o calendário e finja. Muito. Não sei se tenho uma alma amiga, pois são conselhos que não daria a ninguém, mas hoje, inquieta e irrequietamente, são estes que tem para me oferecer. Pegar ou largar. Nem sempre a alma tem razão, até porque os sentires têm razões que se sentem com a mente e esta é complexa. Tenho uma amiga que me foi dizendo ao longo dos tempos que a minha inteligência joga sempre em meu desfavor, ou quase sempre. Hoje é domingo, estou a sul, onde tantas vezes queria estar, mais próxima do outro sul, e parece que estou aqui a criar um conflito entre mim e eu. Mas não. Convivem quase sempre pacificamente. As guerras? Só existem se houver duas forças. Neste caso, tenho uma alma guerreira mas dócil. E cansada de guerras. Já a mente...mas como não há fumo sem fogo...digo-vos, para terminar. O meu corpo ficava a banhos. A minha alma já lá vai...

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