terça-feira, 3 de agosto de 2010

voltar


Voltar a este lugar não é nascer de novo.
Voltar a este lugar é voltar ao princípio...
Aos tempos de uma vida que prometia muito. Tudo.
Regressar é querer rever. Estar e sentir.
Ou querer saber se se quer rever, estar e sentir. Sozinha.
O tempo das coisas que começaram e já terminaram é um lugar de saudade.
Este lugar para além do almoço, passeio, contemplação, ou momento de passagem, este lugar, para permanecer, é um lugar confuso. Como a saudade o é.
Desse tempo tenho saudade duma barriga de seis meses de gestação, a primeira vez. Num volume e num orgulho de mãe. De ter vinte e sete anos e da entrega honesta com que me dava a tudo num tudo em que acreditava.
Desse tempo, mais do que de tudo, tenho saudade de mim.
Dizem que não devemos voltar ao lugar onde fomos felizes. Hoje diria o mesmo, não fosse acreditar que tudo tem uma razão e ainda que não tenha, o exercício exorcista resulta se tentar perdoar. Aqui ou noutra latitude, tento. Se o vou conseguir, não sei. Sei, isso sim que quando me deito no leito, amaciando o meu espírito cansado e adormeço sem rancores, acredito.
Há lugares que nos são queridos, mas doridos. Que falam numa linguagem que nos lembra tudo. Este é um deles. Mas não fujo. Quis vir e ver e sentir e tenho a certeza de que fiz bem.

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