quinta-feira, 5 de agosto de 2010

devaneio


Ei meu!
Deixa-te de tangas pá.
Ando eu à cata de bancos
de pedra por essas pedreiras fora, e como quem racha lenha, junto tudo num molhe, para o inverno, e construo já lugares de descanso para o cansaço das almas ávidas de sonhos, nos dias de marés vivas e tu aos pontapés às pedras.Olha com olhos de ver o que eu descobri. Dois bancos. Numa independência de podermos olhar nos olhos, bem de frente, do alto do nosso nariz, meu nariz empinado, e lermos as almas numa transparência dos dias solarengos e dos desejos de verão. E olharmos o horizonte inventando-o, da memória para o presente, da memória para o futuro.
Olha com olhos de ver,e diz que não tenho razão. Exeprimenta.Vá...
Eu, já me sentei. Só para experimentar. E gostei. De olhar esse mar azul de todas as tonalidades que o pintor quiser pintar. É perfeito para os meus delírios e devaneios.
Vou contar-te um segredo. Pxxxxxxxe...quando me sentei, lembrei-me de ti. Imaginei-te ali à minha frente, banco com banco, olhos nos olhos.

Parece que estou ainda ali, mas já não estou. Sorriste para mim, e pareceu-me que me piscavas o olho, que eu não me enganei, e sei que sim. E depois o teu olhar desviou-se do meu num pacto de silêncio e foi encontrar o mar azul, longínquo. Nesse momento, feito de momentos, sei que vi o que tu viste. Foi uma questão de fé, sei bem, mas ia jurar que vi o que os teus olhos viram. Não vou contar o que vi, porque isso era saberes tanto como eu e para além do mais, é segredo. E apesar de não me dar bem com segredos, este, podes crer, vou guardá-lo para mim...

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