Há uns dias conheci uma mulher. Mas não é uma mulher qualquer.
É a Jacinta Rosa. Um nome estranho e bonito. E todos a tratam por Mimi.
A Mimi fascinou-me. Fiquei apaixonada pela figura, pela delicadeza com que me recebeu, pela simpatia e pela beleza e elegância que possui e que os anos não apagaram.
Tem um brilho, que só encontramos muito raramente, tão raramente, que quando acontece, não queremos disso abrir mão, para que sejamos inundados por essa luz.
Cruzei-me com muita gente, na vida que vivi e vivo, aqui e acolá, de todas as cores, sexo, estrato social, tamanho, idade, e conto pelos dedos da mão, pessoas que me fascinaram assim.
Gosto de me sentir pequena perante a grandiosidade, de gente como a Mimi e humildemente me imaginar tendo esse dom; dos diferentes, dos especiais, e escolhidos.
Ela foi uma escolhida e fez juz à escolha de que a única culpa que tem, é a de deixar que o mundo possa perceber o seu talento. Seria difícil escondê-lo porque esbanja saber e arte por todos os poros.
Foi professora de Desenho, Trabalhos Manuais e Economia Doméstica, em Vila Real de Santo António. Depois partiu para Luanda e aí teve dois colégios, onde foi directora e dava aulas, tendo ainda trabalhado na Chefia do Exército como 1ª oficial.
Quando regressou ao Algarve, em 1975, abriu uma escola, com quarenta crianças em idade pré-escolar. Foi decoradora de casas, quer em Luanda, quer no Algarve, algumas na Quinta do lago e em Vila Moura.
Levou-me a conhecer a sua casa, que decorou também e a observar a sua obra. Quadros e quadros embelezando as paredes e tornando-as vivas e falantes. A óleo quase todos e a pastel também. E mostrou-me o piano onde tocou vezes sem conta. Confidenciou-me que tem andado afastada dele, mas que já pensara recomeçar a tocar. E contou-me como se fosse quase um segredo, que tem um livro de poemas que nunca publicou, por razões que não importam para aqui. E é uma doceira de mão cheia. E faz bonecas em pano, giríssimas e outros trabalhos manuais.
Vi fotografias dela e do marido em dias marcantes, das suas vidas. A sua graciosidade, elegância, beleza e bom gosto deixaram-me completamente rendida. A singularidade desta senhora que dá pelo nome de Mimi, faz dela uma pessoa rara e da qual me senti honrada de conhecer e privar durantes algumas horas.
Sei que não me vou esquecer da Mimi, nunca mais. Porque por de trás desta personagem tão dotada, também está uma mulher simples, sensível e inteligente, que me recebeu, me tratou muito bem e me sorriu desde que cheguei até que me despedi.
Estes são alguns dos quadros que embelezam as paredes da sua casa e que ela muito gentilmente permitiu que os colocasse aqui.
Que Deus a proteja e lhe mantenha a Luz que emana. Que a arte alimente a sua alma e de todos os que tiverem o privilégio que eu tive de poder absorvê-la.
A Mimi, de braço dado com o marido, despediu-se de mim, à noitinha, no jardim junto à palmeira.
Tive a ilusão de estar a viver algo fascinante e irreal e por momentos me senti em África, na terra onde a Mimi viveu e criou o seu filho e outros filhos de outras mães e espalhou o seu talento...
Conheci uma mulher de excepção e não quero perdê-la de mim, porque gostei dela e porque me dá a ilusão de ser uma pessoa melhor...
Parabéns Mimi, por existir!
2 comentários:
Encantada e reconhecida rendo-lhe a homenagem devida. Numa palavra: "Gostei"
ANGOLA
Como és bela e risonha
Cheia de harmonia e côr
O teu passado é um sonho
Transformando neve em flor
Paisagem de noite e de dia
Cheia de amor e nostalgia
Feita de lendas de amor
Canções de noite ao luar
Dois corações a sonhar
Eis Luanda em flor
6/04/2010
Mimi
Fiquei tão contente Mimi...e feliz por me dar o privilégio de deixar aqui um dos seus poemas.
Desejo-vos tudo, tudo de bom e quando voltar ao Algarve vou lanchar consigo, pode ser? No alpendre, de fronte à palmeira. beijos, minha querida, muitos. Todos. Uma boa saúde e até um dia destes, está bom?
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