domingo, 25 de abril de 2010

Sonho as cerejas de amanhã


Vim visitar as minhas cerejas. Perderam a flor e já estão branquinhas, redondinhas, do tamanho das esferas prateadas do jogo de berlinde, entrando nos buracos que faziamos nos fundos do quintal. Vulgo, jogo da bilha. Eu era perita nesse jogo e viciada também. Como sou por cerejas...
Sentada no telheiro da casa, pude iniciar um namoro de olhos nos olhos com as minhas cerejas e sonhar daqui a um mês, dois, quando estiverem enormes, vermelhinhas, apetitosas...
Elas não se intimidam nem se envergonham.
Perceberam quem lhes quer tão bem. Ninguém mais as olha deste jeito, que parece que estou a chegar em Luanda e as quitandeiras oferecem para a " esquebra " mais uma manga, um tambarino, ou meia lata de maçãs da índia e na boca a água cresce num crescendo que nem posso falar senão babo-me, como bebé augado.
O vento sopra-lhes ao ouvido, os pássaros cantam junto delas. Os melros penduram-se nos seus ramos, mas eu cheguei primeiro. Estou de marcação desde o ano passado, quando subi a escada e sem sair da árvore iniciei o meu banquete.
Hoje, domingo dia santo e feriado, vim para o campo passar o dia. Ouvir a passarada, olhar o verde das árvores, contemplar o azul do céu e sentir o perfume das rosas.
Espreitar as minhas cerejas, sonhar que o mundo é perfeito...

3 comentários:

anónimo disse...

quando ficarem maduras, me chama vai, para comer contigo dessas cerejas.

Manuela disse...

Olha! São as minhas cerejas. Grande engano o seu quando afirma que mais ninguém as olha assim. Com toda a certeza ainda não reparou no olhar dos "MELROS".

Manuela disse...

Olha! São as minhas cerejas. Grande engano o seu quando afirma que mais ninguém as olha assim. Com toda a certeza ainda não reparou no olhar dos "MELROS".