sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sinais


Estava sentada no interior de um autocarro a caminho do centro de Genéve.
Num dos ouvidos a par com o ouvido da minha amiga, os fones, a escutar música de Angola.
De repente, olho à minha frente e vejo, na parte de trás do banco da frente, escrita ,a minha data de aniversário...estranhamente referindo a família. E um coração com duas asas.
Se quisesse agarrar este coração voador, tinha muito que planar nas asas desta liberdade da família, que estava a sentir pela segunda vez em poucos meses. A primeira foi voando para a minha Luanda, que largara, aos puxões, empurrões e finca pés.
Olhei a minha kamba e de um só fôlego, fotografei. O sinal. Porque era um sinal. Para mim, claro.
Ou para quem o escreveu, de que não tem respeito pelo outro, o que trabalhou na linha de montagem do autocarro. E fez os estofos. E os aplicou. E o motorista que nos transporta a todos os que sentam naquele lugar usurpando a minha data sagrada. E os que olham sentados onde eu estava, antes e depois de eu sentar.
Mas para mim, não. Era só um sinal a que me agarrei. E funcionou. E funciona...

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