foto tukayana.blog.spotAi que sede! Ai que sede...
A temperatura não é exageradamente alta, mas, até no buço, na nuca, por baixo do relógio, o suor nasce, querendo dizer que estamos a mudar para os trópicos e ninguém nos avisou, e não tarda nada, ver-nos-emos em plena áfrica; só faltarão as árvores das patacas para uns quantos abanarem como quem abana uma pitangueira carregada de pitangas. E o apelo a áfrica lembra uma limonada. Duas limonadas.
Aqui não, apesar de ser uma esplanada bonita. Simpática sim. E recente. Isso é que foi bem feito. Devia haver mais. Bem na praça, com o tejo a saudar quem está, quem passa, quem fica e quem parte.
Aqui não? Porque não? Estou de férias. Porque não? Levam-nos couro e cabelo. Que se lixe. Se não experimentarmos nunca o saberemos. Está uma brisa amena, debaixo dos chapéus brancos, novos e limpos. Nas mesas, não em todas, um vaso de manjerico. Eu quero uma mesa com um manjerico, para lhe tocar e cheirar a seguir.
Ai os manjericos da minha mãe...do quintal da casa nº162. Não é a casa nº126. Essa é a casa que tinha as mangueiras, goiabeiras, pitangueiras, fruta-pinha ,um mamoeiro, o tanque dos peixes vermelhos e lesmas passeando-se nas manhãs de cacimbo. E à noite, morcegos de volta das mangas maduras que caiam para cima do telhado. Bem sei que parece a mesma, mas o número está trocado. Eu não. Na casa dos manjericos, o número de porta era o 162. E não tinha só manjericos. Tinha cristas de galo também. Um macaco, herança do Sr. Praça, antigo rendeiro, fazendeiro de café, no mato, e comerciante na cidade, que se mudou para o Bairro Operário, pertinho da igreja de s. paulo. No 162, havia também um pombal com pombos anilhados. E uma hortinha com abóboras tão grandes que eu não podia com elas. E tomates. Grandes e redondos. E salsa e hortelã. E couves. Daquelas que cresciam, cresciam e davam uma flores amarelas.
Porque raio me lembrei da horta se o que eu queria era cheirar o manjerico da mesa onde me sentei para beber uma limonada... Uma limonada? Mais de 2 quilos de limões, não, de limas, que são mais caras. E dois ou três pacotes de quilo de açúcar e mais de um garrafão de cinco litos de água do luso. Ah, mas tinha o manjerico na mesa. Para lhe tocar de mansinho e depois cheirar. Ah... e tinha uma mesa mesmo atrás de mim com meia dúzia de pessoas, género masculino e feminino que diziam palavrões daqueles que nunca imaginei que algum dia pudessem ser ditos assim, de graça, numa conversa, entre gargalhadas, confidências e curiosidades. Ninguém estava ali para se zangar. Eu julgava que nós diziamos asneiras cabeludas quando estávamos pelos cabelos com uma situação, uma pessoa ou contra o F.M.I. Mas não. Não posso concluir isso, apenas pelo que eu faço.
Os tempos mudaram. As limonadas voltaram a estar na moda. Os miúdos, ( qualquer um ), quando não bebem álcool, gostam de beber uma limonada. É recente esta moda. Quando dei por isso até eu voltei a sentir o velho apelo ao sabor das limonadas que o pai fazia, não com limões grandes e de casca amarela, mas com limas, verdes e redondinhas, cortadas às rodelas, muito gelo e açúcar. Aqui, na esplanada da praça, em frente ao rio, ( isto paga-se ), não bebemos uma limonada destas, pelo valor pedido, podiamos beber uma pipa de limonada do pai, feita com limas, que são mais caras. Mas de que me queixo eu, se me sentei numa mesa com um manjerico em frente ao rio numa praça tão só, mas tão nobre?
O vento na cara sabe bem, a limonada também e antes de sair hei-de ir ver como é, lá para dentro, no interior das arcadas. Há-de ser um luxo, Hei-de vê-lo, macacos me mordam que faz um calor tropical!
Até chegar às casas de banho atravesso a sala das refeições propriamente dita e gosto. Encantou-me o gosto da decoração. Com algum requinte e bastante beleza. Nada que iniba um ser como eu, que pôe nódoas na roupa enquanto come, deixa cair o talher ou que tomba o copo, num desses azares de sexta-feira treze. Pelo contrário. Senti vontade de ficar para jantar. Não faço contas à vida, até porque a minha vida não é esta. Mas que gostava de perceber se é bom jantar neste lugar, gostava. A tarde está no fim. A limonada desapareceu, fiquei com o cheiro gostoso do manjerico, apesar dos santos já lá irem e despeço-me rapidamente do lugar. Olho os jovens da mesa de trás. Um deles olha para mim. Absolutamente normais. Tinham mudado o rumo da conversa e falavam com desprezo de um festival de música na Damaia. Elas muito mais críticas que eles. Há-de ter uma qualidade esse festival!!! diz uma. Eles é que lá tinham ido ouvir heavy metal. A Damaia é uma zona fixe. Os arredores é que são fatelas, diz ele na esperança de ser compreendido. Provavelmente arrependido de ter feito essa inconfidência.
Atravessei a rua e segui pela rua Augusta abaixo. Ou acima...
A temperatura não é exageradamente alta, mas, até no buço, na nuca, por baixo do relógio, o suor nasce, querendo dizer que estamos a mudar para os trópicos e ninguém nos avisou, e não tarda nada, ver-nos-emos em plena áfrica; só faltarão as árvores das patacas para uns quantos abanarem como quem abana uma pitangueira carregada de pitangas. E o apelo a áfrica lembra uma limonada. Duas limonadas.
Aqui não, apesar de ser uma esplanada bonita. Simpática sim. E recente. Isso é que foi bem feito. Devia haver mais. Bem na praça, com o tejo a saudar quem está, quem passa, quem fica e quem parte.
Aqui não? Porque não? Estou de férias. Porque não? Levam-nos couro e cabelo. Que se lixe. Se não experimentarmos nunca o saberemos. Está uma brisa amena, debaixo dos chapéus brancos, novos e limpos. Nas mesas, não em todas, um vaso de manjerico. Eu quero uma mesa com um manjerico, para lhe tocar e cheirar a seguir.
Ai os manjericos da minha mãe...do quintal da casa nº162. Não é a casa nº126. Essa é a casa que tinha as mangueiras, goiabeiras, pitangueiras, fruta-pinha ,um mamoeiro, o tanque dos peixes vermelhos e lesmas passeando-se nas manhãs de cacimbo. E à noite, morcegos de volta das mangas maduras que caiam para cima do telhado. Bem sei que parece a mesma, mas o número está trocado. Eu não. Na casa dos manjericos, o número de porta era o 162. E não tinha só manjericos. Tinha cristas de galo também. Um macaco, herança do Sr. Praça, antigo rendeiro, fazendeiro de café, no mato, e comerciante na cidade, que se mudou para o Bairro Operário, pertinho da igreja de s. paulo. No 162, havia também um pombal com pombos anilhados. E uma hortinha com abóboras tão grandes que eu não podia com elas. E tomates. Grandes e redondos. E salsa e hortelã. E couves. Daquelas que cresciam, cresciam e davam uma flores amarelas.
Porque raio me lembrei da horta se o que eu queria era cheirar o manjerico da mesa onde me sentei para beber uma limonada... Uma limonada? Mais de 2 quilos de limões, não, de limas, que são mais caras. E dois ou três pacotes de quilo de açúcar e mais de um garrafão de cinco litos de água do luso. Ah, mas tinha o manjerico na mesa. Para lhe tocar de mansinho e depois cheirar. Ah... e tinha uma mesa mesmo atrás de mim com meia dúzia de pessoas, género masculino e feminino que diziam palavrões daqueles que nunca imaginei que algum dia pudessem ser ditos assim, de graça, numa conversa, entre gargalhadas, confidências e curiosidades. Ninguém estava ali para se zangar. Eu julgava que nós diziamos asneiras cabeludas quando estávamos pelos cabelos com uma situação, uma pessoa ou contra o F.M.I. Mas não. Não posso concluir isso, apenas pelo que eu faço.
Os tempos mudaram. As limonadas voltaram a estar na moda. Os miúdos, ( qualquer um ), quando não bebem álcool, gostam de beber uma limonada. É recente esta moda. Quando dei por isso até eu voltei a sentir o velho apelo ao sabor das limonadas que o pai fazia, não com limões grandes e de casca amarela, mas com limas, verdes e redondinhas, cortadas às rodelas, muito gelo e açúcar. Aqui, na esplanada da praça, em frente ao rio, ( isto paga-se ), não bebemos uma limonada destas, pelo valor pedido, podiamos beber uma pipa de limonada do pai, feita com limas, que são mais caras. Mas de que me queixo eu, se me sentei numa mesa com um manjerico em frente ao rio numa praça tão só, mas tão nobre?
O vento na cara sabe bem, a limonada também e antes de sair hei-de ir ver como é, lá para dentro, no interior das arcadas. Há-de ser um luxo, Hei-de vê-lo, macacos me mordam que faz um calor tropical!
Até chegar às casas de banho atravesso a sala das refeições propriamente dita e gosto. Encantou-me o gosto da decoração. Com algum requinte e bastante beleza. Nada que iniba um ser como eu, que pôe nódoas na roupa enquanto come, deixa cair o talher ou que tomba o copo, num desses azares de sexta-feira treze. Pelo contrário. Senti vontade de ficar para jantar. Não faço contas à vida, até porque a minha vida não é esta. Mas que gostava de perceber se é bom jantar neste lugar, gostava. A tarde está no fim. A limonada desapareceu, fiquei com o cheiro gostoso do manjerico, apesar dos santos já lá irem e despeço-me rapidamente do lugar. Olho os jovens da mesa de trás. Um deles olha para mim. Absolutamente normais. Tinham mudado o rumo da conversa e falavam com desprezo de um festival de música na Damaia. Elas muito mais críticas que eles. Há-de ter uma qualidade esse festival!!! diz uma. Eles é que lá tinham ido ouvir heavy metal. A Damaia é uma zona fixe. Os arredores é que são fatelas, diz ele na esperança de ser compreendido. Provavelmente arrependido de ter feito essa inconfidência.
Atravessei a rua e segui pela rua Augusta abaixo. Ou acima...
1 comentário:
quem me dera agora, uma limonada. continuação de boas andanças por Lisboa. beijos
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