anónimo

Atendi o telefone. E disse o que digo sempre.
Do outro lado uma voz de mulher. Estranhando porque era duma repartição pública. Ou fingindo que estranhava. Sabe-se lá o que é verdade...
- Minha senhora, queria falar com a Srª. D. Maria Clara.
- Sou eu.
Disse-me que era da parte da La Redoute.
Eu que achava que vinha aí a segunda edição da saga Meo, fiquei intrigada. Disse à senhora que não podia atendê-la. Porque sei que quem quer vender algo esquece o relógio. Pediu-me o contacto para me ligar mais tarde. E eu dei. E arrependi-me no segundo seguinte.
E percebo que sou burra que nem um tamanco. Como é que caí na canção do bandido?
Horas depois, o telemóvel tocou. No ecran - desconhecido -. Acho que esta palavra me criou um trauma grande. De a ler tantas vezes ao longo de quase um ano, quando um pseudo desconhecido quis perturbar-me e levar-me ao desespero.
Hoje experimentei de novo essa sensação má de insegurança e receio.
Atendi e disse: estou? de imediato desligou.
Ficou a dúvida. Será que a criatura que falou comigo à tarde não era da La Redoute?
Eu acho que apesar de desconhecido, devo sempre atender. Pode ser importante. As minhas pessoas estão longe de mim. Nunca sei se tem a ver com elas. Ou com outras.
Não voltou a ligar. Uma coisa é certa. Desbronquei-me dando o meu número de telefone móvel.
Não devia ser grave. Mas pode ser.