Lembras-me adolescência sonhando futuros.
Primeira falta. Alegria. Semente dentro de mim. Crescendo. Sabia-te menina. Caracóis nos cabelos negros. Olhos pretos e brilhantes. Sorriso puro.
Lembras-me casaquinhos de malha e botinhas, feitos por mim. Com tanto amor. É isso, lembras-me amor em doses gigantescas desde mim até ao infinito.
E lembras-me Outono. Mês de Novembro. Véspera da comemoração da Independência da minha terra. Véspera de São Martinho. Lembras-me vésperas, porque não vieste ao acaso. Foste planeada e desejada.
Outono. Chuva e frio. Escorpião. Maças assadas. Espera e ansiedade. Lembras-me sono. Muito sono...fuga.
Lembras-me enfermaria. Freira. Média luz. Sala de partos. Relógio redondo. Na parede por detrás de mim. Marquesa. Auxiliar bondosa carregando na minha barriga. E a freira chamando-me filha. E eu pasmada de espanto e medo. E tentando obedecer ao que me pediam. Respirar, fazer força, respirar e força. Não a força na garganta, mas no ventre. Nos músculos.
Lembras-me momento nunca vivido. Lembrança que estará sempre presente. Momento de felicidade. Quando te ouvi chorar e te vi ao dependurão. Muito cabelo, escurinha e gordinha que eu sei lá.
Lembras-me prazer de te saber uma menina. A roupinha preparada. Alívio. Afinal, não morrera e ainda por cima nem sequer fora muito doloroso. Afinal era capaz de parir e de te pôr deste lado da vida.
Por isso me lembras coragem. Sorriso. O paraíso depois da tormenta.
Lembras-me horas. No destino. 00,40 horas do dia 10 de Novembro de 1981.
Calorzinho vindo de ti. Bebé chorão. Fatinho rosa e azul. Embrulhada na mantinha.
Lembras-me vida à vista. Materializada em 50 cms e 4,200kgs. Muito cabelo e muito morena.
Cheiro de bebé limpinho. A talco e creme.
Lembras-me abraços e beijos.
Lembras-me que ser mãe é a coisa melhor do Mundo.
Que desde então sou muito mais feliz e completa.
Lembras-me que todos os dias agradeço ter-te. Seres minha filha.
Obrigada princesa, por Deus te ter escolhido para seres a minha menina.
E muitos parabéns. E tudo, mas tudo de bom na vida que vais viver e que quero longa e feliz.
Hoje dou-te um abraço maior do que o Universo.
Daqueles que não caibam em todas as eternidades que possam existir.
De nós até ao infinito dos infinitos...
3 comentários:
Texto mais lindo, Clara. Parabéns à mãe.
Obrigada, minha querida Sónia.
Abraço grande.
Beijos, todos.
Gosto muito de ler o amor que te une aos teus filhos.
Parabéns atrasados.
Beijos para ambas. E para o rapaz também.
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