domingo, 4 de abril de 2010

Tratamento vip...íssmo!


Que é mesmo verdade que os ( alguns ) angolanos, vêm a Lisboa fazer compras, já eu sabia que sim, antes mesmo de ser notícia ( escandalosa ) nos jornais ( alguns ) portugueses. E que escandalizou os ( alguns ) retornados, que acham que eles não merecem, que não têm gosto, que não são honestos, porque têm poder de compra para se instalarem num voo de 7 + 7 horas e num fim de semana prolongado, aqui os temos, enfarpelados em roupas quentes que o frio ainda não nos deixou e lá é tempo das chuvas, dos mosquitos e do calor, também.
Que há-os, que até vêm apenas para passar fins de semana de 2 dias também os há e eu conheço de uns e de outros.
Mas que são ostensivamente bem atendidos nessas lojas caríssimas, de marcas muito boas, existentes na capital, é que não sabia, nem tão pouco constatara tal facto. Este fim de semana, por circunstâncias várias e que, claro, não vêm agora ao caso, eu observei " in loco ", o que aqui estou a afirmar.
Eu entrei nas lojas acompanhada de uma pessoa que foi às compras. E comprou. E saiu muito satisfeita. E pelo meio, o tempo que demora, desde a entrada até à saída, teve sempre tratamento cinco estrelas, vipíssimo, íssimo, íssimo. Despachadíssimos a aliviá-la de outros sacos de outras lojas, com sorrisos exageradamente francos para serem naturais, com tratamento íntimo como se tivessem sido colegas de colégio em Luanda, porque estes empregados, depressa percebem que os clientes são angolanos e estão de passagem e sabem como eu já sei há muito, que os angolanos residentes em Angola, sobretudo, os de Luanda, com poder de compra, compram fora, na Europa, no Brasil, na África do Sul, na Namíbia. Quer dizer, saberão pelo menos, que em Lisboa, compram. Com beijos de despedida e os sacos gentilmente levados até à porta da loja, para só depois serem entregues ao cliente.
Não vi nunca um esgar de enfado, no facis destes profissionais.
A pessoa com quem andei, minha amiga, está habituada a comprar em Lisboa e noutras cidades dos países que mencionei. Para ela, o atendimento é o que deve ser, acha-o natural, e age e reage naturalmente a todos os estímulos.
Para mim, não. Não compro nas marcas caras e boas. Não tenho poder de compra. Muito, de vez em quando, " engano-me " e entro, e compro. Nunca fui atendida deste jeito. Já tenho entrado a acompanhar outras pessoas. Angolanas, a viverem em Portugal, mas que ninguém adivinha. Portuguesas. E nunca vi tantos salamaleques. Vejo bom profissionalismo, alguma simpatia, cuidados, mas...ao ponto de sentir vergonha por estar a assistir ao espectáculo ridículo de gente que se coloca num lugar tão deprimente, como me foi dado ver, desconfiava que sim mas ainda não tivera oportunidade de observar e participar.
A minha amiga diz que eles são simpáticos...eu, eu direi antes, servis, aduladores e cínicos. Mas não terão uma culpa solitária. A culpa imediata é dos que representam as marcas, dos responsáveis pelas lojas, que instruem os seus empregados, nesse sentido, porque sabem que os dólares são muitos, o dinheiro vivo lhes salta para as gavetas e que os angolanos gostam de comprar em Portugal e compram todos os artigos que precisam, para três, seis meses, um ano.
Quando é que Angola terá lojas para todas as bolsas, artigos para todos os gostos e gostos para todas as vaidades? E quando é que os angolanos começam a acreditar que quanto mais aproximados, dos outros países os preços estiverem, mais probabilidades têm das divisas não sairem do país?
Esperemos que essa " volta " também seja dada, como outras o estão a ser...

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