quarta-feira, 7 de abril de 2010

O campo e as suas gentes









As gentes do campo são mais sábias.
Sabem distinguir um bicho de conta duma carraça. Um caracol bom de um que está em formação.
E sabem, pela flor, quantas cerejas uma cerejeira dará. E pelo coaxar das rãs se o calor se instalou.
As gentes do campo são mais pacientes.
Esperam que a nogueira rebente em flor. E que as ameixas e os pêssegos apareçam. Que a chuva passe. E que amanheça.
E são mais trabalhadoras.
Limpam as oliveiras e cortam a lenha, que empilham e arrumam até que o Outono chegue.
Arrancam as ervas daninhas e espantalham os pássaros.
E são mais observadoras.
E olham a parede onde estão as osgas caçando mosquitos, melgas e outros insectos crocantes.
E olham a teia que a aranha tece calmamente, desenhando simetricamente, em bordados de bilros das tecedeiras à moda antiga de Peniche. E espiam a flor que se abre, sorrindo a cada manhã, e se fecha quando o sol se desloca para poente.
E são mais calmas.
O som do campo soa-lhes a música. E os cheiros, a perfume. E o sol, a embalo. E a lua, a namoro.
E a chuva...a benção.
As gentes do campo, são mais felizes. Têm o suficiente...
Têm a cor da paz.

2 comentários:

Manuela disse...

Como eu conheço bem todos estes recantos. Realmente é outro mundo. Tá-se bem!...

Unknown disse...

Só para ver se fica desbloqueado. Bjs