sexta-feira, 2 de abril de 2010

Às vezes, há surpresas da Amizade


Atendi o telefone.
Era uma voz alegre, e sotacando a Luanda. O número, esse era de uma operadora em Portugal.
Chamou-me Clarita. Percebi que me conhecia bem, ou que sabia bem que eu gostava do diminutivo. Não se anunciou. Fez aquilo que eu também gosto de fazer. Prolongar a surpresa.
Procurei na memória o som daquela voz, para não desiludir.Só podia ser de Luanda. Esta alegria genuína,eu a reconheço nos meus patrícios, sem câmara para espreitar e não errar. Às primeiras.
Finalmente, disse quem era. E fiquei numa alegria...
Em Dezembro estive com ele, com a mulher e a filha. Jantámos no Cais de Quatro, ali na Ilha. Foi uma noite magnífica. Mágica, a baía recebendo a luz prateada da lua cheia. O cheiro da noite trouxe-me os cheiros de outros tempos, a tambarinos, goiabas e rosas e os sons dos grilos exaltantes nas noites quentes, como aquela. Há momentos que deviam ser eternos. Há pessoas que nos trazem tempos eternos. E nesses momentos, acreditamos que a felicidade está à espreita, trabalha-se, obtêm-se e pode permanecer. Os gestos deste sentimento inexplicável que tem o valor da amizade, fizeram este telefonema.
São eles que agora estão deste lado da vida. Vieram para um fim de semana prolongado. Para namorarem fora de Luanda. Numa Lisboa namoradeira, dengosa e alcoviteira.
Ele ligou-me. E vou ao seu encontro. Para um abraço de um tamanho sem tamanho. Para estarmos juntos e voltarmos a rir, brincar, conversar, socializar como bons angolanos que somos e quase família, também.
O Filipe é primo dos meus primos e sobrinho da tia Fernanda. É meu amigo. Tem uma mulher linda. E estão em Lisboa, de férias...
Benvindos ...

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