sábado, 24 de março de 2012

indignação


São pétalas, senhores, são pétalas...

Foi no canal da RTP Informação, não no tal (?) que é popularucho, piroso, sensasionalista e que só vê quem merece o país que tem, (?)  que vi  a notícia do dia de ontem, no Terreiro do Paço. 
O milagre das rosas, ups, o gesto dos Indignados para com a polícia, que não tinha  fome, pois essa se a teve na tarde da greve e da consequente manifestação, descarregou a sua carência no lombo de quem se lhe atravessou à frente ou teve a ousadia de mostrar que uma máquina fotográfica não é uma arma e por  isso de uma forma pouco equilibrada,  exerceu o poderzinho dos bastões e houve os que levaram com ele, fossem turistas, jornalistas, manifestantes, ou não.
Nem todos estamos, somos, Indignados.
Há muito filho de muita mãe, há muito filho de muita puta que não se indigna com o curso que o poder leva.
Ontem, vi, com estes olhinhos que andam cansados de ver tanto sacana, um Indignado, marcado pela força dos bastões, e meu senhores, cresceu em mim uma profunda e furiosa indignação, ou não fosse eu filha do transmontano e da beirã, não tivesse nascido em terras de áfrica e não tivesse parido criaturas a quem ensinei o caminho da indignação contra a mentira, a injustiça e a mediocridade.
Ontem, vi o resultado nefasto do poderzinho desesperado, nas marcas cobardamente deixadas na forma de hematomas no corpo dum Indignado. E indignei-me. 
Porque ainda me indigno e porque qualquer um pode ser vítima, seja filho de uma mãe maior ou menor. Basta estar no sítio errado ou não ser carneiro. Basta afinal, ter nascido.
Ouvi na primeira pessoa pela voz de um elemento do movimento os Indignados, pela voz de um homem/menino que está a fazer um doutoramento sério e notável, pela voz de um cidadão exemplar, a narrativa da grotesca carga dos elementos de autoridade (?). E vi. Vi as consequências dessa carga. E olhei o rosto, a postura, o sorriso e ouvi a voz calma desta pessoa com quem passei parte da noite em alegre cavaqueira e tive a certeza de que um Indignado pode ser um amigo, um filho, um vizinho, pode comer à mesma mesa que eu, beber um copo comigo, tornar-se notícia e provocar desdém, ira  e medo, nos que nos fazem cumprir a lei (?). 
Lei? Qual lei?
Oiço constantemente, ouvi ontem junto de mim, dizer-se com certa leviandade ou pelo menos com alguma ligeireza e papagueando outros, que este é o país que temos e merecemos.
É nestas alturas que me distancio completamente do ser portuguesa. Não que fuja com o rabo à seringa quando a coisa está preta mas porque sendo portuguesa/angolana não tenho nada a haver com isto, não me sinto responsável, nem contribuí para o actual estado da nação e sou das que não indo à luta, ainda me indigno e acho que nem todos merecem o país que têm neste momento.
Há algo que me orgulha. Tenho seguidores. Que têm amigos indignados e que não são filhos de uma mãe qualquer. São filhos da nação, que querem justa, livre e próspera.
Foram pétalas, senhores, foram pétalas...
Ainda assim, quero acreditar que não foram pétalas, ups, pérolas, a porcos, porque também eles, são filhos de muitas mães e despida a farda, o poderzinho, o medo e a vitimização, só não se questionarão se tiverem  sido inteligentemente manipulados pela máquina. E isso, não acredito. Acredito de caras na manipulação, Mas não na inteligência... 

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