segunda-feira, 12 de março de 2012

pela manhã

Ia eu, pensando ainda no fim de semana, regozijando-me de não ter aberto os cordões à bolsa, pois que fiz um fim de semana tão poupado tão poupado que não fiz refeições em casa, não fui às compras, não andei em transportes públicos, não dei presentes a ninguém nem fui à farmácia, que até me surgiu o João S. à memória. Só ele é que ao longo de toda uma vida consegue sustentar um vício que não alimenta com a sua bolsa. Crava aqui, crava acolá e vai fumando diversas marcas de tabaco, conforme os amigos. Eu estive quase na mesma. Com a gula. Sim porque este fim de semana foi um ver se te avias nos petiscos. Estrada abaixo, estrada acima, entre a aldeia e o campo, paredes meias com a cidade. Entre uns afectos e outros.
Ia assim,  distraída com os meus pensamentos quando:
- Hoje vais mais cedo.
- Pois. É do calor. Vamos começar a semana?
- Vamos pois. Todo o dia tem o seu fim. Já faltou mais. Disse-me o João S. pouco animado.
- Vais-te reformar ou quê?
- Eu? Não. Os gajos não me deixam. Dizem que sou imprescindível à recuperação do país. Riu-se.  Ri-me, também. 
- Não sei como - continuou. Só se fôr a vender bilhetes para os putos irem p'ra fora. Sabes que mais? Isto é uma merda!
Sorri ao João S. O fim de semana deve ter corrido mal. E afinal ele até tem razão.

Isto tem dias que é mesmo uma bosta.
Segui o meu caminho, rua abaixo, viaduto acima, nas calmas, que de facto como ele observou, hoje acordei mais cedo, despachei-me mais rápido e tive todo o tempo do mundo para chegar ao meu destino. 

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