Entre estas duas rotundas, sul e norte, venha o diabo e escolha, numa terra de fé, negócio e peregrinos, sobejamente conhecida e visitada.
Porquê? Porque as obras não são as de santa engrácia mas quase, e o pior é que não há quem indique alternativas sendo que as placas ainda confundem mais e todas estas dificuldades nos fazem parecer muito estúpidos e não somos.
Saem duas criaturas de torres novas a tempo e horas o que é um feliz acontecimento, para que uma vá de viagem a partir de Fátima, subindo no mapa. Adianto que como não gosto de falar na terceira pessoa porque nem sou jogador de futebol, nem treinador e tão pouco falo com eles, uma das criaturas era eu e a outra o mano Zé.
Tínhamos meia hora para comprar o bilhete e esperar, eu, que o autocarro vindo de Lisboa e pertencente à auto viação do Tâmega chegasse. Só que quem não sabe é realmente como quem não vê. Anda às apalpadelas e tão devagar que até doi. E mais uma vez comprovo que os ditados populares são sábios como sábio era o sô Santos quando me dizia: Que anjinha! Que é como quem diz: Santa ignorância, que burrinha que és!
É que me convenci que o dito transporte pararia na garagem da rodoviária. Mas não. Depois de muito andarmos rua abaixo rua acima, rotunda abaixo, rotunda acima, lá conseguimos achar a estrada certa e sem impedimentos de obras para a garagem em causa. Só que a menina, antipática que eu sei lá, porque será? mandou-me dar mais uma volta às rotundas porque a agência dos transportes rodoviários que eu desejava, ficava lá para baixo, disse ela a despachar-me, ou senão pergunte aos taxistas que estão aí fora. Ok. O mano Zé perguntou e lá fomos nós, não cantando e rindo, mas inquietos. Eu repetindo a frase do pai, num silêncio a dar para o aborrecido - és uma anjinha - és mesmo uma anjinha, que ainda acreditas no pai natal.
Mano Zé, deserto por me despachar para norte, apostava que poderia ver surgir a camioneta e colocar-se atrás dela numa caça à mesma, albarroando-a num valer tudo menos ficar em terra.
Porque será que nestas terras assim e noutras assado, as pessoas a quem pedimos informações nunca são residentes? Em Fátima não há naturais. Foram todos lá, não ver a bola, mas pagar promessas, rezar terços, vender cautelas, roubar por esticão.
- Mora aqui?
- Não, não.
- Sabe qual é o parque número 14? - Coçam a cabeça como se subitamente tivessem um ninho de lêndias a parir piolhos, olham o horizonte que normalmente é a basílica, na esperança de uma milagreira inspiração e acabam dizendo que vai ser difícil devido às obras. E nós criaturas de Deus vemo-nos ali nas voltas do diabo, quase, quase desistindo.
-Não faz mal. Se me guardarem o troley, lá na garagem da rodoviária ainda vou conhecer a basílica nova.
Sim, porque não conheço essa obra acabada e ao que consta terá custado uma fortuna sendo que tem dentro muito ouro a valer a dita fortuna a acrescentar à da obra. E já me deixava ficar, assim, por isso mesmo, ( que o ser humano quando não é um revoltado é um conformado da tuge ), dando uma volta à localidade que se tornara gigantesca qual confusa metrópole, só porque nos perdemos por estradas e becos sem uma luzinha ao fundo do túnel, ficando sem qualquer saída para às 9, 30 estar sentadinha no autocarro a caminho de Chaves. A minha paciência iria ser testada nas duas horas e meia seguintes, hora a que os expressos tinham marcado uma viatura para Vila Real onde se esperaria mais uma hora para se mudar para Chaves. Uma seca das secas. Começar um fim de semana assim é tudo o que uma criatura quer para ter um enfarte, um avc ou uma dor de barriga daquelas que está proibida de ter quando vai viajar cinco horas quase seguidas num autocarro que tem estabelecido quando e onde parará e que não tem acordo nenhum comigo. Apenas a cobrança de 20 euros. E a obrigação (?) de me transportar em segurança.
Quando o mano Zé já quase desistira do parque 14, da agência e do local onde supostamente pararia a camioneta, eis que, como por milagre ( estávamos na terra deles ) e com dez minutos de atraso, vê a tão desejada e falada camioneta. E como pensara assim o fez. Uma verdadeira corrida atrás dela até que a mesma parou. Vimos surgir a senhora da agência ( somos muito espertos, ou observadores e somamos dois mais dois, dando: mulher da agência que vem tratar assuntos de viagem com motorista ) e confirmei com ela. Disse-me que só havia um bilhete ( sorte a minha ) e lá fui com ela ao outro lado da rua, buscar o dito. O mano Zé esteve a encanar a perna à rã para que o sr. motorista não bazasse sem mim, pois que o senhor estava incomodado porque já vinha atrasado de Lisboa.
E foi assim a minha maratona, ontem, sábado, pela manhã.
Viajei na última fila do autocarro, mais quatro criaturas. Eu bem no meio, tendo espaço para esticar as pernas se fosse caso disso. À minha frente viajavam dois homens mais ou menos da minha idade que nunca se calaram nas 5 horas seguintes. Um do lado direito e outro do esquerdo. Nem o MP4 abafou a gabarolice do que ia do lado direito, naquela de que, estão a ouvir-nos, vou falar para a plateia. Tinham ar de polícias que foram para Lisboa saídos da santa terrinha e tudo o que aprenderam foi por lá mas quando regressam às origens são como os " avecs " . Vêm cheios de si e dos outros. Mas pronto, entre passar pelas brasas e ouvir música, comer mentos e halls de limão, ver a paisagem e escrever, o tempo passou-se.
De vez em quando olhava os montes, as serras e as fragas e ia jurar que ouvia o sô Santos dizer - És uma anjinha! abanando a cabeça e repetindo - és mesmo uma anjinha! e o mano Zé acrescentar - Que vaca que tens! quando, depois da perseguição ao autocarro 10 minutos depois da hora de saída, percebeu que havia um único lugar " reservado " para mim.
Pois então não dizem que guardado está o bocado para quem o há-de comer? E eu tenho dentes até às orelhas. E estou de bem com Deus em qualquer lado sobretudo em terras de aparições e milagres, achando natural que o " milagre " se tenha dado. Ou será que foi apenas e só uma feliz coincidência, o universo unir-se para me facilitar a vidinha?
Ainda não foi desta que conheci a basílica nova de Fátima. Mas que andei rua abaixo rua acima entre a rotunda sul e a rotunda norte, andei, e fiquei com uma noção do inferno que é visitar um lugar de fé em época de obras nas estradas e acessos às mesmas.
E reafirmei a certeza de que o que tiver de ser, será.
Cheguei a Trás-os-Montes. Estou em Chaves, onde este fim de semana se festejam os Santos numa Feira dos Santos do mais rico e belo.
Também nós festejamos o aniversário da minha prima Leonor, com um jantar magnífico, entradas muito saborosas, sobremesas deliciosas, um bom vinho e champanhe para comemorar, num ambiente familiar onde não faltou uma guitarra para um dos mais novos da família tocar os parabéns à avó, e um divertidíssimo karaok.
Sou ou não sou uma pessoa de sorte? Serei uma anjinha mas de vez em quando tenho uma vaca daquelas...mas mais importante do que tudo isto é que de facto estou de bem com Deus, porque tudo o que faço é inocente, porque me apetece e o sinto e sobretudo porque para além de gostar de mim, gosto demais dos outros quando os outros são aqueles que classifico de - minhas pessoas.
Porquê? Porque as obras não são as de santa engrácia mas quase, e o pior é que não há quem indique alternativas sendo que as placas ainda confundem mais e todas estas dificuldades nos fazem parecer muito estúpidos e não somos.
Saem duas criaturas de torres novas a tempo e horas o que é um feliz acontecimento, para que uma vá de viagem a partir de Fátima, subindo no mapa. Adianto que como não gosto de falar na terceira pessoa porque nem sou jogador de futebol, nem treinador e tão pouco falo com eles, uma das criaturas era eu e a outra o mano Zé.
Tínhamos meia hora para comprar o bilhete e esperar, eu, que o autocarro vindo de Lisboa e pertencente à auto viação do Tâmega chegasse. Só que quem não sabe é realmente como quem não vê. Anda às apalpadelas e tão devagar que até doi. E mais uma vez comprovo que os ditados populares são sábios como sábio era o sô Santos quando me dizia: Que anjinha! Que é como quem diz: Santa ignorância, que burrinha que és!
É que me convenci que o dito transporte pararia na garagem da rodoviária. Mas não. Depois de muito andarmos rua abaixo rua acima, rotunda abaixo, rotunda acima, lá conseguimos achar a estrada certa e sem impedimentos de obras para a garagem em causa. Só que a menina, antipática que eu sei lá, porque será? mandou-me dar mais uma volta às rotundas porque a agência dos transportes rodoviários que eu desejava, ficava lá para baixo, disse ela a despachar-me, ou senão pergunte aos taxistas que estão aí fora. Ok. O mano Zé perguntou e lá fomos nós, não cantando e rindo, mas inquietos. Eu repetindo a frase do pai, num silêncio a dar para o aborrecido - és uma anjinha - és mesmo uma anjinha, que ainda acreditas no pai natal.
Mano Zé, deserto por me despachar para norte, apostava que poderia ver surgir a camioneta e colocar-se atrás dela numa caça à mesma, albarroando-a num valer tudo menos ficar em terra.
Porque será que nestas terras assim e noutras assado, as pessoas a quem pedimos informações nunca são residentes? Em Fátima não há naturais. Foram todos lá, não ver a bola, mas pagar promessas, rezar terços, vender cautelas, roubar por esticão.
- Mora aqui?
- Não, não.
- Sabe qual é o parque número 14? - Coçam a cabeça como se subitamente tivessem um ninho de lêndias a parir piolhos, olham o horizonte que normalmente é a basílica, na esperança de uma milagreira inspiração e acabam dizendo que vai ser difícil devido às obras. E nós criaturas de Deus vemo-nos ali nas voltas do diabo, quase, quase desistindo.
-Não faz mal. Se me guardarem o troley, lá na garagem da rodoviária ainda vou conhecer a basílica nova.
Sim, porque não conheço essa obra acabada e ao que consta terá custado uma fortuna sendo que tem dentro muito ouro a valer a dita fortuna a acrescentar à da obra. E já me deixava ficar, assim, por isso mesmo, ( que o ser humano quando não é um revoltado é um conformado da tuge ), dando uma volta à localidade que se tornara gigantesca qual confusa metrópole, só porque nos perdemos por estradas e becos sem uma luzinha ao fundo do túnel, ficando sem qualquer saída para às 9, 30 estar sentadinha no autocarro a caminho de Chaves. A minha paciência iria ser testada nas duas horas e meia seguintes, hora a que os expressos tinham marcado uma viatura para Vila Real onde se esperaria mais uma hora para se mudar para Chaves. Uma seca das secas. Começar um fim de semana assim é tudo o que uma criatura quer para ter um enfarte, um avc ou uma dor de barriga daquelas que está proibida de ter quando vai viajar cinco horas quase seguidas num autocarro que tem estabelecido quando e onde parará e que não tem acordo nenhum comigo. Apenas a cobrança de 20 euros. E a obrigação (?) de me transportar em segurança.
Quando o mano Zé já quase desistira do parque 14, da agência e do local onde supostamente pararia a camioneta, eis que, como por milagre ( estávamos na terra deles ) e com dez minutos de atraso, vê a tão desejada e falada camioneta. E como pensara assim o fez. Uma verdadeira corrida atrás dela até que a mesma parou. Vimos surgir a senhora da agência ( somos muito espertos, ou observadores e somamos dois mais dois, dando: mulher da agência que vem tratar assuntos de viagem com motorista ) e confirmei com ela. Disse-me que só havia um bilhete ( sorte a minha ) e lá fui com ela ao outro lado da rua, buscar o dito. O mano Zé esteve a encanar a perna à rã para que o sr. motorista não bazasse sem mim, pois que o senhor estava incomodado porque já vinha atrasado de Lisboa.
E foi assim a minha maratona, ontem, sábado, pela manhã.
Viajei na última fila do autocarro, mais quatro criaturas. Eu bem no meio, tendo espaço para esticar as pernas se fosse caso disso. À minha frente viajavam dois homens mais ou menos da minha idade que nunca se calaram nas 5 horas seguintes. Um do lado direito e outro do esquerdo. Nem o MP4 abafou a gabarolice do que ia do lado direito, naquela de que, estão a ouvir-nos, vou falar para a plateia. Tinham ar de polícias que foram para Lisboa saídos da santa terrinha e tudo o que aprenderam foi por lá mas quando regressam às origens são como os " avecs " . Vêm cheios de si e dos outros. Mas pronto, entre passar pelas brasas e ouvir música, comer mentos e halls de limão, ver a paisagem e escrever, o tempo passou-se.
De vez em quando olhava os montes, as serras e as fragas e ia jurar que ouvia o sô Santos dizer - És uma anjinha! abanando a cabeça e repetindo - és mesmo uma anjinha! e o mano Zé acrescentar - Que vaca que tens! quando, depois da perseguição ao autocarro 10 minutos depois da hora de saída, percebeu que havia um único lugar " reservado " para mim.
Pois então não dizem que guardado está o bocado para quem o há-de comer? E eu tenho dentes até às orelhas. E estou de bem com Deus em qualquer lado sobretudo em terras de aparições e milagres, achando natural que o " milagre " se tenha dado. Ou será que foi apenas e só uma feliz coincidência, o universo unir-se para me facilitar a vidinha?
Ainda não foi desta que conheci a basílica nova de Fátima. Mas que andei rua abaixo rua acima entre a rotunda sul e a rotunda norte, andei, e fiquei com uma noção do inferno que é visitar um lugar de fé em época de obras nas estradas e acessos às mesmas.
E reafirmei a certeza de que o que tiver de ser, será.
Cheguei a Trás-os-Montes. Estou em Chaves, onde este fim de semana se festejam os Santos numa Feira dos Santos do mais rico e belo.
Também nós festejamos o aniversário da minha prima Leonor, com um jantar magnífico, entradas muito saborosas, sobremesas deliciosas, um bom vinho e champanhe para comemorar, num ambiente familiar onde não faltou uma guitarra para um dos mais novos da família tocar os parabéns à avó, e um divertidíssimo karaok.
Sou ou não sou uma pessoa de sorte? Serei uma anjinha mas de vez em quando tenho uma vaca daquelas...mas mais importante do que tudo isto é que de facto estou de bem com Deus, porque tudo o que faço é inocente, porque me apetece e o sinto e sobretudo porque para além de gostar de mim, gosto demais dos outros quando os outros são aqueles que classifico de - minhas pessoas.
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