Ainda faltavam dez minutos para as oito quando saí de casa. Não fora ter deixado o cartão no computador e teria tempo para umas fotos que ando para fazer a partir da minha rua e apanhando o vale do Alvorão. Torres Novas tem a paisagem mais bonita, de todas, a partir da minha rua, o que não faz dela a rua mais bonita. Apenas o ponto de partida para chegar a belas imagens de luz a que não poderão fugir todo o vale a perder de vista para os lados da serra de Aire, nos caminhos, montes e ladeiras até Fátima.
Calmamente cheguei à paragem que tem, nas traseiras a morgue do antigo hospital e na frente a Escola Prática de Polícia. Já lá estavam duas miúdas que apanham o TUT ali. Uma delas a miúda que usa aparelho para corrigir os dentes e que é muito malcriada, a tal que se pegou comigo por causa do chapéu de chuva e a quem me apeteceu dar-lhe dois pares de lambadas bem assentes, tal como um dia lá atrás, na terra que tem o sol mais lindo do meu mundo, as dei à Mulombosa, minha vizinha por me ter chamado uns mimos que não admiti, tinha eu então dezasseis anos, que até lhe saltou o brinco de ouro branco da sua perfeita orelhinha.
O sr. margarido demorava a chegar. Já o TUT passara e apanhara as miúdas e o motorista me questionara sobre a minha ida tendo o meu dedo indicador da mão canhota lhe dito que não, quando finalmente um autocarro estancou a escassos centímetros de mim. Não era o sr. Margarido. O motorista que eu também conheço, embora raramente faça este serviço para Leiria, abriu a porta e disse:
- É para Alcanena?
- Sim.
- Entre. Hoje substituo o Margarido.
Entrei, agradecendo.
Calmamente cheguei à paragem que tem, nas traseiras a morgue do antigo hospital e na frente a Escola Prática de Polícia. Já lá estavam duas miúdas que apanham o TUT ali. Uma delas a miúda que usa aparelho para corrigir os dentes e que é muito malcriada, a tal que se pegou comigo por causa do chapéu de chuva e a quem me apeteceu dar-lhe dois pares de lambadas bem assentes, tal como um dia lá atrás, na terra que tem o sol mais lindo do meu mundo, as dei à Mulombosa, minha vizinha por me ter chamado uns mimos que não admiti, tinha eu então dezasseis anos, que até lhe saltou o brinco de ouro branco da sua perfeita orelhinha.
O sr. margarido demorava a chegar. Já o TUT passara e apanhara as miúdas e o motorista me questionara sobre a minha ida tendo o meu dedo indicador da mão canhota lhe dito que não, quando finalmente um autocarro estancou a escassos centímetros de mim. Não era o sr. Margarido. O motorista que eu também conheço, embora raramente faça este serviço para Leiria, abriu a porta e disse:
- É para Alcanena?
- Sim.
- Entre. Hoje substituo o Margarido.
Entrei, agradecendo.
- O Margarido disse-me que a senhora que trabalha no tribunal costuma entrar aqui, por isso parei.
Agradeci de novo.
Os motoristas da Rodoviária são uns queridos.
Agarrei neles e coloquei-os na minha lista.
Qual lista?!
Aquela que tem o tamanho da minha gratidão.
Qual lista?!
Aquela que usarei quando me sair o euromilhões.
Enquanto isso, aquela que mora no meu coração.
1 comentário:
Belo texto! Consegui visualizar o local.
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