domingo, 20 de março de 2011

antes que...

Esta sala não é senão a sala de refeições do " Café Central " na vila da Golegã.
A vila dos cavalos e do S. Martinho. A poucos quilómetros de torres novas.
Uma terra à mão de semear para onde os torrejanos e seus habitantes, como eu, vão passear, jantar e divertir-se; a sério, na Golegã as pessoas podem divertir-se.
Sendo uma terra rural, é cheia de pequenos pormenores que a tornam meio snob. Tais como as quintas antigas, pertença de gente que ali vai aos fins de semana e na Feira do cavalo, e alguns restaurantes aonde o guardanapo ainda é de pano, ou mais típicos, onde se vai comer peixe de rio, sim porque o rio passa ali à beirinha de nós.
A Golegã tem um café e restaurante no largo da Igreja que se chama Central e pertencia à D. São. Tinha como empregados alguns dos seus afilhados. Hoje já não sei se será assim.
O edifício tem dois andares. O térreo e outro. Nesse, as salas serviam para baptizados, casamentos e outros.
Um segredo que há muito deixou de ser e que não me incomoda sequer falar nele, foi, que ali foi a festa do meu casamento, que custou 74 contos.
Durante muitos anos voltei, em dias oito de cada mês, para comemorar. O ser humano tem cada coisa!...
Depois os restaurantes proliferaram e a escolha recaiu nos novos e modernos espaços e esqueci a Golegã que era um atraso de vida à época, as comemorações e até os dias oito.
Este fim de semana, que nada tem a ver com comemorações, voltei ao bife da central.
O bife à Central é famoso. Tão famoso que ali se vai propositadamente para o comer. É aparentemente banal. Mas o seu sabor e textura... vai lá vai, como se diz por aqui...
Para além de encontrarmos gente que já não viamos há muito tempo, aliás quase todas as pessoas eram de torres novas, o que vemos mesmo, é gente que perde um pouco da etiqueta e vai com o garfo cheio de batatas ao molho delicioso que ainda ficou na travessa. Quando não pega num pedaço de pão para " limpar " a dita...
O preço, enfim, estamos em crise, aliás o tema do jantar foi esse mesmo, que já não nos sai do pensamento o pec 3, 4 e o raio que os parta a todos que o que deviam era juntar-se e criarem um governo para salvarem este país que está à rasca, completamente de tanga mas que do calor de África para estar à vontadinha só nos têem a nós os africanos que aqui vivemos. Por isso, dez euros para uma refeição normal, um bife de vaca fantástico, batatas fritas, arroz e ovo estrelado ( não confundir com bitoque ) é muito? Não é, concerteza.
Para mim não foi. Se eu pagasse dez euros para exorcisar todos os lugares onde fui feliz e que hoje ainda doem e não fazem, já, sentido na minha vida, andava sempre com notas de dez euros para resolver todos esses " traumas ".
Não sei se gostam do Ribatejo. Eu acho francamente que deviam conhecer e iriam gostar, certamente. Não sei se gostam de bifes. Aqui, neste restaurante há até um menino simpático, empregado da casa, que aconselha bife e meio em vez de três meias doses, porque fica mais barato. E olhem que ele sabe do que fala e soube também que as três pessoas que ali estavam, pelo andar da carruagem, porque basta olhar para nós, nem será preciso ser um empregado muito experiente, são pessoas de alimento.
O Central tem outros pratos igualmente bons, nós é que temos a mania do bife à central. Porque a açorda de sável também é bem boa. Enfim, ninguém me paga para a publicidade mas eu gosto de partilhar o que é bom para mim. E acho que tenho bom gosto, por isso...força, metam-se a caminho. Antes que venha aí o FMI e vos tome de assalto as últimas notas de dez euros que ainda têm.

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