É o Outono. A chuva, o frio e o vento. O chapéu de chuva, os botins e o impermeável.
A janela fechada. A lareira acesa. Labaredas. Caruma. Castanhas e água pé.
O olhar sobre o passado.
A saudade. A espera...
Do outro lado do tempo, a chuva, o calor. O pregão. As buzinas. A tifa. A castanha de cajú. O sábado e o domingo. A praia e o baleizão. O mufete.
O sol e o mar.
Estou com um pé cá e outro lá. Já não tenho estação no calendário, nem cruzes quero fazer arredondando dias e noites. Já não quero agasalho, nem mar para sonhar. Nem montes nem serras. Nem becos sem saída.
O meu espaço por preencher está algures, num recanto belo e puro da minha memória fazendo a passagem sem dor nem arrependimentos. Para o outro lado da vida que quero viver tanto. Numa distância que não a medem por dá cá aquela palha.
Está nos sonhos, sentada nos bancos de pedra desta terra . Está nas ondas do mar que leva os segredos que não gosto de guardar. Está nos apelos. Nas rosas e nos tanques do jardim. Nos peixes vermelhos. Na mulemba.
Está em ti.
É Outono aqui. Eu estou outonando num verão de s. martinho.
Quero-o transformado num Sol permanente e tão luminoso como salgado é o mar que me acolherá, rebatizando-me em rituais felizes e religiosos.
Quero estalar os dedos e em artes de mágica transformar o Outono em Verão.
E vou conseguir. Com a ajuda de Deus.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
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2 comentários:
Claro que vais conseguir.
Um beijo.
Eterna saudade, que só sabe, quem lá viveu.
Como eu te entendo, Clara.
Belíssima prosa
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