Hoje
Oito horas.Chovia.
Decidi logo ali ao dobrar da esquina que iria de TUT. Já não tenho idade para chuvas, espirros, lenços de papel ranhosos, pastilhas de mentol, securas e arrepios de febre. Posso não me recompôr. O ano passado estava a ver que não.
O que me custa mais é dar 1,30 € pelo bilhete. Não sou foca, nem lá perto, sou capaz de dar isso ou mais a quem me esticar a mão e disser que quer comer, mesmo desconfiando que não o fará, mas fico com a minha consciência aliviadinha. Para o TUT é que me custa engolir. Mas hoje estava a chover. E por isso tive que abrir os cordões à bolsa, muito contrariadinha.
Só que o TUT chegou atrasado. Enquanto esperava ia arrependendo-me à medida que via os minutos passarem. E como não me perdoo das asneiras que faço, mentalmente rezava numa reza de velha, ronhonhós do tipo, p´ra que é que te metes a besta?! ou, Ias a pé e já lá estavas, sua pindérica...quando o desejado TUT me parou aos pés.
O motorista era um meu conhecido de outras viagens no meu autocarro de todos os dias. Às 8,18 horas ainda não chegara à minha paragem. Olhei o relógio e fiz concerteza uma careta, boa que sou nessas manifestações faciais. Testa franzida, lábios esticados e juntos, tipo cu de galinha e acompanhadas de um suspiro fundo e sonoro. Não faço por mal. Acontece. Fui buscar isto a um qualquer antepassado mal disposto, que há-de ter havido muitos na minha família transmontana que eles não são para brincadeiras.
O motorista olhou-me pelo espelho retrovisor e sorrindo disse-me, a mim que ia logo ali quase que ao seu colo, tal ia o mini-autocarro ( vai sempre sardinha enlatada ):
Não se preocupe. Vai apanhar o seu autocarro porque já telefonei ao meu colega para esperar por si.
Caiu-me tudo. Desfiz a cara feia, sorri-lhe e agradeci grata.
Fiquei a pensar nisto. Fui invadida de uma sensação boa de paz. De lar.
Afinal, ainda vale a pena ser eu.
Afinal ainda vale a pena viver numa cidade como torres novas.
Afinal sou injusta quando lhe chamo tarrafal...
terça-feira, 23 de novembro de 2010
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1 comentário:
Afinal és uma mulher linda consciente e honesta.
Parabéns.
A.L.
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