A Quaresma passa por mim, sem que eu dê por ela.
Antigamente, rumava a Trás-os-Montes, na quinta-feira santa e só regressava na segunda-feira, já os dias e o domingo de Páscoa tinham sido vividos com muita alegria e religiosidade.
Nas aldeias, dessas terras abençoadas, de um Portugal esquecido delas, a Páscoa é o apogeu da Ressurreição. Por isso, a Festa. A família. Os afectos.
A missa, e a visita pascal aos lares. O senhor padre que transportava Cristo na Cruz e que o dava a beijar a todos os que o quisessem fazer, levava o verdadeiro sentido da Páscoa.
Depois, a mesa. O cabrito no forno, ou a caldeirada de cabrito à moda de Angola, que a tia Fernanda faz tão bem, de outros tempos vividos, do outro lado do tempo; os folares de carne, com bom presunto e salpicão, os económicos ( bolos secos feitos com aguardente e azeite ), a salada de fruta, o queijo feito lá em casa.
As histórias contadas com humor, histórias da aldeia, e ainda as recorrentes estórias sobre os tempos do Andulo, de Serpa Pinto, de Cabinda e de Luanda, terras por onde o tio Augusto passou e onde deixou um pouco da sua alma pendurada nos imbondeiros da vida.
O brinde com Favaios e as músicas tocadas como gemidos, súplicas, lamentos, saudades, dedilhadas nas cordas das guitarras, de gente que saiu pequena da sua terra lá longe, mais além, mas que não esqueceu de chamar por ela, porque o crescimento, teve a voz e o gesto de pais que partiram mas nunca sairam daquele lugar. " A Queda do Império " do Vitorino, a duas vozes, novas, bonitas, limpas e honestas..." Laranja Luanda, sempre em flor.... "
A Páscoa de antigamente já não é o que era..
Nem eu...
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