Monotonia

O autocarro tem sido aborrecido e silencioso.
O sr. motorista deve estar de férias e foi substituído por outro que me fez mostrar o cartão de livre trânsito, para a aquisição do bilhete e depois escrevinhar por detrás, o número mecanográfico, o serviço e a assinatura. É uma maçada diária, mas a nossa autorização para trabalharmos fora da comarca de residência, permite-nos viajarmos neste percurso, sem que paguemos, o que enfurece os outros ministérios, e do qual eu não tenho nenhuma culpa e só tiro vantagens.
Quanto ao meu lugar no " camarote ", ali, junto da miúda que vai para a escola Profissional e a uns escassos palmos da porta de saída, foi ocupado, foi-me " caçumbulado ", por uma passageira de outras eras e que regressou há poucos dias ao nosso convívio. E como não tinha mais lugar nenhum, ( só viajamos aí uns 10 quando os putos não vão ) resolveu ocupar o meu lugar de sempre.
Pelo olhar que lhe dirigi, fulminante concerteza, desculpou-se, prontificando-se para mo ceder, o que eu polida e cinicamente fui adiantando que não, que se deixasse estar, e tal e coiso...mas moída, que eu não vou em modas.
Quer sentar-se aqui?!... queria lá sentar-me ao lado duma cusca que já lhe advinhara a intenção...Eu escrevinhando e ela pelo rabo do olho, lendo em segunda mão o que eu ali escrevesse...não, não quero sentar-me ali.
De forma que ando aborrecida com esta monotonia que os putos com a ausência e o gozo de férias da Páscoa, causam.
Voltem criaturas pequeninas, a caminho de adultos diferentes destes que diariamente vão no autocarro. Até tenho saudades das asneiras que fervem e que às vezes se não fosse cá por coisas, também eu as diria.
Aka! Xiça!...