Me convidei, me convidaram, nos convidamos para jantar. Ali ao pé do castelo. Até sair de casa tudo estava calmo. Até eu própria...Depois percebi que fora má idéia. Não tinha fome. Não tinham fome. E o temporal devia ter impedido a saída do aconchego do lar onde ficou a Pitanga, olhando a televisão e abrindo as gavetas da cómoda do corredor no velho fetiche de espalhar os meus pijamas de verão, talvez na esperança de um desfile de moda...decadente como são os meus pijamas. O Alfredo ia estragando a nossa noite com a sua má disposição quando aparecemos a bater as nove, tendo o sr. Vítor com a sua fantástica simpatia e paciência de patrão, salvo o meu jantar das quartas-feiras. Torres Novas não tem mar, mas rio. As ondas de dez metros não chegarão cá, o vento esse parece querer partir-me os estores, entrar-me pela casa dentro e destruir o que sobrou desta casa grande demais para duas gatas pingadas. Já pouca coisa me comove. Por isso e apesar do tempo se queixar tanto e se vingar furiosamente na minha rica casinha, vou dormir. Espero não sonhar que me tiraram um parafuso de um dente, parafuso que não existe realmente, e que os meus óculos se partiram em mil bocados, como sonhei a noite passada. Espero sonhar com gente boa, se acaso tiver de sonhar num sonho de sono de justos. Quando era miúda e estava a trovejar, aquelas trovoadas africanas que me faziam tapar a cabeça com os lençóis e rezar para santa bárbara como sô santos ensinou, eu só queria dormir para não ter mais medo. Boa noite para vocês também.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
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