É domingo. Estou em torres novas. Vou almoçar a casa da caçula. Espero o mano Zé que vem com o seu olho clínico, perceber o que aconteceu à minha máquina de lavar que está a deitar água. A Pitanga está feliz porque não deixei de lhe fazer companhia desde sexta-feira à noite.
Decididamente não fui feita para estar mergulhada no lar um fim de semana inteirinho. Fico triste. Fico burra. Fico só. São quatro paredes, vezes não sei quantas quatro. Nem um tanquezinho com peixinhos, nem uma goiabeira para regar, nem uma rosa para colher. Nem folhas para varrer.
Pensamentos mais de um milhão. O passado a atormentar. O presente a questionar e o futuro lá longe.
Há uma coisa boa. Dieta. Muito ananás, anonas, iogurte, pão integral, batido, água, limonada sem açúcar, morangos, sim, morangos, desdenhados por uns porque ainda sabem muito a água, e então?, não deixam de ser morangos.
Asneiras? Nenhumas. Nem da minha boca para fora. Muito menos em pensamento.
Uma entrevista de José Luís Peixoto, o escritor, fez-me chorar de saudade do meu pai. Outra entrevista a Nuno Lobo Antunes fez-me sorrir e lembrar a caçula e eu própria. O senhor conta que uma vez teve uma paciente a quem a vida foi madrasta, desgraças atrás de desgraças, mas que mantinha um sorriso e olhar fantásticos e perguntara-lhe porquê. E a resposta dela foi apenas e só:
Tive uma infância feliz.
Hoje, domingo, de um dia de Fevereiro, com o carnaval aí à porta, o sol a bater na vidraça, prestes a sair para ir comer uma massa qualquer que a caçula está a preparar para nós, eu sorrio olhando para lá da vidraça e confirmo que:
Tive uma infância feliz!
1 comentário:
Minha amiga:
Muitos parabéns pelos textos que tenho lido aqui.
Gosto bastante.
Bjo
A.L.
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