Vou falar baixinho para que ela não oiça.
A Pitanga, acho, está apaixonada.
A sério.
Sei como isso é. E é.
Com gente, com gatos, é tudo a mesma coisa.
Estive o fim de semana em casa. E a Pitanga pouco interessada em me seguir pela casa como sempre faz. E de se deitar ao meu lado quer no sofá quer na cama.
Brincar com os seus brinquedos, nem pensar. E comer, que o coma eu.
Estes sintomas próprios de uma perturbaçãozita qualquer não me fizeram desconfiar porque eu às vezes sou bem lerda e nem mesmo passando-me com a mão à frente do nariz num daaaaaaaah ridículo, eu lá vou; apenas me sinto estúpida, mas nem sei porquê.
Eu bem a vi à minha janela do quarto entre o vidro e o cortinado. Chamei e tornei a chamar. Utilizei todos os tons possíveis de a convencer a vir a mim e nada. Nem tugiu nem mugiu nem miou. E não foi uma nem duas vezes. Desde 6ª feira que a notei muito distante.
Sou mesmo tantam. Até uma gata me engana.
Eu bem a vi à janela numa insistência, que achava eu, era por causa do sol. Mas vi depois uma criatura que na mesma direcção dela mas numa janela da frente a olhava do mesmo jeito.
Não sei se é gato se é gata. Nem me interessa. Aqui somos todos descomplexados e despreconceituosos. O que interessa é que a Pitanga está rendida à outra criatura também siamesa. Bonita. E mais livre, pois passeia-se pela janela que se mantêm aberta. Segura e bela. E pelo andar da carruagem correspondendo à gatice da minha princesa Pitanga.
Temos romance. Como nos velhos tempos. Muito anteriores aos meus. Namorando à janela.
No fundo no fundo ainda hoje acontece. Não direi à janela, mas quantos namoros não existem pela net?
Ora pois então, a minha Pitanga sempre pode bater as pestanas, piscar o olho, miar num olá estás fixe? e perceber de imediato se agrada à criatura que tem à sua frente.
A ver vamos como isto irá correr. Se fosse eu diria que gato escaldado de água quente tem medo mas a Pitanguinha é tão inocente e tão mocinha que não sei se pode com um gato, ou gata, pelo rabo...mas que tem direito a amar tem.
Por isso mesmo se quiser até nem me ralo e não intervenho. Nem quero. Cada macaco no seu galho.
E quanto a este flirt, por enquanto, cada gato à sua janela.
E já gozam...
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