sábado, 5 de fevereiro de 2011

fim feliz

(foto tirada do google )

A paragem do TUT estava ali e eram 8,10 horas. Facilitei.
Porque não poupar mais 1,30€? Já gastei o outro que poupei e até este, num lanche no Limão Verde. Dois chás e torradas que partilhei com a minha colega Ana. Acabadas de chegar do emprego, numa tarde bonita que merecia de nós o desfrute. E assim como assim, na esplanada antiga e tão nossa frequentada, sempre revemos ex-colegas de torres novas, hoje reformados, que é um prazer voltarmos à fala e lembrar tempos de um tribunal antigo e de uma justiça mais justa e transparente.
Até já me passou pela cabeça renunciar ao café da manhã, diário, no sr. Virgílio, lá em Alcanena. Feitas contas, pouparei 240 euros por ano, o equivalente a uma viagem aos Açores, 3 noites, 4 dias, até abril, aproveitando uma promoção. Bem sei que isto não é bem, poupar. É mais escolher e substituir umas coisas por outras, mas eu é isto que sei fazer. Hoje pareço mesquinha, direi até um pouco cínica, mas isto está do pior e é urgente rever a minha matemática calculista, substuindo as minhas contas feitas pelo coração, por estas, mais exactas.
Na verdade, eu fico como cão a roer ferro se tenho de apanhar o TUT.
Não gosto. Vou quase sempre em pé. O trajecto não é justificativo do dinheiro que pago. Cheira a naftalina e há umas miúdas malcriadas que tentam perturbar a viagem aos adultos. Eu fervo em pouca água e mesmo quando não é comigo tenho a incapacidade de me calar. É um defeito meu...
Por essas e mais outras é que mais uma vez disse que não, apesar da hora.
Em frente à escola Superior de Polícia atravessei a rua olhando o horizonte da mesma, na esperança de não ver, ainda, a minha camioneta. Mas ela lá vinha. Corri para a outra rua. Em frente à passadeira, parei, mesmo a tempo do sr. margarido fazer a curva e parar em frente a mim. Aquela bizarma branca, o sorriso do homem e o seu gesto para que passasse quase me fez corar. Pior do que as chamadas que fazia num átrio cheio de intervenientes nos julgamentos, com mil olhos pregados em mim e nos meus movimentos, num tempo em que fazia diligências, em torres novas.
Passei. E continuei apressadamente. Não que sentisse correr riscos de ficar em terra. O sr. margarido não me faria tal desfeita. Também sabia por contas feitas que chegaria às 8,20 mais ela menos ela. Hora de partir da garagem.
Entrei. E rejubilei.
E apeteceu-me agarrar no rosto do sr. margarido e espetar-lhe dois beijos repenicados nas suas bochechas gordas.
- Passa sempre em frente ao hospital?
- Passo.
- Então se quiser, espere lá que eu trago-a. Escusa de vir a pé até aqui.
- Como é que eu vou saber que ainda não passou?
- Nunca passo antes das oito e um quarto.
- Muito obrigada. Vou aproveitar.
Isto aconteceu 5ª feira. Ontem cheguei a tempo de esperar dois minutos até entrar na paragem que não pertence à minha viagem mas que me facilita a vida de uma forma que nem passa pela cabeça do sr. margarido. Facilita-me a mim e à minha hérnia.
Tinha feito uma contas de cabeça e bastavam 300 segundos a menos para eu sair de casa nas calmas e apanhar o autocarro onde bem me apetecesse.
Estamos em maré de poupança e acho que me vou pôr bem nisso. Se fôr capaz.
Do que sou capaz mesmo é de agradecer ao sr. margarido.
Ainda há gente boa. E eu conheço-os.

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