terça-feira, 30 de novembro de 2010
será que fui banida?
Tenho que guardar as lágrimas para algo mais sentido. E depois não encontro os cantos para chorar neles...
Estou a sentir-me uma vítima. Perseguida, destratada, desrespeitada, ignorada.
Desactivada.
Deixei de existir no facebook. Não sou nada. Ninguém. Perdi as fotografias, os poemas, os comentários, os amigos. Perdi-me de mim.
E agora?! A pergunta que se me impôe.
Agora estou no mato sem cachorro eu que nem sou caçadora.
Mas uma criatura habitua-se ao chat. Aos comentários. Às leituras de uns e de outros. Aos vídeos e às novidades. É uma quadrilhice pegada mas eu até que gosto.
Tenho a mania que ninguém me faz mal. Levo com chamadas anónimas mas encolho os ombros.
Metem-se comigo no chat e dizem disparates e ainda assim eu não os bloqueio. Penso só que há pessoas tristes, muito tristes e poucochinhas e não ligo. A culpada sou eu que confirmo quase todos os pedidos de amizade, apenas dois foram recusados porque conhecia as pessoas e não as queria minhas amigas de forma alguma.
Mas ser assim atirada às ortigas, é que não esperava.
Dizem-me que me bloquearam. Mas afinal pode lá ser? Quem tem esse poder?
E será que não vou recuperar a minha conta?
Será que vou ter de começar de novo?
Até no facebook? Aka, xiça, penico, chapéu de coco.
Não há pessoa que aguente tantos recomeços.
Hoje sinto-me vítima e abandonada pela informática, e tenho pena mas não posso chorar, mas que me apetece, apetece.
Já agora meus amigos do facebook, perdoem-me mas não sei quando voltarei ao contacto. Ou se alguma vez voltarei.
Será que fui banida? Sukuama!...
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
o gosto ao dedo
E com cómodas e pechichés com frascos de perfume.
Nomes como Marlene, Tabu, ou Chanel, aprendi-os de pequenina.
Lembro-me dos frascos enormes nas drogarias, para venda avulsa desses perfumes.
Quando comecei a trabalhar, com o meu primeiro ordenado de professora no Colégio Nossa Senhora de Fátima, gastei 505 escudos de 4 contos que ganhava para ir à perfumaria Romy, na Baixa de Luanda comprar um frasco de Madame Rochas. Soube mais tarde que era o perfume das hospedeiras.
Já usei muitos perfumes. Dos ocasionais, por oferta, o que é um risco, porque se não gostar não uso, e outros que se tornaram o " meu " perfume.
Gosto de cheiros fortes, doces ou amadeirados. Não vou com cheiros florais.
Gosto de entrar numa perfumaria, adoro perfumarias, e ter uma funcionária a dizer-me: Tenho aqui um perfume que é a sua cara.
Não sei se é marketing, mas a última vez que alguém mo disse, acertou em cheio. É efectivamente o perfume da minha vida. Como o filme, a música...
No sábado entrei na Douglas disposta a comprar uma marca que nunca usara. Por sugestão delas e aprovação minha. Perguntaram-me pelos perfumes usados. Quando disse Narciso Rodriguez, a menina sorriu que até os olhos se lhes brilharam: Esse perfume é uma coisa!...Esse sim, é um perfume de classe...Saí da loja sem comprar. Ando confusa. Os perfumes lembram pessoas. As pessoas lembram épocas. Como as músicas. Narciso Rodriguez lembra muito. Tanto que é melhor esquecer. Terei que gerir estas lembranças se quero voltar a usá-lo. Não porque me faça mal, não. Pelo contrário. Acrescento que quando voltei a Luanda depois de uma ausência de 33 anos, usava esse perfume.
Gosto de frascos de perfume. De miniaturas. Gosto sobretudo de frascos como este aqui da fotografia. Lembra-me velhos tempos em que eram as nossas mães que usavam perfume e nós proibidíssimas de mexermos nos pulverizadores mágicos.
O que me fez comprar este frasco foi o pulverizador. Para além de ter um cheirinho agradável, enquanto não me decido pelo narciso rodriguez, poison midnight ou um novo que nunca tenha usado. Adoro pulverizadores de perfume.
E neste intervalo que faço aos perfumes que conheço, vou pulverizar-me com este novo perfume que não será o perfume da minha vida, mas tem um cheirinho bom, que dá para todos os dias, tem um frasco bonitinho e um pulverizador. Vou fazer o gosto aos dedo...
obrigada
Não sei o que aconteceu. Eu recebo no hotmail. Como sempre.
Do transtorno que pode estar a causar a essas pessoas, peço imensa desculpa.
Não abram por favor. Aquilo só interessa a mim. E é até chato, porque são agradecimentos por os ter incluido na minha árvore. E até convencimentos, assim do tipo, eu sabia que não te esquecias de mim, ou, é claro que eu tinha que estar nessa árvore.
Amigas de infância são bué convencidas...
A sério, não sei o que fazer. Se calhar fui eu que provoquei isto.
A minha amiga Cila digitalizou-me uma foto do aniversário do meu filho que postei aqui no seu dia de aniversário tendo-ma mandado para o meu gmail.
Não sei se fiz algum procedimento que tenha desencadeado esta " prosmicuidade " toda.
Se alguém perceber e puder ajudar, agradeço. Para o bem de todos. Porque o vosso endereço está a ser cheio com agradecimentos a mim destinados, que não vos interessam nada e só vos causam transtorno.
Obrigada.
homessa...
E comigo e uma colega, acho. Porque francamente não sei a quem estou mais a provocar dano.
É que ontem recebi uma árvore de Natal giríssima. Eu, aqui a je, era uma das bolas da árvore da minha amiga de infância, Mena Lima.
Gostei tanto que quis para mim também. Para colocar os meus amigos ( alguns ) numa árvore de Natal, de carinho. Só para saberem que me lembro deles.
Pois é. Tudo jóia.
Ao fim do dia, no facebook alguns amigos agradeceram, mas nem precisavam e até me surpreenderam e acabaram por fazer lembrar que havia gente que não tinha agradecido.
Hoje a minha colega Cila, também ela amiga do facebook abriu o seu gmail e descobriu que os agradecimentos dos meus amigos virtuais e não só, do facebook, que transformei em bolinhas da minha árvore de natal estavam a cair no correio electrónico dela.
Porquê? Há coisas que eu não percebo. Chego lá por intuição. Ninguém ou quase ninguém me ensina. Não estão para aí virados ou também não sabem.
Mas que é chatíssimo é.
1º - O meu correio é privado e não devia cair senão no meu endereço.
2º- A minha colega e amiga Cila não tem de levar com o meu correio.
3º- Os amigos que me agradeceram não têm de ser conhecidos da minha colega.
Resumindo, concluindo e criticando:
Que diabo se passa com a informática? Está tudo doido? Que rebaldaria vem a ser esta?
Afinal, não há privacidade?!
Homessa?!...
descoberta (?)
" O cérebro das mulheres é mais activo que o dos homens" .
E eu que estava a ouvir pensei: Que avaria. Grande descoberta! Só quem não lida com eles não percebeu ainda essa realidade.
Quem é que de nós, mulher, não esteve a falar com um homem animadamente ( activamente ) e ele, o próprio do macho, a olhar para nós como se fôssemos uma parede?! Parados...
Diria mais, pasmados.
É isso, eu acho que os homens pasmam demasiadas vezes para desespero das mulheres.
É caso para dizer que se o mundo fosse apenas masculino era uma pasmaceira...
o peso da intenção
domingo, 28 de novembro de 2010
preferência
se eu quiser
Olho para lá da janela e vejo o fumo da lenha saindo das chaminés, feito labaredas aquecendo a alma de pessoas que descansam e se aquecem das canseiras e do frio deste domingo de Outono.
Do rinque, o som da bola batendo e os gritos efusivos de um golo marcado pela equipa caseira num jogo feito futebol de salão que o campo não dá para mais.
No horizonte limitado que a minha janela me dá, o monte que delimita Lisboa das terras vizinhas surge verde seco, acastanhado. Não pensem que é um monte a perder de vista. Não. Está aqui à mão de semear que é como quem diz, a poucos metros, trezentos, quinhentos? Um pouco mais, um pouco menos...não sou boa nestas medições que me moíam a cabeça no colégio da Menina Piedade, D. Zita e D. Dina, minhas professoras, que emitava quando brincava com a Fatinha e a Ana, de professoras, de régua em punho, batendo reguadas nas galinhas da capoeira, as nossas alunas mais burras.
Para lá do monte ficam os bairros periféricos. Alto do Lumiar, Lumiar...que outros como as Galinheiras nem quero lembrar o nome, que costuma ser de vez em quando notícia dos telejornais por motivos menos bons. Embora lá viva gente boa.
Neste frio que corta, estou eu enroladinha no meu pijama, descalça e aconchegada na manta de sempre quando outra vai a lavar. Computador no colo, um filme na televisão que não vejo mas oiço, bebendo chá que não é de gengibre e mel mas daqueles que a caixa diz - barriga lisa - numa doce esperança que os doces, que acompanho o chá feitos bolos secos com recheio de chocolate não fujam para a barriga acumulando pneus que não preciso, mas que vão direitinhos para o meu coração.
Oiço repetidamente, assim numa esquizofrenia doce também, uma música que descobri ontem, postada num blog que acompanho sempre, música da qual me apaixonei numa paixão à primeira vista, que não partilho, me desculpem, mas mesmo que me torturem, não conto, porque amor à primeira vista tem que ser bem guardado, assim, no segredos dos deuses. Os segredos que não guardo, que me perdoem também.
Em suma, o domingo está quase no fim e eu para aqui num abandono como se fosse sexta-feira à noite...e o tarrafal à minha espera. E a Pitanga também. Já adiei das sete para as oito e meia, a minha viagem e ainda posso passá-la para as dez e meia. Mas não. Terça-feira já cá estou de novo para uns diazitos que quero mais agitados que este, porque isto é giro mas para se fazer uma vez de vez em quando, que eu não sou pessoa para tanta parança e pasmaceira.
Até me pergunto a medo se este gosto de ficar domingando como hoje fiquei, esticando a preguiça para o computador não será efeito daquilo a que chamam P.D.I. e que eu não gosto nada do termo, primeiro porque acho que a idade não é uma puta, mas sim sábia e depois porque me espartilha numa coisa de tudo ser mau e eu não quero acreditar nisso, porque há-de ter alguma coisa boa.
Bem, o que sei é que sozinha neste momento domingueiro nada me faltou nem me fez falta, o que prova que tudo está na mente e basta eu querer. E se eu quiser, até nem me ralo.
na prisão da liberdade
p'ra ganhar

impossibilidade

sábado, 27 de novembro de 2010
o dia é teu...e tu és meu filho
parabéns príncipe

Primeira falta. Alegria. Semente dentro de mim. Crescendo. Sabia-te menino.
E lembras-me Outono. Mês de Novembro. Tempo terminado e tu sem nasceres.
Lembras-me sala de partos. Helena Lage.
Lembras-me prazer de te saber um rapaz. A roupinha preparada. Alívio. Afinal, mais uma vez fora capaz de dar à luz. Lembras-me peso. Grande e pesado. 4,900Kgs. 53 cms.
Calorzinho vindo de ti. Bebé chorão. O fato que a tua irmã vestira ao nascer. Fiz questão.
Cheiro de bebé limpinho. A talco e creme.
Lembras-me abraços e beijos.
Lembras-me que ser mãe é a coisa melhor do Mundo.
Que desde então sou ainda mais feliz do que era.
Obrigada meu príncipe, por Deus te ter escolhido para seres a meu filho.
E muitos parabéns. E tudo, mas tudo de bom na vida que vais viver e que quero longa e feliz.
Hoje dou-te um abraço maior do que o Universo.
Daqueles que não caibam em todas as eternidades que possam existir.
De nós até ao infinito dos infinitos...
Louro cantando "Parabéns pra Você"
Um abraço do tamanho do olhar de Deus.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
sumarentas
Rita Pereira nos Emmys
lembranças para sempre

O primeiro bolo que fiz foi a meias, numa parceria com a Fatinha Garnacho, minha amiga desde os 4 anos e até hoje e vizinha de muitos anos. Eu 12 anos, ela um pouquito mais.
Era domingo. Depois do almoço resolvemos experimentar uma receita que vinha na Crónica Feminina, eu acho. Ou seria a Plateia? Já não sei bem. Sei que se chamava Bolo de Prata.
Com claras de ovo. E se correu bem...Ficou óptimo. De comer e chorar por mais.
Depois de o desenformarmos fomos brincar de caxexe, para o passeio que ficava à frente da Ourivesaria Sousa. Ao portão estava a Molombosa, a Teresa, a única miúda graúda, mais velha, já com chuchinhas, a quem dei um bofetão que me soube pela vida, que até fiquei consoladíssima de lho dar, porque estava a merecê-las que eu nunca gostei que se metessem comigo cobardemente, a olhar para o chão e a tramarem-me. A Teresa estava ao portão porque não a deixavam brincar connosco nem com outros. A nós também não, mas quem disse que obedeciamos? Sô Santo se me apanhasse na rua ao domingo horas esquecidas ajustava as contas no cavalo marinho, mas eu não me importava. Podia calhar, mas também podia não calhar e a brincadeira ninguém ma tirava e era tão cuiosa...
Sô Rocha, também coçava as carraças na mana Fatinha se a apanhasse, pé descalço, correndo avenida fora, dando berrida nos mais novos, mas passava muito tempo em viagem para o mato nas colunas militares e a minha kamba de criança, ali porta com porta, amiga das brincadeiras, podia exagerar à vontade naquele domingo. Já eu...acabando o relato do Benfica tinha que esquecer a rua e voltar para casa. Acho que é por isso que não gosto dos domingos no lusco-fusco e pela noite fora. Deu-me sempre uma tristeza...
O mano Zé veio a correr chamar-nos - Euê, o pai vai-te dar, está farto de ralhar.
E levei mesmo. Nunca me esqueci que no dia que fiz o meu primeiro bolo, que ficou tão bonito, de prata, levei uma surra. Acho que sei todas as que levei. Não foram muitas mas foram sofridas. Não percebia porque é que sô santo ficava zangado comigo para me castigar assim. Ficava ofendida, mais do que dorida. Se o avô Carvalho estivesse...mas estava para Sul. Moçâmedes, Porto Alexandre...só vinha no Natal.
Eu era desobediente e mal criada. Respondona, sempre. Com a mãe então...
Este é o bolo dos dias de festa. Bolo de Ouro. Não de Prata, como o outro.
Cinco ovos, 250g de vaqueiro, 250 g de farinha, 250 g ( um pouco menos ) de açúcar, uma colher de sobremesa de fermento e raspa de limão. Para o recheio, farinha custarda como ensina na embalagem. E pêssego em calda para enfeitar.
Este é o bolo que me faz lembrar a minha mãe, hoje.
Bonito e saboroso. A fazer crescer água na boca.
Lembrança de momentos felizes. Passado. Luanda. Criança. Família. Amigos.
Colo, beijos, mimo, abraços.
D. Celeste, a mulher mais linda da minha vida. As mãos mais bonitas, o olhar mais meigo, o jeitinho mais tímido...
A pessoa mais sofrida, pacífica, calma e resignada que conheci.
Filha do avô Carvalho.
Mãe da caçula. Mãe do mano Zé. Mulher do sô Santo.
Avó da Ângela e do David.
A minha placenta. O meu colo. Meu porto seguro.
Minha Mãe!
saturação
o teu dia

Porque partiste tão cedo?
Tenho tantas saudades tuas!
Sempre gostàmos de comemorações. Não era por vivermos com dificuldades que iriamos passar em branco este dia. O único bolo cuja receita sei de cor, tem 250 gramas de açúcar, de farinha, de manteiga e era precido pesar os ingredientes.
Descia as escadas a fim de pesar na balança da loja do pai os ingredientes para a feitura do bolo de aniversário. Numa mão o pacote do açúcar, na outra o da farinha. Apesar do frio calçava umas socas com salto grosso de madeira de andar em casa.
E sem saber como nem porquê, fiquei com a guerra na boca e a galgar os degraus duma assentada até me estatelar no chão acimentado do patamar antes da entrada para a loja. Acho que perdi os sentidos pela primeira e única vez na minha vida. Perdi a noção de mim e do local onde me encontrava. E pior, fiquei cheia de açúcar dos cabelos até aos pés.
Foi feia a queda e também pela 1ª vez não me ri de mim própria, naquela altura.
E tudo por um bolo cuja receita a única que sei de cor e que trouxe comigo na viagem de Luanda para Portugal.
Feri-me nos joelhos, nos cotovelos e nos braços mas o bolo fi-lo na mesma.
E tu fizeste anos. Tão poucos, mãe! Apenas 41 anos.
Hoje...está uma eternidade entre nós.
Já não faço bolos de aniversário, nem canto cantigas de Abril...
Continuo a cair e a levantar-me.
E nunca me esqueço que hoje é o dia em que nasceste. já lá vão neste ano 75 anos.
Costumo falar contigo à noite, olhando as estrelas na esperança que uma delas te pertença e me dê a Luz que me guie nos passos que dou.
Hoje queria de ti um sinal. Como o do ano passado...
E que me dissesse que recebes este abraço grande, tão grande que não cabe no tempo. De um amor sem tamanho, minha mãe ...
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
intervalo de tempo

aspiração
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
para hoje e sempre

porque esperarmos
que outros venham consolar?
para quê querer uma ilusão
para apagar uma mentira?
o choro cansou o mundo
e a nós mesmos já causa tédio
e quando julgamos que o riso é choro
ele é riso simplesmente
porque já nem sabemos lamentar
mas olha à tua volta
abre bem os olhos
- vês?
aí está o mundo
construamos.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
AGUSTIN LARA - NOCHE DE RONDA
ainda hoje...
Há algum tempo comecei a planear a minha viagem a Luanda. Perguntei no meu local de trabalho se alguém tinha um telemóvel desbloqueado que me pudesse emprestar para levar. Mesmo que não estivesse muito bom. Daqueles só para fazer e receber chamadas. Como o meu.
Fi-lo por descarga de consciência, sabendo que as pessoas normais só têm um telemóvel e quando têm mais, precisam deles.
Ninguém tinha. Esqueci.
Posteriormente soube que afinal existe um telemóvel a mais em Luanda para eu utilizar à semelhança dos outros anos e nem seria necessário uma compra na China conforme eu sugerira à minha amiga.
Cheguei ao tribunal. E do nada apareceu na minha secretária um telemóvel e um carregador, pelas mãos de um colega.
Deste colega, como aliás de todos os outros, a única coisa que quero para trabalhar em paz e conviver pacificamente nas horas que ali passamos juntos, é respeito. O que vier por bem é ganho, mas nunca conto com o ovo no dito da galinha.
Fiquei estupefacta. Lá isso fiquei. Há atitudes que nos deixam contentes e surpreendidas. E esta foi mesmo uma delas.
Novamente me caiu tudo para o chão. Novamente pensei que afinal há surpresas tão surpreendentes que nos deixam a pensar.
Afinal de onde elas não se esperam ( ou esperam? se calhar ... ) é que elas surgem.
Afinal no local de trabalho existem pessoas com gestos de amizade surpreendentes.
Afinal até podemos ser uma família. Que era o que se dizia que os tribunais eram num antigamente de que tenho memória mas que os de hoje nunca viveram.
aconteceu hoje
Oito horas.Chovia.
Decidi logo ali ao dobrar da esquina que iria de TUT. Já não tenho idade para chuvas, espirros, lenços de papel ranhosos, pastilhas de mentol, securas e arrepios de febre. Posso não me recompôr. O ano passado estava a ver que não.
O que me custa mais é dar 1,30 € pelo bilhete. Não sou foca, nem lá perto, sou capaz de dar isso ou mais a quem me esticar a mão e disser que quer comer, mesmo desconfiando que não o fará, mas fico com a minha consciência aliviadinha. Para o TUT é que me custa engolir. Mas hoje estava a chover. E por isso tive que abrir os cordões à bolsa, muito contrariadinha.
Só que o TUT chegou atrasado. Enquanto esperava ia arrependendo-me à medida que via os minutos passarem. E como não me perdoo das asneiras que faço, mentalmente rezava numa reza de velha, ronhonhós do tipo, p´ra que é que te metes a besta?! ou, Ias a pé e já lá estavas, sua pindérica...quando o desejado TUT me parou aos pés.
O motorista era um meu conhecido de outras viagens no meu autocarro de todos os dias. Às 8,18 horas ainda não chegara à minha paragem. Olhei o relógio e fiz concerteza uma careta, boa que sou nessas manifestações faciais. Testa franzida, lábios esticados e juntos, tipo cu de galinha e acompanhadas de um suspiro fundo e sonoro. Não faço por mal. Acontece. Fui buscar isto a um qualquer antepassado mal disposto, que há-de ter havido muitos na minha família transmontana que eles não são para brincadeiras.
O motorista olhou-me pelo espelho retrovisor e sorrindo disse-me, a mim que ia logo ali quase que ao seu colo, tal ia o mini-autocarro ( vai sempre sardinha enlatada ):
Não se preocupe. Vai apanhar o seu autocarro porque já telefonei ao meu colega para esperar por si.
Caiu-me tudo. Desfiz a cara feia, sorri-lhe e agradeci grata.
Fiquei a pensar nisto. Fui invadida de uma sensação boa de paz. De lar.
Afinal, ainda vale a pena ser eu.
Afinal ainda vale a pena viver numa cidade como torres novas.
Afinal sou injusta quando lhe chamo tarrafal...
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
só tu e eu
Descansar. Num intervalo...
Deitar o olhar no verde azulado das águas e deixar percorrer na corrente o sonho presente.
Esperar. Que o rio chegue ao mar. Todos os rios de todas as margens.
Ele, o mar me espera também, que eu sei.
E quando finalmente o encontro se der, jesus maria...
Nem sonho, nem céu, nem sol, nem sombra, nem luz, só eu e tu...
os docinhos de amor
O vendedor simpático, não só deu a provar os docinhos do amor como arredondou a conta para o meu lado .
Como gosto que façam isso...como que para a es' quebra.
Os bolos são deliciosos. De uns e de outros. A massa parece pão-de-ló. Por cima um glacé a fazer lembrar as coberturas dos bolos de noiva que a minha querida Arminda fazia para fora, nos anos 70. Feito de açúcar em pó, sumo de limão e claras em castelo.
Prometi voltar. E comprar de novo.
a paixão perigando
Que lindo!
E que perigoso...
Parabéns criatura apaixonada...por uma joana que está de parabéns também.
O amor é lindo mesmo quando fazendo equilibrismo na corda bamba...
Eu quero...
Com um senão.
Venho com o corpinho cheio de boa vai ela do fim de semana inesperado e diferente.
Nortenho.
Há-de dar para levar esta segunda-feira com calma e boa disposição.
Afinal é mais um dia para viver o melhor que conseguir. E eu quero...
No cruzeiro douro acima
O rio é bonito e grande. E as suas margens são o que há de mais rico e belo. A sério. Gostei bastante do cruzeiro. Uma hora apenas, mais coisa menos coisa. É o chamado cruzeiro das seis pontes. Até à foz.
Fotos mais que muitas.
O barco cheio de turistas.
O tempo ameno, sem vento nem frio. Nem chuva.
passeio de barco
Nunca aceitei muito bem este estudo tão pormenorizado acerca de todos os rios e afluentes. Sobretudo porque os rios de Angola ficavam no esquecimento dos professores.
Mas agora, dei por bem entregue esse estudo. É que hoje, entrei pelo rio Douro acima e pude tratá-lo por tu que é como eu gosto de tratar quem eu conheço, nem que seja dos bancos da primária.
domingo, 21 de novembro de 2010
castanhas quentinhas...
o que terá sido?
por um fim de semana?
Ficou no cabide à espera de melhores dias.
Ou d'um adepto.
Sosseguem-se os espíritos benfiquistas que eu não me vendo por um fim de semana. Nem dois, nem três, nem quatro, nem cinco...
Não vi à venda nenhuma camisola encarnada. Porque será? Então o porto não é uma nação?
muitos parabéns São

Aquele em que nasceste fez hoje alguns anos. Muitos não é? Os suficientes para seres uma mulher mais inteira.
Pela tua coragem, pela mãe coragem que tens sido, pelo teu profissionalismo. Pela amizade que espalhas...
Por ti. Pelos teus irmãos. Pela tua mãe.
Pelas tuas crias. Pelos teus netos.
Pelo papel que desempenhas na sociedade. Pela condição de mulher angolana... os meus Parabéns.
Querida amiga, és um exemplo e ainda por cima és Linda.
Eu te desejo tudo, mas tudo de bom e que repitas este dia por longo tempo.
Hoje espero que tenhas um dia completo. Com prendas e tudo.
Falta pouco para te dar um abraço e beijos e umas risadas que nós gostámos bué de rir e de boas piadas. Me aguarda, então yá?!
sábado, 20 de novembro de 2010
pitanguices

É que eu só oiço e vejo o que faz, se estiver em casa e quando estou acordada. Muito de vez em quando acorda-me devido às suas maluqueiras. Agora a pobre da Augusta que não foi vista nem achada nesta nova habitante do prédio, leva com ela, mesmo de madrugada se tiver o sono leve.
E porquê?! Eu digo. Mas não me orgulha nada este procedimento.
D. Pitanga tem brinquedos. Ah pois é! Tem mesmo. Bolas várias. Pequeninas e grandes. Adora brincar, mas enfada-se rapidamente. E porquê? Porque as bolas que lhe oferecemos ( eu e a filha ) são silenciosas. Já as bolas de natal...Como ela gosta de bolas de enfeitar a árvore de natal!
Bem estridentes.
Anda uma bola há séculos na sua posse. Quando tento apanhá-la atira com ela para baixo da cama e eu francamente desisto.
Mas à 1,30 da manhã andar às voltas com uma bola barulhenta é no mínimo odioso. E hoje não é só a Augusta, os filhos e o marido que precisam de dormir, eu preciso muito, que vou acordar mais cedo do que costume.
E dei comigo a falar, a ralhar com a Pitanga, a ameaçá-la com o chinelo e a correr atrás dela e duma bola de natal...como é que pode? Eu maria clara das dores...
De facto não se pode dizer nunca, que desta água não beberei, jamais.
D. Pitanga é siamesa e isso diz tudo. Não que eu seja preconceituosa, mas...
A bola, a bola mal educada, já a apanhei e escondi-a bem escondidinha, mas não prevejo nada de bom se acaso enfeitar a árvore de natal este ano. Depois vos direi se foi ou não, má volta. Agora quero é dormir e vou aproveitar o sono dela que está toda enroladinha aos pés da minha cama. Até parece um anjinho, os anjos que me perdoem.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
curto o skype

Eu que me lembro de aparecerem as salsichas em lata, a margarina Vaqueiro, em lata também.
A sprite. Os rádios a pilhas. Os sacos de plástico. As canetas de ponta de feltro.
A televisão a cores. O telemóvel e o computador ...o skype.
O Skype é amigão e devolve-me a voz e a imagem de gente que amo e está longe.
Que bela invenção!
frases que marcam
A propósito da morte:
É uma puta. Não podemos levá-la muito a sério. Não merece mais do que desprezo.
ou ainda
" Nunca entendi porque é que teimamos em viver em casas de duas assoalhadas com serventia de cozinha e porque é que procuramos as portas nas paredes que sabemos que não têm porta."
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
outono em verão
A janela fechada. A lareira acesa. Labaredas. Caruma. Castanhas e água pé.
O olhar sobre o passado.
A saudade. A espera...
Do outro lado do tempo, a chuva, o calor. O pregão. As buzinas. A tifa. A castanha de cajú. O sábado e o domingo. A praia e o baleizão. O mufete.
O sol e o mar.
Estou com um pé cá e outro lá. Já não tenho estação no calendário, nem cruzes quero fazer arredondando dias e noites. Já não quero agasalho, nem mar para sonhar. Nem montes nem serras. Nem becos sem saída.
O meu espaço por preencher está algures, num recanto belo e puro da minha memória fazendo a passagem sem dor nem arrependimentos. Para o outro lado da vida que quero viver tanto. Numa distância que não a medem por dá cá aquela palha.
Está nos sonhos, sentada nos bancos de pedra desta terra . Está nas ondas do mar que leva os segredos que não gosto de guardar. Está nos apelos. Nas rosas e nos tanques do jardim. Nos peixes vermelhos. Na mulemba.
Está em ti.
É Outono aqui. Eu estou outonando num verão de s. martinho.
Quero-o transformado num Sol permanente e tão luminoso como salgado é o mar que me acolherá, rebatizando-me em rituais felizes e religiosos.
Quero estalar os dedos e em artes de mágica transformar o Outono em Verão.
E vou conseguir. Com a ajuda de Deus.
Copiando o post
Beijos, todos, querida Sónia.
E parabéns. Está brilhante, como sempre.
" Parque das Nações, vésperas da Cimeira da Nato
Há helicópteros no céu.
Há aviões que voam baixinho.
Há polícias por toda a parte. Nervosos. Que sobem. Que descem.
Que proibem a passagem, como se fôssemos perigosos terroristas.
Há zonas para onde deixou de se poder passar.
Há barcos de guerra no rio.
E até botes no pedaço de rio junto ao Oceanário.
Devem andar à procura de bombas. Fechem os rabos, peixes! Fechem bem os rabinhos.
Cheira-me que ainda vai haver mergulhadores dispostos a enfiarem o dedo pelos vossos cus acima, em busca de engenhos explosivos. "
XANDINHA
Ofereço-a a todos. Tratem-na com carinho porque tem mais de...300 anos.
parabéns Teresinha

O tempo passa!
Ela nasceu e foi crescendo ao longo deste ano de vida que foi somando dia após dia. E está linda.
Junto da mãe Aurora. Principalmente, o que é uma graça de Deus e um esforço grande de quem acreditou que esta menina podia crescer rodeada de amor maternal e não só.
Hoje não é só a Teresinha que está de parabéns. A Aurora também.
E a Manuela. E o Zé Manel. A Joana e o João. A Esmeralda...
Bebé querida, muitos beijinhos de parabéns e um xi muito, muito forte. Do tamanho dos sonhos de todo os meninos deste Mundo.
o meu desconhecido
Há quem tenha um sogro. Uma dívida. Um clube perdedor.
Há quem tenha um partido na oposição. Uma colega invejosa.
Há quem tenha sarna. Um patrão tirano. Ou o mundo às costas.
Há quem tenha até uma cruz...
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
ainda o sanzala

Não quero pensar em segundas intenções.
Dizia assim o tal e-mail.
" Tens ido ao sanzala? Depois de tanto tempo ainda tentam mexer contigo. A malta do sanzala não mereceu que fosses lá comentar tantas vezes sobre Luanda e o presente, são uns saudosistas, racistas e frustrados."
Fiquei intrigada. Que raio!...Pois se eu me despedi do Sanzalangola para sempre, há tanto tempo, quase um ano, como é que se me dirigem ainda hoje?
Mais adiante o mail dizia em que foto tinha sido " ofendida ".
Eu até julgava que tinham apagado os comentários para sempre.
Como sou curiosa fui lá ver se valia a pena ser destratada, até porque nem sempre fui justa, nem sempre fui simpática, nem sempre disse aquilo que as pessoas, quase todas, que ali vão, querem ler.
Afinal, não havia necessidade!
Depois de um comentário meu feito no início do ano alguém mascarado de " angola sempre " escreveu:
D. Clara, deixe-se de hipocrisias.
Claro que não respondi. Longe vai o tempo em que o fazia como se estivesse ressabiada.
Fui ao sanzalangola dizer que nunca mais escreveria ali e fi-lo depois de terem apagado todos os comentários existentes nas fotos que estão na galeria. E nunca mais lá fui.
Não sei porque ao fim de tantos meses, ainda causo esse incómodo que faz as pessoas deixarem comentários destes.
O que sei é que ainda há gente que vai ler o que lá se escreveu e escreve.
E sei também que esta criatura poderia estar certa se me tivesse brindado com outros defeitos mas, hipócrita, não. Se há defeito que eu não tenho, esse é um deles. Dou-me mal precisamente porque nem tenho duas caras nem duas palavras nem finjo o que não sinto.
Mas pronto, talvez esta criatura tenha a ver com a outra, aquela que me fez tantas chamadas anónimas e por isso ande assustada com a ideía de vir a sentar o rabinho no banco dos réus.
Eh pá não há pachorra para estas tretas.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
vou pela TAP

mano Zé, parabéns!

O avô estava sentado no patim da casa. Da frente da casa. Comigo ao colo.
As folhas das mulembas não buliam. Em frente à casa tudo estava sereno.
Nessa noite escura de uma avenida mal iluminada e encerrando no cansaço de um dia de semana, eu estava impedida de entrar em casa. Não percebia porquê. Tinha quatro aninhos e escapavam-se-me os pormenores, mas sabia o essencial. A mãe estava a ter um bebé. Fora o avô que mo dissera ao ouvido ao mesmo tempo que me prevenira para me portar bem e não chorar. O pai estava com a mãe e com a parteira, D. Apolónia, a mesma que me fizera nascer, bem como a que fizera nascer a caçula nove anos depois de ti. Os três fechados no quarto.
Eu era chorona. Mimada e queria " a minha mãe " e o avô que comigo tinha toda a paciência do mundo naquele dia não estava pelos ajustes. Devia estar nervoso.
Lembro-me duma noite longa, longa, e para final muito agitada e descontrolada.
Mais tarde soube que tinhas nascido mas que não tinha corrido bem. Tinhas quatro quilos e tal e o trabalho da parteira Apolónia fora dificultado por isso. Ao nasceres fraturaste um dos braços. A vida toda ouvi o pai dizer que a parteira te partira o braço em três.
Lembro-me que passados uns dias vi chegar um carro à porta de casa. daqueles desse tempo. Um espadalhão cor de café com leite. Dele sairam o pai, a mãe e tu, ao colo do pai. Tinhas o braço engessado.
Passaram 51 anos desse dia que não é mais do que o dia de hoje, volvidos que foram todos estes anos.
Foste um filho amado. Um irmão mal aproveitado, mas disso não tens culpa. A culpa é minha.
És um pai extremoso e um marido amigo. Um cidadão que cumpre. Tens como a nossa família tem, esta coisa da família, respirando por todos os poros. És o meu mano Zé.
Vou dizer mais o quê então?
Se estivesse nas minhas mãos, hoje dar-te-ia o presente maior de todos. O mais sonhado, aquele que te fará mais feliz e que mudará para sempre a tua vida. Sou uma tesa e não posso fazer-te essa oferta, mas um dia...aiuê meu irmão, um dia vamos estar juntos na terra de todas as terras, naquela que te deu o primeiro sopro de vida, te ouviu o primeiro choro chorado e te acompanhou nas caminhadas durante alguns anos. Como está quase a chegar o dia para fazer a passagem para esse mundo de amor que ambos conhecemos tão bem, prometo-te que pelo menos um maboque, quitaba e paracuca eu vou arranjar espaço para te trazer yá?
Mano Zé, muitos parabéns. Vive este dia tão teu, com alegria. Acompanhado pelas tuas pessoas.
Muito obrigada por tudo o que tens feito por mim.
Beijos, todos. Abraços, daqueles maiores do que o Universo.
Sê feliz.