Hoje é dia 9 de Maio. E é domingo. Dia de Descanso e de Paz. Assinalado. Deus marcou-mo para sempre. Depois, procurou alguém que tivesse nascido neste dia. E trouxe-me, para que me marcasse a vida e me ajudasse no destino. E aliviasse a carga negativa que este dia tem no meu espírito. Perda de mãe...
Ganhei uma amiga...
E uma amiga que se tornou num ser imprescindível. A minha amiga Manuela...
Quando eu defendia que amigos verdadeiros ou se fazem na infância ou na adolescência, ou nunca mais se fazem, Ele, provou-me que as minhas teorias eram absurdas e ignorantes e tenho de morder na língua antes de proferir blasfémias.
A Manuela é só a pessoa mais íntima que tenho, nesta terra de Cristo onde vivo de segunda a sexta.
Perguntar-me-ão, porque não a trato por tu. Eu trato-a por tu mas não na escrita ou verbalmente. Eu trato-a por tu no coração. Ela ainda não fez 50 anos. Faz hoje 49. Se calhar por isso, quando nos conhecemos me tratava por você e foi ficando até hoje. Não é um bloqueio.
A Manuela conhece-me e vira-me do avesso como poucas pessoas e eu deixo. Conhece a minha vida, sabe o que sofro, o que me faz feliz, o que anseio, o que amo, quem amo, o que ambiciono, o que temo...conhece-me os defeitos, as más atitudes, as fraquezas, as raivas, os ódios, as angústias, os medos, as fragilidades. Conhece-me os passos quase todos. Os vôos...
A Manuela é diferente de mim mas convergimos na essência.
Sou-lhe muito grata, porque não é fácil " levar " com uma criatura partida em mil pedaços e pacientemente, generosamente, apanhá-los e colá-los aos poucos, muitas vezes contra a minha vontade.
Sou-lhe muito agradecida porque em três anos ajudou a que eu fosse uma nova pessoa, sem sofrimentos nem angústias. Devo-lhe isso. Diariamente me repetia conceitos, idéias, fórmulas, caminhos para seguir, de forma a que tudo fosse mais simples e fácil e eu aos poucos fui acreditando. Quando não acreditava em mim, ela acreditou, e dizia-me que eu era muitas. Que eu era algo que não era capaz de ver ou sentir.
E para que não comesse mal e não ficasse sozinha, levou-me para a sua casa quase diariamente para passar os serões. E continuar a saber o que é uma família.
E estimulou-me. E fez-me recuperar a confiança e a auto-estima que eu perdera. E quando estava mais rasteirinha que a erva, puxava-me para cima e olhava-me nos olhos. E eu por gratidão acreditava que não a podia desiludir.
Há uma semana, quando eu, até sou hoje, uma pessoa normal como qualquer outra, foi ela que me levou ao Hospital quando percebeu que eu não estava bem nem ficaria melhor com as mezinhas da minha autoria. E enquanto esperei resultados de exames, esteve ali ao meu lado no corredor de acesso aos consultórios, fazendo-me esquecer que estava doente, gracejando como ela o sabe fazer, à passagem de uns e outros que ostensiva e vaidosamente, se passeavam em dia de pouco que fazer no Banco do Hospital. E levou-me à farmácia. E deu-me de jantar e levou-me a casa. Faz este papel de pessoa de família melhor do que muitas vezes as famílias o fazem.
Mas não é só comigo que assim é. E não anda a expiar os seus pecados. É a sua natureza. Não é madre Teresa de Calcutá, longe disso.Quando a conheci achei-a muito simpática e apenas isso. Hoje não é assim que a vejo e ela sabe-o. Tem um mau feitio dos diabos. É uma generala e muito doutora. Adora mandar. Pôr e dispôr. Quando está com os azeites diz muito assumidamente " Eu não sou uma boa pessoa, não sou mesmo..."
Mas é uma óptima pessoa, sim. Com muito mau génio, mas um ser humano de mão cheia. Singular e de excelência. Raro. A copiar, emitando-a. E é inteligente, intuitiva, esperta, perspicaz, corajosa e forte como uma rocha.
E chama-me " coração ", " minha querida " e " maria clara ". E é muitas vezes o meu braço direito, que me aconselha, me estimula, me anima e me faz recuar ao tempo de criança, fazendo-me soltar longas e alegres gargalhadas. E que não permite que eu tenha pena de mim.
E eu gosto muito dela. Tanto que parece que somos irmãs ou que crescemos juntas de pequeninas e não este crescimento de há três anos.
E para além disto tudo, é a dona da " minhas " cerejas... que espero com ansiedade.
Obrigada Manuela por existir na minha vida desta forma complexa e simples, deste jeito amigo e puro. Desta maneira natural de viver ao meu redor.
Hoje, desejo-lhe um bom dia de aniversário. Que o repita por muitos anos nesse jeito bonito de viver.
Que Deus lhe conserve as forças para continuar a ser a matriarca. Eles já não saberiam viver de outro jeito.
Que Deus a ajude a criar o Rafael.
Que seja " doutora ", porque bem o merece.
Que as suas escolhas a façam muito feliz.
Que tenha sempre saúde e que o Amor esteja presente em todos os actos de escolha.
Um abraço do tamanho do olhar de Deus...hoje e sempre.
domingo, 9 de maio de 2010
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2 comentários:
Quem tem amigos assim, só pode ser tb. uma grande amiga
parabens a voces.,. por essa grande consideração
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