Hoje é um dia grande.
A minha mãe de África, de Angola e Cabo Verde faz 75 anos.
A minha querida Arminda, que vive ali na Rua de Moçambique, no bairro do Cruzeiro... mas que viveu anteriormente lado a lado comigo, na avenida do Brasil, quase que em frente às bombas de gasolina da Mobil.
Ali onde tem um verdadeiro infantário com trinta e tal crianças, que gere como ninguém.
Ali onde é a verdadeira matriarca de um clã que depende dela. Rodeada de filhos, noras, genros, netos, gente que não lhe é nada, mas como desde há muitos anos, entra, vai ficando, e se torna família.
A minha querida Arminda é uma heroína que eu amo do coração e teria muito, muito para dizer sobre ela. Muito para lhe agradecer. Muito para recordar.
Estive 32 anos sem a ver, porém falamos ao telefone todos esses anos. Quando regressei a Luanda estive com ela, na sua casa, comendo cachupa, que ela faz como ninguém, e como caboverdiana de gema que é. Os abraços que demos, as lágrimas que chorámos, a saudade que sentimos, a alegria que fica nos seus olhos quando está comigo, tudo me dizem, que somos almas que nos conhecemos doutras vidas e vamos continuar.
Se me dessem a possibilidade de escolher uma segunda mãe, eu não hesitaria e seria ela a minha escolha. Ela tem o olhar da minha mãe quando me olha. Ela dá-me o abraço do tamanho do olhar de Deus. Sim. Ela é a minha mãe negra. A minha mãe de África...
Parabéns minha querida. E até Dezembro, se Deus quiser, para mais um colo, um abraço, um sorriso, um conselho de mulher sábia, de mãe amiga.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
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2 comentários:
Sem o tempero de mãe Arminda mas com gostinho muito sabi pode sempre matar saudades de uma boa cachupa todas as quintas-feiras, no Café do Tony, na Outurela, ao lado do Clube de Jovens. Também por lá há muitas mães Armindas...
que bom ler estas palavras. Este " sabi " foi tão ternurentio que me parece já estar no meio da minha gente caboverdiana ouvindo crioulo. Obrigada pel sugestão. No olival basto, há um restaurante de angolanos que tem sempre cachupa, mas de facto, não há como o tempero da mãe Arminda. As mães Armindas da vida, de todas as terras onde estejamos, são um bem tão precioso que nos enriquece e nos torna pessoas muito mais vulneráveis mas mais privilegiadas também.
Um beijo, são branca.
Tudo de bom.
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